Print this page
Segunda, 26 Mai 2025 23:22

Quem é o culpado da rutura na Frente Patriótica Unida?

A Frente Patriótica Unida desabou na semana passada. A rutura da coligação da oposição angolana é tida como uma vitória do partido no poder. O MPLA poderá concorrer às eleições de 2027 com os adversários divididos.

O pacto assinado, em 2021, entre a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), o PRA-JA e o Bloco Democrático foi quebrado antes do prazo previsto, que era 2027.

O PRA-JA, liderado por Abel Chivukuvuku, disse, na semana passada, ter sido "posto de fora" da Frente Patriótica Unida (FPU). A força política acusou a UNITA de tentar assassinar o caráter do seu líder, de não cumprir o acordo relativo à distribuição das verbas oriundas do Parlamento e de se recusar a criar um secretariado executivo que tratasse apenas dos assuntos da FPU.

Já o "Galo Negro" considera Chivukuvuku um "traidor", que teria deixado de se interessar pelos assuntos da Frente Patriótica desde a legalização do seu partido. O líder do PRA-JA é apontado como o principal culpado do "divórcio político" na FPU.

Será mesmo assim?

Para Celestino Lumbungululu, comentador político, Chivukuvuku "falhou muito" na defesa dos interesses da sociedade angolana, concentrando-se mais na sua causa. "Depois da legalização do seu partido, ele automaticamente se desestabilizou, porque não estava a analisar como poderia se concentrar", refere Lumbungululu em declarações à DW.

Mas Feliciano Lourenço, outro comentador político, defende que o líder do PRA-JA não é o único culpado pela desunião da oposição. Segundo ele, o presidente da UNITA, Adalberto Costa Júnior, também tem responsabilidade na morte prematura do projeto que visava retirar o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) do poder.

"Adalberto não é um líder corajoso. Durante a campanha política, os seus discursos diziam que não iriam permitir fraudes. Mas depois do MPLA assumir que ia continuar no poder, ele disse que nunca falou de fraude. Então, não é um indivíduo coerente, e Chivukuvuku não é o único 'vilão' nessa história."

Objetivos comuns

A dissolução da Frente Patriótica reflete a fragilidade dos líderes da oposição, segundo o analista Celestino Lumbungululu. Para ele, a oposição não partilha objetivos comuns.

"A oposição em Angola ainda precisa de se sentar à mesma mesa e traçar um único foco. O que se pretende, afinal? Ser oposição? Ter cadeiras na Assembleia? Ter bons carros? Ou resolver os problemas de Angola?", questiona.

Feliciano Lourenço, por sua vez, considera que a Frente Patriótica Unida falhou logo à nascença, por ter sido criada como um projeto partidário e não como um projeto de Estado.

"A Frente Patriótica Unida é um projeto para pessoas honestas, com líderes sérios e corajosos. E infelizmente, a Frente não teve isso. O que se vê é uma crise de liderança e uma tremenda fragilidade na própria estrutura da oposição angolana."

O ex-presidente da UNITA, Isaías Samakuva — um crítico da FPU — afirmou, no sábado (24.05), que sempre teve a certeza de que o projeto não tinha "pés para andar".

Segundo Samakuva, a oposição só poderá unir-se se tiver os mesmos objetivos, algo que não terá acontecido na FPU. "Se a oposição trabalhar, penso que há condições para vencer", acrescentou. DW Africa

Rate this item
(0 votes)

Latest from Angola 24 Horas

Relacionados

Template Design © Joomla Templates | GavickPro. All rights reserved.