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Segunda, 19 Setembro 2022 22:34

Presidente eleito "devia estar a festejar com o povo e não a intimidá-lo" - Ginga Savimbi

A filha do fundador da UNITA não acredita no Executivo angolano que hoje tomou posse, uma vez que se baseia em eleições "fraudulentas". Ginga Savimbi diz que a juventude está cansada e não vai aceitar a atual situação.

 Teve lugar esta manhã, no Palácio Presidencial em Luanda, a cerimónia de tomada de posse dos membros do novo Governo de Angola.

O Presidente angolano, João Lourenço, nomeou na sexta-feira (16.09) um novo Executivo com 28 membros, em que apenas cinco são estreantes. "Entendi reconduzir grande parte dos que integraram o anterior Executivo pelo facto de terem pertencido a uma equipa que foi lutadora, mas sobretudo vencedora", disse o chefe de Estado na cerimónia.

Em entrevista à DW África, Ginga Savimbi, filha do fundador da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), Jonas Savimbi, e candidata não eleita do maior partido da oposição, critica veementemente o novo elenco governativo, liderado por João Lourenço. E diz que não há condições para um clima de diálogo construtivo entre o Governo e a sociedade.

DW África: Com a tomada de posse da nova equipa governativa, haverá condições para a paz, reconciliação e diálogo entre o Governo e a oposição, sobretudo os mais jovens?

Ginga Savimbi (GS): Acho que não é possível, porque mantemos o princípio de que as eleições foram fraudulentas. Houve fraude e nós reclamámos desde o princípio. Entregámos vários documentos ao Tribunal Constitucional e à Comissão Nacional Eleitoral a falar das irregularidades que aconteceram durante o processo. O Governo que tomou posse é o mesmo Governo, são os mesmos ministros que foram reconduzidos, são as mesmas pessoas. Então, não acredito que haverá algum tipo de mudança dentro do país, porque é o mesmo Presidente, que diz ser eleito pelo povo, que está a tentar meter medo ao povo.

DW África: Está a afirmar que o Presidente está a amedrontar o povo. Como?

GS: Temos visto aqui nas ruas de Luanda muita polícia, muita tropa, e não entendemos porquê. Porque a pessoa que ganhou devia estar a festejar com o povo e não a meter medo e a tentar intimidar o povo.

DW África: Quer dizer que se esperam tempos difíceis, com muitos conflitos entre o povo, entre os jovens angolanos e o Governo, nos próximos cinco anos?

GS: A juventude está cansada. Então, acredito que os jovens, por estarem mesmo muito cansados, não vão aceitar continuar nesse clima que se vive aqui no país.

DW África: O facto de os deputados dos partidos da oposição terem assumido os seus assentos na Assembleia Nacional não é uma contradição? Com isso, os deputados da oposição não estão a legitimar o Presidente e o seu Governo hoje empossado?

GS: Não, porque não tinha como os deputados da oposição não tomarem posse. Porque se não tomassem posse, iriam continuar da pior maneira a passar leis que simplesmente beneficiam eles próprios.

DW África: E esta decisão tomada pela direção da UNITA vai ao encontro do que faria o seu pai, Jonas Savimbi, o líder histórico fundador da UNITA?

GS: Eu acredito que Jonas Savimbi sempre sepreocupou muito com o povo. Acho que tomaria uma decisão que não prejudicasse o povo, porque nós tivemos aquele conflito armado durante muito tempo, já tivemos muito sangue derramado. Acho que ele não tomaria uma decisão que fosse prejudicar mais alguém, que derramasse mais sangue. DW África

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