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Quinta, 09 Dezembro 2021 23:14

Preocupante é que as arrepiantes "profecias" de David Mendes vão se materializando - Marcolino Moco

MPLA contra a UNITA e vice-versa ou alguns contra a estabilidade política e social de Angola, para que se continue a apanhar peixe nas águas turvas?

Admira-me que personalidades tidas em alta consideração pela sociedade, achem as sérias irregularidades que estão a acontecer no país, a nível institucional, como resultantes de um mero jogo político (aceitável!) entre o MPLA e a UNITA.

Quando essa situação, extremamente grave, decorre da (ir)responsabilidade de muito pouca gente (abstraiamo-nos do seu enquadramento partidário) que se apossou do aparelho do estado para, inebriada pelo poder, perder, completamente, qualquer sentido de razoabilidade.

O jurista David Mendes, por exemplo, com espaço privilegiado na TV Zimbo (tem partido, este senhor Doutor?), cujo conceito de Direito e Justiça é claramente o de que as duas instituições humanas dependem, inteiramente, da vontade de “quem manda”, vai arrancando aqui e ali alguns aplausos. Fosse só isso.

Preocupante é que as suas arrepiantes “profecias” vão se materializando. Vim para aqui agora porque alguém, com ideias provenietes da mesma platónica “caverna”, nos vem dizer que nem militantes da UNITA nem do MPLA, devem cantar vitórias, independentemente da forma como terminam os seus respectivos congressos. Porque quem vai decidir se valem ou não suas deliberações é o TC.

Por simulações e dissimulações a que nos têm habituado esses senhores, porque ninguém, em seu perfeito juizo, vai imaginar que nessas diabólicas hipóteses, o favorecido (ou utilizado?) MPLA venha sofrer as mesmas consequências que aquelas de que FNLA se ressente hoje, por interferências do TC, isso pode significar que nuvens continuarão a adensar-se sob os céus de Angola.

Quando teremos um TC cuja função se resuma na formalização, reconhecimento e quando muito, aconselhamento aos partidos políticos que devem ser donos e senhores das próprias decisões, como pilares insubstituíveis que são (pelo menos por enquanto) do Estado democrático e de direito?

O que é que fazem, por exemplo, os tribunais em relação a entidades menores (embora igualmente fundamentais para a estabilidade da sociedade) que são as famílias unidas pelo casamento?

Andarão pela urbe à procura de onde este ou aquela cometeu adultério ou faltou aos deveres conjugais em relação a esta ou aquele? Incentivam-lhes os divórcios litigiosos ou mesmo amigáveis ou se limitam a reconhecer-lhes a vontade final, depois de aconselhados a tentar a reconciliação, especialmente para o bem da prole, quando exista?

Cientistas (analistas) políticos, juristas, sociólogos e até jornalistas, alguns – com certeza, porque ainda não estão afectados pelas consequências destas simulações e dissimulações, a redundarem na fome e na indigência profundas que se abate sobre cada vez maiores camadas da população, devido a práticas que tomaram um fôlego indescritível, desde que a guerra acabou em 2002 – não deviam achar tanta graça com o que se está a passar.

Como não aperceberem-se, por exemplo, das consequências, para a credibilidade do país, pela forma como foi constituida a presidência actual do TC? E, logo em seguida, a sua inacreditável decisão de anular o congresso do maior partido da oposição, só porque o PR não gosta do seu líder eleito (e agora reeleito)?!

E depois de tudo isso ainda esperam por mais espetáculos? Ouve-se dizer que o antigo Presidente José Eduardo dos Santos vai tomar, finalmente, a palavra para se pronunciar sobre a prenda que nos legou.

Temos que esperar o aprofundamento do seu apenas esboçado arrependimento e pedido de desculpas ao povo angolano; esperar, especialemtente, a explicação de como orientou a sua substitução.

Não se limitar a repudiar o espírito inaudito e deletério de tanta vingança, com que tem sido brindado e aos seus, por quem conviveu com ele no poder até ao último dia, sem que tivesse dito algo contra, que se tivesse ouvido.

Sobretudo debitar pensamento que ajude a remediarmos este descarrilamento do país, com o concurso do todo nacional. Ninguém é perfeito. Sejamos humildes, para fundarmos uma nova Angola.

Quem dera que conseguissemos isso, sem esperarmos por eleições que se pretende transformar, novamente, num mero expediente formal, para a manutenção de um poder que vai acabando com a Angola com que todos sonhamos? Ou será que os ainda afortunados (de um paraiso irrealista) preferem continuar a abafar o grito dos “condenados dessa terra” tão rica, até que estes últimos (ou outros navegadores de águas turvas) nos apresentem soluções inesperadas, por suas razões tantas vezes adiadas?

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