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Sexta, 11 Junho 2021 10:35

Receita de José Eduardo dos Santos tornou-se a sobrevivência dos angolanos

Quando o ex—presidente da República de Angola, José Eduardo dos Santos, disse, num dos seus discursos, que "ninguém vive do seu salário", muitos angolanos sentiram—se ofendidos, não corresponder com a verdade.

Por: Lito Dias

Os outros diziam tratar—se de uma receita da corrupção. Nos dias de hoje, diante deste cenário de crise a situação parece agravar—se com os salários a não valerem absolutamente nada.

Dizer, naquela altura, que "ninguém vive do seu salário" pareceu uma apreciação de outro mundo, pois havia cidadãos que, na verdade, viviam dos seus ordenados; não faziam negócio nenhum nem roubavam. Também, diga—se, havia gente que vivia unicamente do seu pequeno negócio.

Estes últimos, logicamente, não se sentiram tão ultrajado com os dizeres do chefe de Estado de então. Alguns comentaristas diziam que José Eduardo dos Santos queria tão—somente chamar à atenção para necessidade de os angolanos empreenderem e não viverem apenas dos seus salários com os quais não se fazia quase nada.

Hoje, se esse discurso for reeditado, as reacções não serão tão diferentes daquelas que foram feitas no passado, porque o cenário agravou—se. Com os salários faz—se pouca coisa devido à depreciação da nossa moeda. Ainda assim, existem cidadãos que só dependem mesmo do que recebe do patrão no final do mês.

Interrogados pelo Na Mira do Crime, alguns cidadãos dizem ser impossível depender só dos salários, por serem muito baixos. "Mas com eles, é possível desenvolver um pequeno negócio", confirmou Ana Francisco, que afirmou ter abandonado o seu emprego de empregada doméstica para dedicar—se à venda de frescos.

"O meu marido é o único que trabalha", disse. Para Mário Tangua, no tempo de José Eduardo dos Santos, "apesar dos elevados níveis de corrupção, com o dinheiro que recebia mensalmente, conseguia fazer muita coisa". Hoje, acrescentou, com os mesmos 50 mil Kwanzas, não se consegue fazer nada.

Jorge Sabará foi mais longe ao dizer que, actualmente, a vida dos angolanos está entregue nas mãos de Deus. "O Executivo encareceu a vida dos angolanos, com a inflação a subir cada vez mais", apreciou para depois dizer que de 2017 para cá, os preços dos produtos só estão a subir, o poder de compra baixou.

"E com isso, temos os elevados índices de mortalidade e pobreza", enfatizou. O ancião Ferreira, pessimista, diz que o Executivo de José Eduardo dos Santos e de João Lourenço são a mesma coisa, pois "só vejo que o país está a mudar se ligar a televisão; porque o meu bairro continua na mesma, a minha pensão continua baixa e sem valor nenhum. NMC

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