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Terça, 13 Abril 2021 12:03

Isabel dos Santos ataca, Adalberto Jr. quer conciliar

Isabel dos Santos mantém a rota de colisão com João Lourenço. O seu pai, José Eduardo dos Santos, tem cada menos hipóteses de propiciar um entendimento. O líder da UNITA, Adalberto da Costa Júnior, emerge como o promotor do diálogo.

As escutas entregues por Isabel dos Santos no Tribunal Superior de Londres, no âmbito do caso Unitel, através das quais pretende provar a existência de uma conspiração contra ela promovida pelo governo angolano, não deverão poder ser usadas como prova, mas produzem o efeito desejado, o de plantar a dúvida e disseminar suspeições.

Segundo um comunicado emitido em nome da empresária a 29 de março, os ataques de que foi alvo “foram impulsionados não só por motivos políticos e financeiros, mas também como forma de distrair a opinião pública da corrupção e do suborno que assola o governo de João Lourenço, incluindo altos funcionários e a petrolífera estatal Sonangol”.

Isabel dos Santos vitimiza-se e fere com gravidade a narrativa de João Lourenço, relativamente ao empenho do seu governo e do MPLA no combate à corrupção, criando incerteza na comunidade internacional.

Esta iniciativa permite extrair uma conclusão inequívoca. Isabel dos Santos mantém a intenção de continuar a “guerra” com o governo angolano, esvaziando qualquer possibilidade de entendimento entre as partes desavindas. Esta opção coloca o seu pai, José Eduardo dos Santos, numa situação difícil. O ex-presidente angolano, mesmo que tivesse intenções de se reaproximar do seu sucessor, fica limitado pela estratégia da filha.

Eduardo dos Santos continua no Dubai e está isolado, uma condição reforçada pelo facto de o seu principal conselheiro e homem de confiança, o general Leopoldino Fragoso do Nascimento, se encontrar retido em Angola. Neste quadro, o antigo Presidente parece ter cada vez menos condições para assumir o papel de “conciliador” e “fazedor de pontes” que alguns lhe queriam atribuir.

Discursivo inclusivo para fomentar cisões

Neste contexto de conflito ganha especial relevo o conceito de tréguas promovido pelo líder da UNITA, em entrevista ao Especial 360.º Podcast da Camunda News. Adalberto da Costa Júnior, questionado sobre a situação de Isabel dos Santos, afirmou ser preciso “olhar para o futuro”, sublinhando que todos “os atores nacionais devem ser chamados”.

“Devíamos procurar estes cidadãos angolanos e encontrar, através do diálogo, formas de resolver os problema, atrair o retorno de capitais e a possibilidade de iniciativa de investimentos externos. E, sem dúvida, por via da transparência absoluta, encontrar respostas de caráter geral a este problema [da corrupção]. Não particularizo Isabel dos Santos. Tenho uma leitura abrangente para todos os assuntos através desta esfera”, declarou o líder do Galo Negro (símbolo da UNITA).

Na prática, Adalberto da Costa Júnior diz que, com a UNITA no poder, o caso Isabel dos Santos seria tratado de forma diferente, privilegiando a aproximação em detrimento do antagonismo. Tratando-se de uma iniciativa ampla, constitui também um expressivo piscar de olho aos que se sentem perseguidos pelo atual governo e a um convite a cisões no MPLA. Adalberto da Costa Júnior, para chegar ao poder, precisa do apoio de quem já lá esteve. Daí este discurso inclusivo. NEGOCIOS

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