A detenção do antigo homem forte da TCUL, segundo estas fontes, em Portugal, foi realizada por orientação da INTERPOL, em cumprimento de uma notificação, emitida pelas autoridades angolanas.
A fonte adiantou que o Gabinete Nacional da Interpol junto do Serviço de Investigação Criminal "já está a accionar” os "procedimentos necessários” para que as autoridades angolanas possam requerer, o mais rápido possível, a extradição de Abel Cosme.
O jurista, António Batalha, esclareceu, à RNA, o enquadramento jurídico-legal da detenção do antigo PCA da TCUL, em Lisboa, tendo salientado que a sua condição de fugitivo, poderá agravar a pena a ser aplicada.
Frederico Batalha antevê, também, procedimentos legais, a serem seguidos pelas autoridades angolanas, para uma possível extradição, deste antigo responsável.
Abel António Cosme foi constituído arguido pela Procuradoria-geral da República de Angola num processo relativo ao desvio de fundos do Conselho Nacional de Carregadores (CNC), um organismo tutelado pelo Ministério dos Transportes.
No dia 5 de janeiro de 2019 o Ministério dos Transportes tinha posto circular no Jornal de Angola o anúncio, intitulado "Pedido de Comparência", é pedido que António Abel Cosme se desloque ao gabinete de recursos humanos do Ministério dos Transportes "afim de tratar assuntos do seu interesse", tendo dado o prazo limite de oito dias contado a partir da data de publicação do anúncio.
Abel António Cosme era presidente do conselho de administração da TCUL desde novembro de 2017, tendo sido substituído no cargo Freitas Neto. A TCUL tem uma frota de 80 autocarros e transporta diariamente 90 mil passageiros.
Aquando do julgamento do "Caso CNC”, o declarante José Manuel Rasak revelou, em tribunal, que o Conselho Nacional de Carregadores e a Unicargas financiaram a criação da empresa de transportes Afritaxi, tendo Abel Cosme sido um dos responsáveis pela criação da Rent Angola para gerir a frota de Benguela.
José Manuel Rasak disse que aquela empresa foi criada quando faltavam apenas três meses para a realização do Campeonato Africano das Nações (CAN) de 2010, mas em nenhum momento fizeram a formalização como sócios em escritura pública.
O réu principal no mediático julgamento do "Caso CNC” foi o ex-ministro dos Transportes, Augusto Tomás, que, em Agosto de 2019, foi condenado a 14 anos de prisão, por peculato, branqueamento de capitais, associação criminosa e artifícios fraudulentos para desviar fundos do Estado.
No mesmo processo, foram condenados o ex-director-geral do CNC, Manuel António Paulo, a 10 anos de prisão, e os antigos directores-adjuntos Isabel Bragança e Rui Manuel Moita, a 12 anos e 10 anos, respectivamente. O funcionário Eurico Pereira da Silva foi condenado, a dois anos de cadeia, com pena suspensa. Em função do recurso interposto, o plenário do Tribunal Supremo decidiu, em Dezembro de 2019, reduzir as penas dos réus. A de Augusto Tomás baixou de 14 para oito anos.