A marcha de sábado, convocada por ativistas da sociedade civil, mas que contou com a adesão da UNITA e outras forças da oposição, visou reivindicar melhores condições de vida, mais emprego e a realização das primeiras eleições autárquicas em Angola, que estavam previstas para este ano, mas foram adiadas sem nova data.
A organização não-governamental cita testemunhas segundo as quais "a polícia agiu brutalmente" contra os manifestantes, recorrendo a "gás lacrimogéneo, cavalos e veículos policiais para intimidar e dispersar um protesto pacífico" e que foram negados cuidados médicos aos feridos.
"Pedimos ao Presidente Lourenço para libertar todos os manifestantes que foram ilegalmente detidos durante o protesto", lê-se num comunicado divulgado pelos Amigos de Angola.
Salientam que a manifestação estava de acordo com a Constituição angolana e pedem a abertura de uma investigação para "trazer à justiça os responsáveis", pelo que consideram uma violação de direitos por parte das autoridades.
"Estes direitos estão claramente declarados na Constituição e na Declaração Universal dos Direitos Humanos ratificada por Angola, mas vão sendo violados por autoridades que, por imperativo legal, deviam ser as primeiras a respeitá-los", argumentam.
Os Amigos de Angola salientam que os manifestantes apenas exibiam cartazes, estavam desarmados e protegeram-se com máscaras faciais, "respeitando a distância física necessária no contexto do combate à pandemia da covid-19".
Defendem ainda que os motivos para a manifestação são justificados: "A falta de oportunidades de emprego, a corrupção endémica que continua a custar milhões ao erário angolano e a falta de uma comissão eleitoral independente".
"Esperamos que o Presidente Lourenço acolha os valores democráticos e respeite a liberdade de expressão e de reunião dos cidadãos angolanos", acrescentam.