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Quarta, 16 Setembro 2020 14:56

MPLA diz que algumas instituições religiosas subvertem a sua missão

A vice-presidente do MPLA Luísa Damião lamentou hoje que algumas instituições religiosas subvertam “a sua nobre missão” escudando-se na palavra de Deus e salientou que as igrejas “não estão isentas de responsabilidades”.

As declarações da vice-presidente do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), partido no poder, foram feitas após um encontro que Luísa Damião manteve com líderes religiosos do país.

Algumas instituições religiosas subvertem “a sua nobre missão e excelente missão, escudando-se na bandeira da palavra de Deus, em vez da pregação do evangelho, do amor ao próximo, da solidariedade, da honestidade e da sã convivência entre os homens”, destacou a dirigente partidária.

Luísa Damião sublinhou que, em Angola, o Estado é laico, mas as autoridades reconhecem e respeitam as diferentes confissões religiosas, que são livres na sua organização e no exercício das suas atividades, “desde que as mesmas se conformem à Constituição e às leis da República de Angola”.

“Esta consagração constitucional, que o Estado dá às confissões religiosas, não isenta a responsabilidade das igrejas, sobretudo quando a sua forma de organização e funcionamento atentem contra a Constituição, ordem pública e dignidade da pessoa humana”, referiu a vice-presidente do MPLA.

Segundo a mesma responsável, o MPLA considera fundamental o papel da igreja, dos seus fiéis e pastores na construção de uma Angola “forte, próspera e coesa”, onde haja cada vez mais liberdade da religião e de culto.

Relativamente à situação económica atual do país, Luísa Damião destacou que as dificuldades agudizaram-se com o surgimento da pandemia no novo coronavírus, cujas consequências afetam grandemente as economias do mundo e Angola.

Nesse sentido, o partido no poder apelou à participação das igrejas nos esforços do Governo para diversificar a economia por via do aumento da produção local.

“Todo esse trabalho carece do vosso apoio como sempre, com as vossas orações, transformação das mentes e também através da missão social da igreja”, exortou Luísa Damião, lembrando que o MPLA tem os contínuos préstimos dos pastores como “grandes parceiros” para o desenvolvimento do país “que tanto carece de educação em várias dimensões” e para ter “uma sociedade mais saudável e que coloca os valores espirituais, morais, éticos e cívicos ao serviço do progresso” de Angola.

Luísa Damião realçou que encontros do género têm sido realizados a fim de, com as distintas autoridades eclesiásticas, ouvir as contribuições da igreja e encontrar soluções conjuntas para os vários problemas que os angolanos enfrentam.

Nos últimos meses, um conflito entre a ala brasileira da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) e dissidentes angolanos levou à tomada de templos em Luanda e outras províncias e subiu à esfera diplomática depois de o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, ter pedido ao seu homólogo angolano maior proteção para os membros da IURD, tendo João Lourenço garantido que o diferendo terá o "tratamento adequado".

O governo angolano analisou a crise na IURD em julho, tendo a ministra de Estado para a Área Social, Carolina Cerqueira, anunciado que seria depois apresentado um relatório aos deputados

Os angolanos liderados pelo bispo Valente Bezerra, romperam em novembro do ano passado, com a representação brasileira em Angola encabeçada pelo bispo Honorilton Gonçalves, fiel ao fundador Edir Macedo.

Segundo os dissidentes, a decisão foi tomada devido a práticas contrárias à religião, como a exigência da prática da vasectomia, castração química, além da evasão de divisas para o exterior do país.

Organizados num grupo que apelidaram de Comissão de Reforma de Pastores Angolanos (CRPA), apontam também aos brasileiros práticas de racismo, discriminação social, abuso de autoridade, faltas de respeito e humilhações públicas contra os africanos.

As alegações são negadas pela IURD Angola que, por seu lado, acusa os dissidentes de “ataques xenófobos” e agressões a pastores.

A IURD Angola, que viu em agosto serem apreendidos sete dos seus templos em Luanda, pela alegada prática dos crimes de associação criminosa, fraude fiscal, exportação ilícita de capitais e outros ilícitos de natureza análoga, acusou também as autoridades judiciais angolanas de terem feito apreensões ilegais e atentarem contra a liberdade religiosa.

Neste momento correm os seus trâmites vários processos judiciais relacionados com a IURD Angola.

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