O secretário de Estado norte- -americano, John Kerry, inicia amanhã uma visita de dois dias a Luanda com o objectivo de estabelecer consultas sobre o processo de paz na região dos Grandes Lagos, cuja presidência rotativa é assegurada por Angola desde o início do ano.
Na segunda-feira, o diplomata norte-americano vai reunir- -se com o presidente de Angola, José Eduardo dos Santos. À margem deste encontro estão previstas reuniões bilaterais entre as delegações oficiais.
De acordo com o programa oficial, haverá uma conferência de imprensa que vai contar com a participação de John Kerry e Georges Chikoti, ministro dos Negócios Estrangeiros angolano.
A visita de um elemento da administração Obama a Angola tem gerado curiosidade por parte da comunicação social norte-americana devido à natureza do regime liderado por José Eduardo dos Santos. Numa entrevista ao diário "Voz da América", o secretário de Estado reconheceu que o estilo autoritário do governo angolano "constitui sempre uma preocupação para os Estados Unidos da América (EUA)". Apesar disso, John Kerry, garante que "as duas partes estão a trabalhar em conjunto e que haverá entendimentos sobre o que é necessário fazer para o futuro".
O tema da natureza autoritária do governo liderado por José Eduardo dos Santos não foi o único abordado pela comunicação social. Na véspera da viagem a Luanda, John Kerry foi confrontado com o problema da corrupção no país. O site All Africa questionou o diplomata quanto à posição que Angola ocupa no ranking do índice da percepção da corrupção divulgada pela Transparência Internacional.
John Kerry não fugiu às perguntas e garante que os "EUA estão a monitorizar Angola de perto". De acordo com a opinião do secretário de Estado, "a corrupção esgota os recursos de um governo, mas também nega às pessoas comuns os direitos que merecem" e acrescentou que "o governo angolano está ciente das preocupações norte--americanas com o tema".
Embora a administração Obama esteja atenta aos problemas da autoridade e da corrupção em Angola, também há aspectos positivos, que vão ser partilhados com a actual liderança angolana. John Kerry disse ao All Africa que está "satisfeito com a liderança de Angola no território africano, em particular pela popularidade do país na região dos Grandes Lagos e com o processo de Kimberley". Por fim, os EUA "elogiam os esforços das autoridades angolanas para resolver a crise humanitária dentro do país, na qual se inclui o repatriamento e a reintegração de quase 500 mil refugiados que estavam deslocados desde o fim da guerra civil em 2002". A viagem de John Kerry a Angola surge um dia depois de uma visita-relâmpago à capital do Sudão do Sul, onde se reuniu com durante mais de uma hora com o presidente Salva Kiir.
O presidente angolano encontrou-se ontem com o Papa num encontro que serviu para abordar os direitos humanos.
LUSA
