No poder desde novembro último, o chefe de Estado do Zimbabué, Emmerson Mnangagwa, deu então um prazo de três meses às empresas e particulares para que trouxessem o dinheiro colocado no estrangeiro para o país.
O objetivo era trazer de volta a grande quantidade de dinheiro ao Zimbabué, país mergulhado numa grave crise económica e financeira, caracterizada, entre outras razões, por uma taxa de desemprego de mais de 90% e por uma enorme falta de liquidez.
O ultimato expirou hoje e, segundo Mnangagwa, há 1.400 milhões de dólares (1.140 milhões de euros) que saíram ilegalmente do país.
Desse total, acrescentou, 521 milhões de dólares (424 milhões de euros) foram transferidos para o país ao abrigo de uma amnistia dada aos prevaricadores.
Nesse sentido, as autoridades de Harare publicaram hoje uma lista de 1.403 pessoas e empresas que "recusaram, ignoraram ou negligenciaram" a amnistia.
O passo seguinte é obrigar os prevaricadores a responder e, se necessário, levá-los à justiça por transferências ilegais de dinheiro, sublinhou Mnangagwa.
As companhias mineiras são os principais prevaricadores, segundo a lista, em que figuram empresas como a African Associated Mines (enviou para o estrangeiro 62 milhões de dólares) e a diamantífera Marange, uma parceria entre o Governo zimbabueano e investidores chineses (54,2 milhões de dólares).
A lista integra também um grande número de empresários chineses e de personalidades zimbabueanas, entre elas Elias Musakwa, conhecido músico local, candidato às legislativas deste ano nas listas do partido no poder, a União Nacional Africana do Zimbabué -- Frente Patriótica (ZANU-PF).
O "Gabinete Nacional de Indigenização", entidade encarregada da aplicação de uma controversa lei que visa obrigar as empresas estrangeiras a ceder a maioria das ações a investidores locais, também figura na lista.
No Zimbabué, lembrou recentemente Mnangagwa, o envio de capitais para o estrangeiro constitui "um crime económico contra o povo zimbabueano".