Na semana passada, uma multidão enfurecida atirou pedras contra sete homens suspeitos de violar a lei islâmica que proíbe a homossexualidade, após a audição ter sido adiada pelo Tribunal Superior da Sharia, no norte da cidade de Bauchi.
A polícia foi obrigada a usar gás lacrimogéneo e tiros para o ar para dispersar a multidão, que exigia julgamento sumário e execução para os sete réus, convocados para se apresentarem ao juiz na terça-feira.
"O tribunal terá de suspender o julgamento enquanto se aguarda a revisão da situação de segurança com as autoridades competentes, a fim de evitar uma repetição dos protestos da multidão que vimos na semana passada", disse o escrivão Unguwar Jaki, citado pela AFP.
O Governo da Nigéria proibiu o casamento entre pessoas do mesmo sexo e uniões civis no início deste mês, uma decisão que ganhou amplo apoio no país religiosamente conservador, mas desencadeou indignação da comunidade internacional.
A homossexualidade já foi proibida pela Sharia, lei islâmica, que coexiste com as leis estaduais e federais, no norte de maioria muçulmana da Nigéria.
Também foi suspenso o julgamento na região de Tudun Alkali para evitar um incidente de apedrejamento como o que se registou num tribunal local, disse o juiz Nuhu Mohammed Dumi, que admitiu manter na cadeia por mais dias três suspeitos de práticas homossexuais, cuja prisão preventiva expirou na terça-feira.
Nuhu Mohammed Dumi sugeriu que a nova data do julgamento não será divulgada e os suspeitos serão levados ao tribunal em segredo para evitar tumultos.
O advogado Suleiman Musa, que representa três dos acusados, opôs-se a continuação de seus clientes na prisão, mas o juiz responsável pelo caso disse que a decisão era para própria segurança deste grupo.
As famílias dos três suspeitos vieram pedir-me fiança e eu disse-lhes que era do seu interesse permanecer na prisão, porque correm o risco de perder as suas vidas nas mãos de uma multidão enfurecida se eles forem liberados sob fiança", disse.
LUSA