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Segunda, 27 Janeiro 2014 15:32

Winnie Mandela: "Sem mim, Mandela não teria existido"

Winnie Madikizela-Mandela, ex-esposa do ex-presidente sul-africano falecido em Dezembro, destacou a importância que teve na vida do líder anti-apartheid em entrevista concedida ao jornal francês Le Journal du Dimanche.

"Se eu não tivesse lutado, Mandela não teria existido, o mundo inteiro o teria esquecido e ele teria morrido na prisão como queriam as pessoas que o prenderam", afirmou Winnie.

Sobre sua actuação, durante os 27 anos de prisão, Winnie, de 77 anos, explicou que se expôs por vontade própria à violência do regime segregacionista sul-africano.

"O que fiz deliberadamente foi manter vivo o nome de Mandela e de seus companheiros de prisão. Para alimentar a luta, tinha de me expor à violência e à brutalidade do apartheid", afirmou.

"Eles, na prisão, nunca foram torturados como nós fomos", acrescentou.

"Ele era livre para acreditar na paz e nós, que sofríamos a violência do apartheid, não estávamos tão à vontade com esta noção", explicou ainda, dizendo que para que lutava fora da prisão: "Não restou outra opção a não ser responder à violência com violência".

Sobre os anos de Mandela no poder (1994 a 1999), Winnie mostra-se ainda mais severa. "Ao longo desses últimos vinte anos, vimos que os valores que Mandela encarnava eram difíceis de se ancorar na realidade". Como exemplo, citou a "juventude deste país sem trabalho, uma verdadeira bomba-relógio".

"É o resultado desta negociação com o poder, há 20 anos, que não leva em consideração a indispensável liberação económica. A riqueza deste país continua nas mãos de uma minoria", lamentou.

Winnie e Nelson Mandela divorciaram-se em 1996, dois anos depois do líder histórico ter sido eleito o primeiro presidente negro do país.

O casal uniu-se em matrimónio em 1958, seis anos antes de ele ser condenado à prisão perpétua pelo regime de minoria branca.

Durante os 27 anos de prisão de Mandela, Winnie continuou com o combate, passou pela prisão, prisões domiciliares e confinamentos em uma localidade afastada de todos.

Em 1991, foi condenada por cumplicidade no sequestro de um jovem militante à pena de prisão comutada por uma multa. Também foi condenada por fraude em 2003.

AFP

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