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Sábado, 24 Outubro 2020 12:21

UNITA denuncia agressões a deputado e impedimento de manifestação em Luanda

O presidente da UNITA, Adalberto da Costa Júnior, disse hoje que o deputado Nelito Ekuikui foi agredido pela polícia e lamentou que o Governo angolano esteja a tentar impedir manifestações por estar “em pânico”.

“Bastou chegar ao local e o deputado foi agredido pela polícia com porretes”, disse o líder da União para a Independência Total de Angola (UNITA) à Lusa, afirmando que o cemitério de Santa Ana, ponto de concentração da manifestação prevista para hoje, apresentava às 11:00 um “forte aparato policial”, com cavalaria e brigadas caninas.

Adalberto da Costa Júnior salientou que a tentativa de impedir a manifestação é “uma absoluta ilegalidade”, já que foi aprovada em maio uma lei que “dá cobertura à situação de calamidade e não prevê que sejam suspensos os direitos fundamentais dos cidadãos, nomeadamente o direito à manifestação”.

“Em circunstância alguma podem ser violados direitos constitucionais dos cidadãos. Para tal teria de haver um regresso ao estado de emergência”, realçou.

Na sexta-feira à noite, o Governo anunciou novas medidas, mais restritivas, para a situação de calamidade, face ao aumento do número de casos de covid-19.

Entre estas estão as limitações de ajuntamentos na via pública até cinco pessoas. Foi também alterado um artigo relativo ao distanciamento físico entre os participantes de atividade e reuniões realizadas em espaço aberto, que contemplava manifestações no anterior decreto, possibilidade que foi retirada no novo diploma que entrou em vigor às 00:00 de hoje.

“Esta é uma circunstância de um Governo impopular que faz um ‘marketing’ extremo. Bastou dizer que a UNITA ia aderir à manifestação para ter uma resposta diferente”, criticou Adalberto da Costa Júnior, assinalando que as anteriores quatro manifestações foram realizadas sem problema de maior.

Segundo o dirigente do “Galo Negro”, “o Governo entrou em pânico, Joao Lourenço não respeita o Estado de Direito e a Constituição do país”.

“Por isso, estamos a dizer para voltarem para casa, não queremos confrontos e não queremos ninguém ferido”, acrescentou, salientando que houve “movimentação de tanques na noite anterior e foram colocadas barreiras de polícias e militares para impedir movimentações nos bairros e nos acessos a Luanda.

Ginga Sakaita Savimbi, filha do fundador do partido, Jonas Savimbi, que estava ao lado de Nelito Ekuikui, na altura em que este foi agredido, disse à Lusa que não houve explicações por parte da polícia.

“Estamos no Santa Ana, com um absurdo aparato policial para uma manifestação pacifica, agrediram um deputado que veio manifestar-se pacificamente”, afirmou, acusando o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA, partido no poder) de ser “um regime fascista”

“[A polícia] diz que não podemos manifestar-nos, mas a manifestação foi aceite e agora dizem que não pode, porquê”, questionou Ginga Savimbi.

A marcha de sábado, convocada por ativistas da sociedade civil, mas que contou com a adesão da UNITA e outras forças da oposição, visa reivindicar melhores condições de vida, mais emprego e a realização das primeiras eleições autárquicas em Angola, que estavam previstas para este ano, mas foram adiadas sem nova data.

Angola regista 265 óbitos e 8.829 casos de infeção do novo coronavírus, segundo os dados oficiais mais recentes.

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