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Quarta, 28 Março 2018 12:23

Novo escândalo de Trump põe o nome de João Lourenço ao barulho

A empresa americana Circinus, que está no centro do mais recente escândalo a envolver a administração de Donald Trump, confirma "convites para a presença de dignitários angolanos nos eventos de tomada de posse do Presidente dos Estados Unidos da América", mas nega qualquer associação dessa "cortesia protocolar" à relação comercial com Angola.

A ligação do Presidente dos EUA ao empresário Elliott Broidy, dono da firma Circinus, continua a fazer correr muita tinta na imprensa americana, com a publicação de uma série de emails que indiciam que Donald Trump tem sido usado como "facilitador" de chorudos contratos militares da Circinus com Governos de todo o mundo.

A aparente promiscuidade entre o líder americano e os lucros milionários da empresa, exposta por vários jornais americanos - como o The New York Times conforme o Novo Jornal Online noticiou ontem - ressalta da análise de uma série de emails que, segundo Elliott Broidy, foram obtidos por piratas informáticos.

O empresário já entrou mesmo com um processo na Justiça dos EUA, contra o Estado do Qatar e o advogado americano Nicolas Muzin, que acusa de estarem por detrás do roubo de informação.

Motivo? Broidy alega, num comunicado citado pela Bloomberg, que está a ser perseguido por defender abertamente que o Qatar é um estado financiador do terrorismo.

O dono da Circinus garante que a divulgação dos seus emails não passa de uma campanha para o descredibilizar, rejeitando a ideia de que usa o Presidente dos EUA como "isco" para fechar negócios.

A separação das águas é reiterada num comunicado entretanto divulgado pela assessoria de imprensa da Circinus, em Portugal.

Convite a João Lourenço desligado de contratos com Angola

Na mensagem, enviada ao Novo Jornal Online, a empresa esclarece que o seu "estatuto e reputação" permite-lhe, a exemplo do que acontece com outras empresas americanas, "sugerir convites oficiais, que contudo estão sujeitos à aprovação e concordância do Departamento de Estado dos EUA".

Foi neste âmbito, lê-se na mensagem, que a Circinus "considerou uma cortesia protocolar submeter ao Departamento de Estado, bem como ao Comité de Inauguração do Presidente Donald Trump, a proposta de convites para a presença de dignitários angolanos nos eventos de tomada de posse do Presidente dos Estados Unidos da América".

Apesar de confirmar que tem uma relação comercial com Angola, a firma nega que os convites protocolares explorem esse vínculo, leitura que decorre do conteúdo dos emails expostos na imprensa americana.

Na mensagem, enviada ao Novo Jornal Online, a empresa esclarece que o seu "estatuto e reputação" permite-lhe, a exemplo do que acontece com outras empresas americanas, "sugerir convites oficiais, que contudo estão sujeitos à aprovação e concordância do Departamento de Estado dos EUA"

"Numa carta datada de 3 de Janeiro de 2017, e enviada por email para oficiais de topo do Governo angolano, Broidy indicava que procedia ao envio de um convite para as celebrações da inauguração da Presidência de Trump, bem como de uma proposta para a Circinus fornecer serviços de segurança a Angola", avançava o The New York Times, na edição do último domingo.

Na mensagem, dirigida a João Lourenço, então ministro da Defesa, Broidy pressionava pelo envio do documento que selaria um acordo de 64 milhões de dólares - válido por cinco anos - até 9 de Janeiro.

"Três dias antes da inauguração [da Presidência de Trump], os angolanos efectuaram um pagamento de 6 milhões de dólares à Circinus", escreveu a publicação de Nova Iorque.

O jornal acrescentou, citando fontes próximas do empresário, que o pagamento feito por Angola ficou dois milhões de dólares abaixo do combinado diferença que o americano não se coibiu de ir cobrando.

No comunicado enviado ao Novo Jornal Online, a Circinus reforça que "a presença de dignitários angolanos em cerimónias de tomada de posse do Presidente dos Estados Unidos, incluindo o então Ministro da Defesa Nacional da República de Angola, [João Lourenço], se realizou num quadro oficial e formal".

Segundo a nota de esclarecimento da Circinus, durante a vista de João Lourenço, "nunca se realizou ou discutiu a conclusão de quaisquer negócios privados". A empresa americana adianta que "para além da agenda protocolar da tomada de posse, foi apenas debatido, e em encontros oficiais, o aprofundamento das excelentes relações bilaterais entre os dois países.

Segundo a nota de esclarecimento da Circinus, durante a vista de João Lourenço, "nunca se realizou ou discutiu a conclusão de quaisquer negócios privados". A empresa americana adianta que "para além da agenda protocolar da tomada de posse, foi apenas debatido, e em encontros oficiais, o aprofundamento das excelentes relações bilaterais entre os dois países

Reiterando a sua idoneidade - e lembrando que "é fornecedora acreditada de serviços especializados ao Departamento de Defesa dos EUA e a aliados dos Estados Unidos" -, a Circinus sublinha que "não compreende qualquer leitura que aparente questionar o elevado padrão ético com que oficiais angolanos representaram o seu país, nas Cerimónias oficiais de tomada de posse do Presidente dos Estados Unidos da América".

A firma, que se apresenta como "uma reputada empresa americana no sector da Defesa, constituída por veteranos americanos com décadas de experiência operacional", acrescenta que "a excelente relação bilateral entre os Estados Unidos e Angola, sobretudo nos últimos anos" permitiu-lhe, analisar o mercado angolano que, "com a crescente abertura e envolvimento internacional, deve ser encarado com o respeito e interesse que merece". NJ

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