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Sexta, 11 Dezembro 2015 16:00

Osvaldo Caholo diz desconhecer origem de documentos militares secretos

O réu Osvaldo Sérgio Correia Caholo negou a acusação de que nos seus pertences apreendidos, estava um relatório síntese secreto sobre as principais ocorrências relacionadas com as unidades militares, pertencente ao Serviço de Inteligência Militar.

Advogado de activistas quer general Zé Maria ao Tribunal

Osvaldo Sérgio Correia Caholo respondia hoje, sexta-feira, nos interrogatórios do processo contra os 17 arguidos acusados de actos preparatórios de rebelião, que decorre desde 16 de Novembro, em Luanda.

De acordo com este tenente de 26 anos de idade, pertencente ao 197º regimento de Defesa antiaérea, talvez alguém tenha colocado (o relatório) no seu computador, posteriormente à sua detenção.

Acrescentou que apenas possuía um manual para ministrar aulas aos militares e que não se tratava de nenhum documento secreto.

Ao longo da audiência, mostrando-se bastante disposto a responder todas as questões colocadas pelo juiz Januário Domingos, ao contrário dos co-réus ouvidos até ao momento pelo tribunal, disse ser amigo de Domingos da Cruz e conhecer todos os outros por serem seus amigos nas redes sociais.

Disse não ter conhecimento de que os seus amigos eram activistas, nem tão pouco sobre o que estavam a debater.

Ainda questionado pelo juiz da causa se alguma vez projectou a alteração do poder político, Osvaldo Caholo disse nunca o ter feito, uma vez que deve a sua lealdade e fidelidade à pátria, bem como reafirmou a sua obediência ao Presidente da República, enquanto Comandante em Chefe das Forças Armadas Angolanas (FAA).

No entanto, durante a audiência, a defesa apresentou um incidente de falsidade pelo facto de, na visão desta, o documento militar secreto ter sido incluído nos autos pelo Serviço de Investigação Criminal (SIC) para incriminar o réu.

De igual modo, através do advogado Walter Tondela, solicitou ao Tribunal que seja chamado para ser ouvido o suposto autor do mesmo, general António José Maria, chefe dos Serviços de Inteligência e Segurança Militar.

No entanto, por questões técnicas que levaram o juiz da causa a suspender mais cedo a sessão de julgamento desta sexta-feira, o requerimento só será analisado segunda-feira.

No final, o advogado Walter Tondela disse à imprensa que esta é uma questão muito importante para a defesa porque o réu, além de não ter participado em nenhum dos debates, confronta-se com um documento extremamente secreto que os Serviços de Inteligência Militar enviaram ao Presidente da República.

“Nós levantamos incidente de falsidade porque o documento não estava nem assinado, nem carimbado e não acreditamos que uma instituição como esta possa fazer vazar um documento ultra secreto, daí que pedimos também a presença do autor para confirmar a autenticidade do mesmo”, salientou.

Em relação à possível greve de fome dos arguidos, deu a conhecer que sábado haverá uma conversa com os mesmos para que seja feito um trabalho pedagógico, apesar de que qualquer decisão neste sentido seja igualmente um direito que lhes assiste.

Ainda em relação a este assunto o porta-voz dos Serviços Prisionais, Menezes Cassoma, disse não existir nenhuma greve de fome por parte dos mesmos, uma vez que quinta-feira houve um encontro com os reclusos e, em momento algum, eles referiram-se a este aspecto.

“Estas são simples especulações, uma vez que era intenção dos mesmos , mas que não chegaram a efectivar. Eles consideraram que há muita morosidade no processo e entendiam que, por este facto, deveriam entrar em greve de forma a pressionar o Tribunal a ser mais célere. Na quarta-feira, o juiz explicou que este julgamento não é sumário, mas de querela e, como tal, existe um determinado ritual a ser seguido”, disse.

Em relação a uma suposta carta enviada ao Presidente da República, esclareceu que havia esta suposta pretensão de enviar tal carta neste sentido, mas que a mesma nunca chegou a existir.  

A sessão de interrogatório prossegue segunda-feira sob a instância do Ministério Público, que vai consignando apenas em acta as suas questões, devido a postura dos réus de não responder.

Entre os arguidos, 15 estão detidos desde o mês de Junho e duas respondem em liberdade.

ANGOP

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