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Sábado, 31 Outubro 2015 10:02

Basta uma fricção para começar um fogo em Angola diz investigador

O angolano e professor de Política Comparada na Universidade de Oxford Ricardo Soares de Oliveira considerou hoje que Angola vive "numa atmosfera volátil" e que "basta apenas uma pequena fricção para começar um fogo".

Num artigo publicado na edição eletrónica da conceituada revista de Relações Internacionais `Foreign Affairs`, Soares de Oliveira traça um retrato negro dos últimos anos de Angola e diz que a descida dos preços do petróleo evidenciou as fragilidades do regime liderado por José Eduardo dos Santos há décadas, visivelmente afetado pelos protestos.

"Apesar das muitas analogias com a `Primavera Árabe`, seria uma tolice desvalorizar o poder do regime de Dos Santos", diz o autor, explicando que "o MPLA é uma máquina formidável que ainda está relativa coesa" e lembrando que "o orçamento do setor da segurança em Angola é maior do que o da Nigéria e África do Sul combinados, e as forças armadas, serviços de inteligência e a polícia continuam leais ao Presidente".

Só que, escreve, "o exagero nas reações do regime às aparentemente inócuas e pacíficas formas de protesto sugere que está mesmo com receio de perder o controlo", não tanto do ponto de vista político, mas sim do apoio popular, celebrizado pelos 15 ativistas que foram presos em junho e que ainda aguardam julgamento.

No artigo que passa em revista a dependência de Angola das receitas do petróleo e que critica a "oportunidade perdida de proporções monumentais" para se usar esses fundos para desenvolver o país, Soares de Oliveira afirma que desde 2002, "os fundos estatais foram esbanjados em projetos sem sentido ou açambarcados por poucos, ao passo que a maioria dos angolanos ficou sem nada".

Por isso, conclui, "à medida que esses cidadãos acordam dos seus sonhos de petro-prosperidade para tempos mais duros, a questão essencial é saber para onde irá a sua insatisfação, especialmente agora que os recursos do Estado para `subornar` os descontentes estão a esvair-se".

Lusa

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