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Terça, 30 Junho 2020 23:46

SIC investiga uso de armas de fogo nos templos da IURD

Peritos do Serviço de Investigação Criminal (SIC) estão a conduzir uma investigação relacionada ao uso de armas de fogo na ocupação de templos da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), revelou, ontem, em Luada, o Ministério do Interior, em comunicado de imprensa a que OPAÍS teve acesso

O director do Gabinete de Comunicação Institucional e Imprensa deste Ministério, Waldemar José, esclarece, no comunicado, que nos últimos dias ocorreram novos factos nos templos da referida IURD, que consistiram na tomada do controlo de instalações com recurso a força, ameaças de morte, ofensas corporais e uso de armas de fogo, actos que constituem crime no ordenamento jurídico angolano.

“Porquanto, as autoridades do Serviço de Investigação Criminal instauraram um novo processo- crime para aferir a imputação objectiva da responsabilidade criminal dos seus autores”.

Garante, por outro lado, que os órgãos do Ministério do Interior têm acompanhado, com atenção, os conflitos internos que ocorrem no seio da IURD, baseados em acusações contra as suas lideranças em Angola, por actos que poderão ser considerados como infracções criminais à luz da lei penal vigente, o que deu lugar à abertura de processo-crime que corre os seus termos no SIC.

Waldemar José apela, no documento, a que, enquanto decorrer o respectivo processo-crime, as partes em conflito a não realizem actos que configurem infracção em sede da legislação vigente, bem como respeitarem os trâmites legais dos processos que correm curso nas instâncias judiciárias, sob pena de serem aplicadas outras medidas previstas na lei.

De realçar que a denúncia de que uso de arma de fogo nos templos da IURD foi feita, na semana finda, publicamente, por pastores angolanos que assumiram a liderança dos templos, por divergência com a liderança brasileira da mesma igreja.

Num comunicado de imprensa a que OPAÍS teve acesso, os pastores que se afirmam como membros de uma Comissão de Reforma da IURD acusaram os seus colegas brasileiros de terem contratado 40 supostos marginais para atentarem contra as suas vidas e das suas famílias, a troco de 500 mil Kwanzas para cada um.

Afirmaram que tais indivíduos, repartidos em grupos fortemente armados, dirigiram-se, às 3horas da manhã de Quarta-feira, 24, aos templos e às suas residências com o intuito de cumprirem a missão.

Esclarecem que ficou evidente a intenção dos supostos marginais, pagos com dinheiro de sacrifício dos fiéis angolanos. “Os referidos marginais fizeram-se transportar numa caravana de automóveis, incluindo uma viatura com a matrícula LD-87-25- GF, caracterizada da Record TV Angola”, lê-se no documento. Garantem ainda que a caravana de supostos marginais era liderada por um pastor de nacionalidade brasileira.

Essa acção surgiu em resposta ao facto de mais de 300 pastores angolanos terem ocupado os templos da referida igreja que se encontravam sob gestão de pastores de nacionalidades brasileira e moçambicana, nos dias 22 e 23 do corrente mês. OPAÍS

Os “reformistas da IURD” afirmaram estarem em pleno gozo de funções e dos direitos, pelo que, imbuídos de um espírito de fé e bravura, decidiram pôr fim a más práticas perpetradas pelo bispo Honorilton Gonçalves, nomeadamente o racismo, arrogância, abuso de poder e de confiança.

De acordo com os aludidos pastores, após tais acontecimentos foram surpreendidos com uma campanha de desinformação e disseminação de mentiras, fazendo crer que os ex-pastores e os ex-obreiros foram os protagonistas dos referidos actos, desencadeada pelo bispo acima mencionado.

A ala brasileira da IURD, por seu turno, num comunicado tornado público, acusou a Polícia Nacional de estar inerte e nada fazer para repor o que descreve como legalidade.

Eles negam que a igreja esteja sendo liderada por duas alas, uma ala angolana ou uma ala brasileira, afirmando que a mesma é uma instituição mundial, “dirigida pelo Espírito de Deus e com o Conselho de Direção constituído legalmente”.

Descrevem os actos praticados pelos seus antigos fiéis colaboradores de “actos criminosos, beirando ao terrorismo, além da inércia de algumas autoridades competentes”.

O seu líder e fundador Edir Macedo afirmou, numa videoconferência transmitida por um dos canais da igreja, que os pastores angolanos que se rebelaram contra a sua liderança estão amaldiçoados e vão descer “à sepultura mais cedo do que possam imaginar”.

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