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Sábado, 02 Mai 2020 20:42

Covid-19: Atrasos e desorganização marcaram terceiro dia da testagem aos passageiros

Atrasos, aborrecimentos, longas filas e muitos desabafos foi o cenário vivido ontem no Hospital Américo Boavida, em Luanda, um dos locais preparado para a colheita de amostras da Covid-19 aos passageiros dos voos DT 651 e DT 653 da TAAG, provenientes de Lisboa, Portugal, nos dia 18 e 19 de Março. Em três dias, foram recolhidas mais de 500 amostras.

Das seis às 9h30 minutos, nenhum técnico estava presente para fazer a colheita das amostras. Apenas às 10 horas foi montado o cenário para o efeito.  O descontentamento dos passageiros era visível e muitos deles tiveram de andar a pé para chegar ao Hospital Américo Boavida, por falta de táxis.  À reportagem do Jornal de Angola, muitos confirmaram que já estavam a trabalhar, depois de terem cumprido os 14 dias da quarentena domiciliar.

José Dias, funcionário público, disse que não lhe foi solicitado o teste da Covid-19 pela entidade empregadora. Ele questionou os motivos que fizeram com que a testagem não fosse feita quando chegaram ao país. Patrício Bicho conta que tem sido vítima de preconceito, principalmente de colegas de trabalho, para quem os passageiros vindos de Portugal trouxeram a Covid-19 ao país.

Já António Alves, de nacionalidade portuguesa, reside em Angola há 11 anos. Especialista em reparação de elevadores, também reclamou da chegada tardia dos técnicos e a desorganização no local. Manuel Santos chegou ao Hospital Américo Boavida às 10 horas. Conta que a entidade empregadora exigiu um teste da Covid-19 antes de retomar o trabalho.  Francisca Nanga exortou os outros passageiros a fazerem os testes, por ser um processo simples e rápido.

Recolhidas 500 amostras

O coordenador da equipa de resposta rápida contra a pandemia lamentou o atraso registado. Nilton Saraiva disse que, em três dias, foram recolhidas mais de 500 amostras. Deste número, 190 foram colhidas ontem. “Pelo número de amostras, não será possível ter os resultados em 24 horas, mas sim em 48 ou 72 horas”, acautelou, garantindo que vão trabalhar até atender o último passageiro.

Escola Nacional de Saúde Pública

Na Escola Nacional de Saúde Pública, os passageiros do voo DT 651 começaram a ser atendidos com duas horas de atraso. A testagem, que devia começar às oito e terminar às 11h30 minutos, iniciou apenas às 10. O atraso deveu-se à chegada tardia dos técnicos de saúde e do material de apoio. À porta da instituição, havia muita gente de pé, perfilados, todos juntos, expostos ao sol, sem respeitar um metro e meio de distância. Apenas usavam máscaras de protecção.

Todos mostraram-se cansados com o tempo de espera. A supervisora da equipa de saúde destacada no local fez a distribuição de algumas fichas, mas o cenário não se alterou. Os ânimos entre técnicos e passageiros passaram dos limites. Os técnicos de saúde tiveram de pedir calma a supervisora, que estava com os nervos à flor da pele. Apesar da confusão os exames começaram a ser realizados.

Havia uma lista onde constava o nome de todos, mas os idosos, as gestantes e crianças tiveram prioridade no atendimento. A reportagem do Jornal de Angola não escapou da fúria da supervisora. “Não vou dar entrevista, além disso, ninguém está autorizado a falar”, disse exaltada.

Péssimas condições

Com o filho de apenas dois meses ao colo, Edmázia Paulo lamentou as péssimas condições encontradas na Escola Nacional de Saúde Pública. Foi preciso passar três horas para ela ser atendida. Antes disso, deambulava de um lado para o outro, devido aos mosquitos que incomodavam e o calor que se fazia sentir. Queixou-se também das casas de banho que, segundo ela, estavam sujas e com mau cheiro. “Nestas condições, as pessoas ainda correm o risco de apanhar o vírus, porque não se respeitam as medidas de prevenção”, lamentou. JA

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