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Segunda, 20 Abril 2020 17:41

Especialista pede auditoria técnica a infraestruturas do plano de reconstrução de Angola

O presidente da Associação Angolana de Projetistas e Consultores (AAPC) propôs hoje uma auditoria técnica às infraestruturas construídas ou reabilitadas no plano de reconstrução nacional, corresponsabilizando as instituições financiadoras pela fraca qualidade de muitas obras, algumas inacabadas.

Questionado sobre a conclusão do plano de drenagem de Luanda, uma obra que considerou “complexa” e com custos elevados que o país não está em condições de suportar, José Paulo Nóbrega recordou que, ao longo dos anos da reconstrução nacional, que se sucedeu ao fim da guerra civil em 2002, nem sempre o dinheiro foi bem aplicado.

“Esgotou-se o dinheiro que se tinha para fazer estes trabalhos, deixando-os por concluir. Agora é preciso encontrar as verbas adequadas para poder terminar essas intervenções, num país que tem as dificuldades que conhecemos para pagar essas dívidas, que nem sempre foram úteis”, lamentou José Paulo Nóbrega.

O especialista sublinhou que muitas empresas “não tiveram a melhor atuação, e não é só um problema de Angola porque essas empresas foram indicadas por instituições que financiaram a dívida e nem sempre esse dinheiro foi bem aplicado e alguns dos trabalhos não foram terminados”.

Defendeu, por isso, a necessidade de uma auditoria técnica: “As pessoas ficariam surpreendidas por reparar que nem sempre a responsabilidade é dos políticos angolanos”, afirmou o engenheiro, considerando que houve “muita irresponsabilidade na abordagem técnica que foi efetuada”.

Para o responsável da AAPC, as instituições que financiaram a dívida contraída por Angola para a reconstrução nacional “são corresponsáveis pela falta de qualidade de muitas infraestruturas”, algumas das quais ficaram por concluir.

Em causa está a forma como foram construídas ou recuperadas algumas estradas, pontes e outras infraestruturas.

“A maior parte dessas obras foram feitas por empresas que foram indicadas por quem financiou, empresas que têm alvarás e técnicos e, apesar disso, fizeram obras que não duraram tempo nenhum e que estão destruídas”, criticou o engenheiro, salientando que o país está a ser reconstruído “pela segunda vez”.

Lembrando que “a reconstrução nacional é um assunto muito caro a um país”, José Paulo Nóbrega assinalou que Angola “não tem capacidade financeira para se reconstruir, de três em três ou quatro em quatro anos”, o que está a acontecer com algumas estradas e pontes.

“Isso em termos financeiros para o país é um desgaste extremo e as responsabilidades das obras mal feitas nem sempre podem ser apontadas” aos decisores angolanos, reforçou o presidente da AAPC, frisando que “as pessoas, de forma ligeira, tentam indicar fatores socialmente reprováveis, mas também existem fatores tecnicamente reprováveis”.

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