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Segunda, 23 Março 2020 22:28

Portugueses ameaçados e insultados em Angola após primeiros casos de Covid-19 no país

Uma lista com nomes, telefones e moradas de cidadãos provenientes de Portugal que chegam a Luanda está a ser divulgada nas redes sociais em Angola e há portugueses com medo de sair à rua por serem vistos como culpados pela introdução da doença no país.

"Trouxeste a doença, vai para a tua casa"

Uma mulher de 50 anos foi agredida num supermercado em Luanda no sábado, dia em que foram conhecidos os dois primeiros casos de Covid-19 no país, por cidadãos angolanos que regressaram de Portugal. A vítima sofreu um traumatismo craniano e teve que receber assistência hospitalar. Proveniente de Santarém, a auxiliar de educação na Escola Portuguesa de Luanda estava em Angola desde janeiro, não sendo um dos casos que tinha que cumprir quarentena obrigatória.

O caso foi denunciado ao JN por uma colega da vítima, professora na mesma escola, que prefere manter-se no anonimato e confessa medo em sair de casa por já ser constantemente insultada na rua. "Vai-te embora (...), trouxeste a doença, vai para a tua casa".

A docente considera que desde sábado que há um clima de grande animosidade contra os portugueses e culpa o governo por "pedir aos angolanos que denunciem aqueles que entram em Angola e não cumprem a quarentena obrigatória". "Momentos depois do anúncio dos primeiros infetados, a lista começou a ser partilhada nas redes sociais", lamenta.

O desejo da docente é sair do país, onde está desde janeiro, e tinha voo marcado para o dia 28, mas foi cancelado. Já pediu repatriamento urgente à embaixada portuguesa e ainda não obteve resposta.

Na escola, queixa-se de corte de ordenados desde outubro e o não pagamento do último salário, o que torna impossível o pagamento do valor dos voos existentes. "Os voos que estão a ser autorizados a sair de Luanda rondam os 2300 euros o bilhete, exemplo do voo anunciado da Euroatlantick para repatriamento dos portugueses". "Foi ainda anunciado um voo da TAP na próxima quarta-feira, com preços a partir dos 1800 euros, o que para os professores com ordenado em atraso, é insustentável", afirma.

Até encontrar uma solução, tem que continuar a dirigir-se diariamente à escola, onde não há aulas desde sexta-feira. O JN questionou a Cooperativa que gere a Escola Portuguesa de Luanda sobre os salários em atraso, mas até ao momento não obteve resposta. No mesmo sentido foi contactado o Ministério da Educação, do qual não obteve resposta até ao momento. JN

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