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Quarta, 29 Janeiro 2020 17:31

Cofre de Previdência da polícia “sem fundos” e com património “hipotecado por dívidas” – direção

O Cofre de Previdência do Pessoal da Polícia Nacional (CPPPN) angolano está numa situação "dramática e catastrófica", nomeadamente sem fundos de subsistência, "com os cofres vazios" e património "hipotecado por inúmeras dívidas", disse nesta quarta-feira o presidente.

"Encontrámos os cofres do Cofre completamente vazios, sem nenhum kwanza, temos agora alguma poupança, muito pouca, nada de relevo, mas que a seu tempo vai aumentando", afirmou hoje o novo presidente de direção do CPPPN, Domingos Jerónimo.

Segundo o responsável, o "quadro negro" da instituição deve-se a passivos deixados pela gestão cessante, que colocou o Cofre em "total descrédito" diante dos associados.

A nova direção do Cofre de Providência do Pessoal da Polícia Nacional angolana, criado na época colonial, tomou posse em 25 de Setembro de 2019.

Falta de apoio

Falando em conferência de imprensa sobre o balanço das atividades desenvolvidas durante os primeiros 100 dias de trabalho da nova gestão, Domingos Jerónimo disse que os mais de 120.000 associados divorciaram-se da anterior direção por esta "deixar de prestar qualquer apoio social" aos mesmos.

"Desde 2014 o Cofre deixou de dar apoios aos associados sem razões que justificassem tal medida. A direção cessante deixou de honrar os seus compromissos fundamentais consagrados nos estatutos do Cofre", notou.

Entre os "incumprimentos" da anterior gestão do CPPPN, adiantou, estão a "não atribuição", desde 2015, de subsídios por morte e pensões de reforma aos associados.

"Um trabalho árduo e prioritário da atual direção permitiu constatar que os processos que deram entrada desde 2015 a 2019 não tinham sido atendidos", assinalou.

"Navegar ao sabor do vento"

No domínio da gestão e administração dos fundos, Domingos Jerónimo referiu que os seus antecessores "não utilizavam as ferramentas básicas de gestão", como o orçamento, situação que levou os mesmos a "navegar ao sabor do vento".

Pois, frisou, não tinha (a gestão cessante) um "documento que provisionasse as receitas que cabimentassem as despesas".

Além disso, referiu, "desde 2014, a direção cessante deixou de valorizar o conselho de direção, o que pressupõe que as decisões eram tomadas de forma unilateral".

O também superintendente-chefe da polícia angolana adiantou que, em relação à questão económico-financeira, a direção cessante mergulhou o Cofre numa "situação catastrófica".

Hipoteca à banca

Em consequência dos empréstimos contraídos pela anterior direção do CPPPN, explicou o responsável, uma semana depois de a nova gestão tomar posse, o banco BIC, "sem qualquer notificação", mobilizou "coercivamente" os depósitos a prazo aí domiciliados.

"São cerca de 1 milhão de euros e 5 milhões de dólares americanos mobilizados por este banco", realçou.

E deste modo, acrescentou: "Encontrámos o Cofre totalmente endividado, quer com a banca quer com outros credores. Todo o património do Cofre, inclusive o edifício onde se situa a sede da instituição está hipotecado à banca".

O presidente do CPPPN angolano acusou igualmente a direção anterior de ter assumido compromissos com sócios para atribuição de residências, mas estes não receberam as moradias mesmo após pagamentos efetuados.

"Mas não receberam, até a data, as respetivas residências. Depósitos que não foram efetuados nas contas do Cofre, mas sim em contas estranhas à instituição", indicou.

Esta situação, sustentou, "tem obrigado a atual direção a renegociar com os sócios lesados, em alguns casos têm sido feitos reembolsos".

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