Quinta, 25 de Abril de 2024
Follow Us

Quinta, 26 Dezembro 2019 13:50

Governo gasta 20 milhões de dólares por ano com autoridades tradicionais

Angola gasta anualmente 9,6 mil milhões de kwanzas (20 milhões de dólares) com subsídios para 40.075 autoridades tradicionais, admitiu o governo, que está a avançar com uma nova legislação que deverá "expurgar" os sobas "fantasmas".

"O Estado gasta por mês cerca de 800 milhões de kwanzas (1,7 milhões de dólares) só em subsídios com os sobas, autoridades tradicionais, e são valores demasiados pesados, daí a necessidade de regulamentar a atividade e depurarmos os sobas fantasmas", afirmou hoje à Lusa a diretora nacional das Comunidades e das Instituições do Poder Tradicional de Angola, Rosa Melo.

Segundo a responsável, a proposta de Lei sobre as Instituições do Poder Tradicional, que esteve pouco tempo em discussão pública, entre agosto e outubro de 2019, está já em "vias de aprovação" no conselho de ministros "com todos os contributos dados no que foi possível fazer-se a nível das províncias".

"De facto foram muitos contributos, porque aquela proposta, em si, já era fruto de outras tantas contribuições, e o que estamos a ver é que haverá ainda de ser melhorada futuramente", disse.

Fiscalização

A proposta de lei estabelece os princípios e regras relativas às atribuições, competências, organização, regime de controlo, da responsabilidade e do património dessas instituições e do seu relacionamento com os órgãos do Estado angolano.

Em relação ao número real de autoridades tradicionais espalhadas por Angola, Rosa Melo admitiu que as autoridades estão a fiscalizar os dados.

"Já quase todas (as províncias) entregaram-nos a relação nominal e precisamos fazer, é um trabalho para apurar, peneirar, porque no meio de tudo isso ainda temos algumas lacunas", sublinhou.

Reconhecimento

O diploma inclui também abordagens sobre a indumentária, a entronização, os subsídios, criação de associações do poder tradicional e vem regular o processo de reconhecimento de novas autoridades de acordo com as normas consuetudinárias das Instituições Tradicionais.

O reconhecimento pelo Estado de novas autoridades tradicionais ou de certificação do estatuto de Autoridade Tradicional, adianta, é conferido mediante prévio parecer do órgão colegial representativo nacional de Autoridades, a ser criado como associação pública.

De acordo ainda com a também diretora nacional das Comunidades e das Instituições do Poder Tradicional do Ministério da Cultura angolano, o Estado propôs-se pela primeira vez em legislar as ações do poder tradicional no país para o "melhor controlo" da atividade.

Rate this item
(0 votes)