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Quinta, 19 Dezembro 2019 01:24

Mãe de jornalista Abel Abraão solicita investigação à morte do filho

A família do repórter de guerra Abel Abraão, falecido em finais de Novembro, na cidade do Cuito, deu entrada de uma queixa-crime junto da representação da Procuradoria-Geral da República na província do Bié, por suspeitar que o jornalista não tenha morrido de causas naturais.

O Jornal de Angola tomou conhecimento da decisão da família do falecido jornalista quando soube que a mãe de Abel Abraão escreveu para a Ordem dos Advogados de Angola (OAA) a pedir assistência judiciária, por não ter condições financeiras para constituir um advogado.

Na carta, endereçada à Ordem dos Advogados de Angola, Albina Caveli Salgado pede que lhe seja concedida assistência judiciária, por ter dado entrada de uma queixa-crime, remetida ao subprocurador-geral da República titular da província do Bié, sobre “possíveis indícios que levaram à morte de Abel Abraão.”

A mãe de Abel Abraão, jornalista que antes de morrer ainda viu o seu nome a ser atribuído à Mediateca do Bié, pede à Ordem dos Advogados de Angola que indique um advogado sénior e com experiência na área criminal para dar seguimento ao processo remetido à Procuradoria-Geral da República no segundo dia deste mês de Dezembro.

Albina Caveli Salgado pediu encarecidamente à Ordem dos Advogados de Angola que respondesse, com maior brevidade possível, ao seu pedido, porque os suspeitos podem ser notificados a qualquer momento para serem ouvidos pela Procuradoria-Geral da República.

Enoque Chivango, o advogado indicado pela Ordem dos Advogados de Angola para defender os interesses da família de Abel Abraão no processo, confirmou, hoje, ao Jornal de Angola, a partir do Bié, a entrada de um pedido de assistência judiciária feito por Albina Caveli Salgado, mãe do malogrado jornalista.

Numa conversa telefónica, o advogado Enoque Chivango foi parco em palavras, um cuidado que teve para, como alegou, não comprometer a confiança que deve haver na relação advogado-constituinte.

Após insistência do repórter, o causídico, sempre cauteloso e lacónico, revelou que deu entrada, na terça-feira, na representação da Procuradoria-Geral da República na província do Bié, de um documento que lhe outorga poderes forenses para representar a mãe de Abel Abraão no processo resultante da queixa-crime.

A autópsia ao corpo de Abel Abraão revelou ter sido um AVC a causa da morte do repórter de guerra, mas a família do repórter de guerra admite que o seu desaparecimento físico tenha sido resultante da “interferência de terceiros.”

“Por enquanto, eu não consigo ir ao detalhe”, explicou o advogado Enoque Chivango, acentuando que, para melhor se pronunciar, precisa de fazer um acompanhamento da investigação da PGR à morte do jornalista, para o apuramento dos “indícios de crime” que a família admite haver em torno da morte de Abel Abraão.

A uma pergunta sobre se já esteve com a mãe de Abel Abraão, o advogado disse ter estado, até ontem, apenas com um irmão do malogrado, que lhe disse estar a família revoltada com a morte do repórter de guerra.

Abel Abraão ficou conhecido do público por ter feito, na condição de repórter de guerra, a cobertura da guerra do Cuito, uma cidade que esteve sitiada pelas forças militares da UNITA, na sequência do retorno à guerra civil, depois de a UNITA ter rejeitado os resultados das primeiras eleições gerais da história de Angola, realizadas em 1992.

Correndo risco de vida debaixo de flagelamentos diários do exército da UNITA contra a cidade do Cuito, Abel Abraão narrava o desenvolvimento do teatro de guerra em horário nobre da Rádio Nacional de Angola (RNA), para cuja emissora estatal entrou, ainda jovem, em 1980.

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