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Sexta, 11 Outubro 2019 09:55

Religiosos pedem à população mais paciência

O porta-voz da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé e Príncipe (CEAST), Dom Belmiro Tchissengueti, pediu mais paciência à população, neste momento em que o país está mergulhado numa crise económica e financeira profunda, com graves incidências sociais fruto da má gestão, corrupção, nepotismo e impunidade.

De acordo com o também bispo da Diocese de Cabinda, nos últimos dois anos tem havido um esforço, da parte do Executivo, de corrigir "estes males altamente recalcitrados no nosso contexto. Este esforço levará tempo e precisamos de paciência."

Diante desse quadro, aproveitou a oportunidade para apelar às autoridades para que sejam consequentes “quando exigem esforços e sacrifícios aos cidadãos. Os sinais recentes de esbanjamento público desencorajaram a compreensão da crise por parte da população”, afirmou.

Quanto à manifestação convocada para hoje, em que um grupo de jovens, músicos e Dj apela à paralisação total das instituições, o porta-voz da Ceast condena tal atitude, justificando que “os organizadores da manifestação devem ter rosto e indicar objectivos, quando não há rostos os objectivos são inconfessos e gera-se desordem”.

Ainda a propósito do as-sunto, em declarações feitas à TPA na quarta-feira, Dom António Jaka, bispo de Benguela, foi de opinião que, embora reconheça o respaldo constitucional do exercício do direito de manifestação, “é fundamental que se exercite também o direito com responsabilidade”.

No entender do prelado, deixar de ir trabalhar não resolverá os problemas que estão a motivar a realização do protesto, razão pela qual pediu que se reflicta para ver se é a melhor maneira de se buscar a solução.

“Para o caso de uma zungueira, se não for trabalhar, penalizará a sua família, que, neste dia, não terá o que comer”, frisou.

Dom António Jaka referiu que os cidadãos têm a liberdade de se manifestar, por estar constitucionalmente consagrado, mas, por outro lado, sublinhou que a sociedade pode usar outros mecanismos para resolver conflitos.

“Temos vários sectores que podem contribuir para a resolução da crise económica”, aclarou.

Para o Reverendo Luís Nguimbi, a realização de manifestações não é o melhor caminho para a resolução dos problemas que o país enfrenta.

“Sempre sustentei a ideia de que temos de estar activos, trabalhando e, ao mesmo tempo, discutindo o país”, realçou, para acrescentar que os resultados desse trabalho é que vão, depois, indicar o caminho que se deverá construir, para uma nova realidade que o país exige de todos nós.

Luís Nguimbi lembrou que Angola tem a sua própria história, por essa razão tem apelado muito aos jovens que o momento não é oportuno para importação de ideias e realidades de fora, para implementar no país.

“Conseguimos uma paz que está em fase de consolidação, entramos numa nova governação, está um novo Presidente a dirigir a vida política e social do país, portanto penso, como cidadão, que vamos, em torno desse homem, continuar a apresentar as nossas ideias, para depois fazermos o balanço que se impõe”, aconselhou.

Manuel Faustino, presidente da associação dos taxistas, defende que as pessoas que pretendem reivindicar descontentamento sobre o país, para melhoria da sociedade, devem dirigir-se aos órgãos competentes, a fim de manifestarem, de forma cívica e culta, os seus desagrados.

“Isso fará com que os nossos dirigentes os oiçam e façam o que é necessário, dando respostas às situações que elas exigem”, aclarou.

Como agentes económicos, o responsável disse ser missão principal deles trabalhar e não paralisando os serviços.

“Acredito que todos os taxistas têm patrão e que não querem deixar de ganhar a sua diária”, vaticinou, tendo acrescentado que as pessoas devem mobilizar-se para trabalhar para se ultrapassar a crise económica.

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