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Terça, 04 Dezembro 2018 13:10

Foi-me recusada a entrada no palácio, por não constar da lista de convidados - Rafael Marques

O jornalista e ativista Rafael Marques diz ter sido impedido de entrar no palácio presidencial de Angola para assistir a uma audiência que o presidente João Lourenço tinha organizado com “representantes da sociedade civil”. Num texto publicado na página do Maka Angola, o portal onde Rafael Marques escreve, o ativista diz ter sido chamado para participar na audiência, mas que acabou por ser expulso por não constar na lista dos convidados.

Texto integral da Maka Angola

Gerou-se alguma expectativa, ao nível da opinião pública, sobre a minha participação na audiência que o presidente da República está a conceder a representantes da sociedade civil. Essa expectativa foi, sobretudo, criada pelo comunicado de imprensa da PR sobre o encontro, que foi amplamente difundido nos órgãos de comunicação social, os quais destacavam o meu nome.

Infelizmente, não participo do encontro que o ministro da comunicação social, João Melo, sempre fascista de espírito, qualifica como incluindo alguns “activistas antigovernamentais”. Foi-me recusada a entrada no palácio, por não constar da lista de convidados.

Durante cerca de 20 minutos, tive a oportunidade de conversar com o Luaty Beirão, a Alexandra Simeão e o Frei Júlio Candeeiro numa das salas de espera do Protocolo da Presidência. Durante esse período, passaram por nós, a seu tempo, dois funcionários com listas, a confirmar a nossa presença, entre outros que nos cumprimentaram à distância.

Fomos encaminhados ao palácio, do outro lado da rua, onde nos aglomerámos junto ao detector de metais para a certificação final dos convidados. Cumprimentei e troquei breves impressões com a Lúcia Silveira, o José Patrocínio, o Salvador Freire, assim como outros dignos representantes da sociedade civil e colegas de profissão, como o Gito Micoli e o Borralho Ndomba.

Após a entrada prioritária dos jornalistas, fez-se então a chamada dos convidados. Havia uma segundo indivíduo com outra lista de chamadas a confirmar. E assim foram todos passando pelo detector de metais e devidos procedimentos de segurança. Fui o último. O chamador referiu que já só tinha na lista o nome do Job Capapinha, um dirigente do MPLA nas vestes de sociedade civil, e leu mais uma ou duas organizações também ligadas ao partido no poder. Disse que o meu nome não constava da lista e que eu não podia entrar. O outro confirmou. Agradeci.

Porque acredito na boa vontade do presidente João Lourenço, acedi ao convite para participar do encontro.

Regressei ontem ao país e, para meu espanto, ouvi a difusão de um comunicado de imprensa da PR, no qual sou referido como representante da Open Society, uma organização com o qual não tenho qualquer vínculo há 15 anos. Isto apesar de eu ter esclarecido e reiterado com a assessoria para os Assuntos Sociais do PR que não represento nenhuma instituição. O meu trabalho é do conhecimento público. Fundei o portal www.makaangola.org, através do qual há muito me dedico a investigar a alta corrupção no país e a violação dos direitos humanos.

Serve a presente nota para esclarecer a verdadeira razão da minha ausência no encontro do PR João Lourenço com a sociedade civil. A segurança não permitiu a minha entrada, por eu não constar da lista final de convidados. Os serviços de apoio do PR até podem ter uma melhor explicação. Vi à porta altos funcionários da Presidência e da assessoria de imprensa.

Eu estive lá, mas não me deixaram entrar.

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