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Terça, 03 Abril 2018 13:34

Ministro das Relações Exteriores no Brasil para preparar visita de João Lourenço

O ministro das Relações Exteriores de Angola, Manuel Augusto, chega sábado a Brasília, onde vai preparar a visita de Estado que o Presidente angolano, João Lourenço, realiza ao Brasil, a partir de 03 de maio.

De acordo com informação do Ministério das Relações Exteriores a que a Lusa teve acesso, a data da visita de Estado já foi confirmada pelo embaixador do Brasil acreditado em Luanda.

A última visita de um chefe de Estado angolano ao Brasil aconteceu em junho de 2014, quando José Eduardo dos Santos foi recebido em Brasília pela também então Presidente Dilma Rousseff.

O atual Presidente da República de Angola, João Lourenço, reuniu-se a 24 de janeiro na Suíça com o homólogo brasileiro, Michel Temer, tendo anunciado que prevê realizar uma visita oficial ao Brasil em maio.

Nas últimas semanas, o chefe da diplomacia brasileira, Aloysio Nunes, já visitou Luanda e o ministro das Finanças angolano, Archer Mangueira, deslocou-se ao Brasil, para acertar o reforço das relações bilaterais.

Na Suíça, em raras declarações aos jornalistas presentes, brasileiros e angolanos, à margem do Fórum Económico de Davos, o chefe de Estado angolano sublinhou então a importância das relações entre os dois países e anunciou a partida para Brasília do ministro das Finanças, Archer Mangueira, para negociar a retoma dos financiamentos a Angola do Banco Nacional de Desenvolvimento Económico e Social (BNDES).

O Presidente angolano sublinhou que aproveitou a oportunidade para "agradecer ao Presidente Temer" o convite formulado para visitar o Brasil.

"O encontro foi bastante bom, aliás era de esperar que assim fosse, tendo em conta as relações entre Angola e o Brasil serem relações de amizade, de cooperação, que datam de há bastante tempo, praticamente desde que Angola se tornou independente, há cerca de 42 anos", disse João Lourenço, sublinhando que a reunião serviu para abordar aspetos gerais da cooperação económica entre Angola e o Brasil.

"Devo adiantar apenas que a nossa prioridade é financiar as obras públicas de grande envergadura, nomeadamente infraestruturas nos setores da construção, da energia e águas, sobretudo em barragens hidroelétricas", justificou ainda João Lourenço, a propósito das negociações entre os dois governos.

O Governo angolano, então chefiado por José Eduardo dos Santos, informou no final de 2016 ter pedido esclarecimentos às autoridades brasileiras sobre a suspensão das linhas de crédito para obras em Angola, em curso por empresas daquele país, e que pretendia então enviar uma delegação governamental ao Brasil.

A informação foi prestada num comunicado do Governo que então garanta que a suspensão dessas linhas de crédito - que embora não seja referido no documento está relacionada com as investigações em torno da Operação Lava Jato - aconteceu "há mais de um ano" e obrigou à mobilização de outros recursos para garantir a prossecução das empreitadas.

O BNDES do Brasil anunciou anteriormente que estão suspensos os financiamentos para 25 projetos de empresas investigadas na Operação Lava Jato, entre eles obras em Angola e Moçambique.

Os 25 projetos somam 7,036 mil milhões de dólares (6,361 mil milhões de euros), dos quais 2,3 mil milhões (2,079 mil milhões de euros) já foram pagos, informou o BNDES.

Em causa estão obras no Polo Agroindustrial de Capanda, o aproveitamento hidroelétrico de Laúca (AH Laúca), o alteamento de Cambambe, e a segunda central da barragem de Cambambe, em Angola, num total de 808,8 milhões de dólares (731 milhões de euros). No comunicado, lê-se que "são financiamentos contratados a exportações de serviços de engenharia das empresas Odebrecht, OAS, Queiroz Galvão, Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez".

As cinco empreiteiras são investigadas no mega esquema de corrupção da petrolífera estatal Petrobras, conhecido como Lava Jato.

"Esta suspensão ocorreu, de facto, há mais de um ano e teve reflexos na atividade das empresas brasileiras que operam em Angola e se encontram vinculadas por importantes contratos de empreitada ao Governo angolano, que tiveram de interromper os seus trabalhos e de despedir pessoal angolano", refere, por seu turno, o comunicado do executivo, de 2016.

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