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Sexta, 23 Março 2018 13:17

Válter Filipe em vias de ser desculpabilizado por ''saber demais''?

Verificada uma discreta mas consistente movimentação no sentido do antigo governador do BNA ser ilibado de um processo de burla contra o Estado angolano, consubstanciado na escandalosa transferência, em Setembro passado, de 500 milhões de dólares do BNA para uma conta no Crédit Suisse de Londres, como garantia para um suposto financiamento de 30 biliões de dólares.

Fontes a que o Correio Angolense teve acesso dizem que Válter Filipe, antigo governador do Banco Nacional de Angola (BNA), não é a figura visada num documento por via do qual a principal instituição bancária do país notifica alguém para desocupar uma moradia que é propriedade do banco, sob pena de se recorrer a meios coercivos para a reaver.

De acordo com as mesmas fontes, a figura que no passado dia 15 foi intimada pelo Departamento Jurídico do BNA a desocupar a moradia, localizada num condomínio da prestigiada zona de Talatona em Luanda, será, supostamente, uma antiga executiva do banco central angolano e não o seu antigo governador, Válter Filipe.

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A não inclusão do nome da real ocupante teria alimentado na opinião pública a suspeita de que se trataria de Válter Filipe, este que, no entendimento de muitos, estaria desta forma a ser objecto de “pressões” por alegadamente ter sido o responsável pelo vazamento, nas redes sociais, de um ofício seu, ainda na qualidade de titular do BNA, dirigido em Agosto passado a José Eduardo dos Santos. Nesse ofício foram escancarados alguns detalhes em torno das negociações que desembocaram na polémica transferência de 500 milhões de dólares do BNA para uma conta no Crédit Suisse de Londres, como garantia para um suposto financiamento ao Governo de Angola no valor de 30 biliões de dólares.

Aquele ofício teve o efeito indirecto de expor publicamente o nome do antigo Presidente da República que, apesar de ter autorizado a referida transferência, não viu o seu nome “arrolado” ao processo recentemente despoletado pela Procuradoria-Geral da República, no qual Válter Filipe foi constituído arguido, bem como José Filomeno dos Santos “Zenu”.

Não deixa de ser curioso, entretanto, que esteja a verificar-se o que parece ser uma discreta movimentação no sentido da “ilibação” do próprio Válter Filipe em todo o processo. No espaço de análise retrospectiva aos principais acontecimentos da semana que partilhava com Gildo Matias na TV Zimbo, João Paulo Ganga apareceu, no último domingo, jurando a pés juntos que o antigo governador do BNA está “limpo” nessa estória do desvio dos “500 milhões”. Afiançou, inclusive, ter em sua posse documentos que comprovam a “inocência” de Válter Filipe.

Não são poucos os que associam o esforço de João Paulo Ganga para “limpar” a figura de Válter Filipe à retracção de uma eventual ideia que o regime pudesse ter no sentido de “sacrificar” o ex-governador do BNA no quadro de um propalado combate à corrupção. A ideia teria atolado nas dificuldades óbvias de sua materialização, sem que as cabeças de outras figuras graúdas envolvidas com Válter Filipe rolassem igualmente.

Valter Filipe, afinal, pode em princípio ser tido como o elo mais fraco da cadeia, mas ninguém no seu juízo perfeito pode deixar de ponderar o facto de ele ser detentor de informação comprometedora sobre muita “coisa podre” do topo do regime. Trata-se de um capital que seguramente angariou durante o curto tempo de estadia no governo do Banco central do país. CA

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