Isaías Samakuva, que falava ao canal de televisão "TV Zimbo", sublinhou haver má interpretação da sociedade sobre essa posição.
Recentemente o ministro da Administração do Território e Reforma do Estado, Adão de Almeida, acusou a UNITA de demagogia e populismo ao opor-se à implementação gradual das autarquias locais.
Adão de Almeida afirmou na altura que a UNITA tem memória curta, porque defendeu, em 2010, que a “criação das autarquias obedecesse aos princípios do gradualismo, da legalidade, diferenciação e da participação”.
Entretanto, o líder da UNITA discorda que o seu partido tenha feito recuo em relação ao princípio do gradualismo na implementação das autarquias.
A esse respeito, Isaías Samakuva afirma que a posição do seu partido está a ser destorcida, facto que está a induzir as pessoas ao erro.
"A UNITA não nega a necessidade do gradualismo", frisou.
Para o líder, a interpretação que a UNITA dá a essa questão (gradualismo) é diferente da que está a ser dada.
Entende que tendo sido a UNITA a sugerir o gradualismo, teria de ser dada a essa força política a sua interpretação.
Afirma que o gradualismo defendido pela UNITA tem a ver com a transferência de competências e atribuições da administração municipal para a autarquia.
"Estamos a falar de tipos de autarquias previstos na Constituição da República. A UNITA defende autarquias municipais, infra-municipais e supra-municipais nos termos da Constituição", disse o político.
Ao nível municipal, prosseguiu o ex-candidato a Presidente da República, as autarquias devem ser implementadas de uma só vez e na base da universalidade do voto e da igualdade.
Afirma que a UNITA prevê o gradualismo ao nível das autarquias infra e supra municipais.
Nascido em 1946, o político explica que na visão da UNITA as comunas se integram nas autarquias infra-municipais.
Sobre as supra-municipais, apega-se ao caso de Luanda para explicar.
"A região metropolitana de Luanda no seu conjunto deve constituir-se em autarquias supra-municipais".
Em relação à transferência de atribuições financeiras e outras, Isaías Samakuva entende que em alguns casos não devem ser feitas de uma só vez.
Acrescenta que devem ser feitas faseadamente e de acordo com as condições que forem criadas.
Sobre a implementação das autarquias, Samakuva considera não haver nada de concreto, além de debate a volta do assunto.
Fundamenta a sua afirmação no facto de não existir ainda uma legislação que rege a realização das autarquias.
O cabeça de lista da UNITA nas eleições gerais de 2017 considera fundamental a criação de condições para que a realização das autárquicas seja efectiva e num prazo previsível.
Sobre esta questão, há poucas semanas, o Presidente da República, João Lourenço, referiu-se às eleições autárquicas e manifestou o desejo que fossem realizadas antes de 2022.
No entanto, para o líder da UNITA esse prazo não é razoável e alude que a questão já vem desde 2011 no mandato do anterior Presidente da República, José Eduardo dos Santos.
Nesta altura, frisou, havia sido apontado por via do Conselho da República o ano de 2014, o que não se concretizou. "Desde então várias datas têm sido avançadas".
"Antes de 2022 não é uma data indicativa por ser inexacta. Precisamos ter um calendário claro", afirmou Isaías Samakuva.