Sexta, 19 de Abril de 2024
Follow Us

Sexta, 29 Dezembro 2017 09:25

José Eduardo dos Santos irá ao “beija-mão”?

O líder do MPLA depara-se com o grande repto de ir à cerimónia de cumprimentos de fim de ano ao seu sucessor na Presidência angolana.

João Lourenço que dirigiu hoje ao País a sua primeira mensagem de Ano Novo desde que foi eleito a 23 de Agosto último, receberá também pela primeira vez nesta sexta-feira, 29, no Palácio da Cidade Alta, os cumprimentos de fim de ano.

A expectativa do grande público recai, no entanto, em saber se José Eduardo dos Santos, o homem que foi o protagonista deste cerimonial nos últimos 38 anos, prestar-se-á à gentileza de comparecer ao acto de obséquio ao Chefe de Estado, para o qual são habitualmente convidados os líderes dos partidos políticos.

Dos Santos saiu do cargo de Chefe de Estado, mas continua a ser o líder do MPLA. Ele irá juntar-se às personalidades que estarão em fila no palácio presidencial para cumprimentar o seu sucessor?

Responder a esta incógnita não se afigura assim tão difícil, a avaliar pela personalidade do antigo Presidente da República. Durante o seu consulado presidencial ele permitiu que a cerimónia de cumprimentos de fim de ano fosse transformado num autêntico ritual e culto da sua própria personalidade, com muita gente a acotovelar-se para conseguir um lugar na “fila”. Mas teve um comportamento diametralmente oposto no que diz respeito aos actos em que o palco não foi seu.

Daí que cá mesmo no país tenha evitado o mais que pôde participar em cerimónias reunindo a nata intelectual e outras personalidades distintas, de que o Prémio Nacional de Cultura é somente um exemplo. Raríssimas vezes prestou-se a condecorar individualidades nacionais por feitos heroicos à Pátria ou de outro cariz, mas igualmente relevantes. Pautou-se muitas vezes pela política de cadeira vazia em palcos geopolíticos da região, do continente e do Mundo. Preferiu sempre enviar os seus lugares-tenentes para discursar nas sessões da Assembleia-geral da Organização das Nações Unidas.

Por conseguinte, para a personalidade de José Eduardo dos Santos, que não sendo propriamente uma figura hipocondríaca é, no entanto, bastante complicada no trato pessoal – uma espécie de “dimoxi dié”, como diz o povo – apresentar-se amanhã no Palácio da Cidade Alta para dar as mãos a João Lourenço será um feito hercúleo, uma autêntica corrida com barreiras.

A incógnita se agiganta agora que paira na política doméstica um ambiente de desinteligências entre ele e João Lourenço. Mas, exactamente por isso, é que também se abre uma oportunidade para José Eduardo dos Santos desfazer o que os círculos que lhe são afectos têm qualificado como equívocos.

Apertar a mão a João Lourenço é, pois, um repto a José Eduardo dos Santos para, nessa matéria, começar a passar a mensagem de que tudo não passa de um lamentável mal-entendido e que não há fosso algum entre ambos, líder do MPLA e Chefe de Estado. No que ficamos? CA

Rate this item
(0 votes)