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Quarta, 31 Mai 2017 17:21

Lexus importados por empresa do filho de Nandó

Explicações do presidente da Assembleia Nacional soam a um recuo ou ao “aborto” de uma tentativa mal sucedida para tramar.

A empresa adjudicada para importar a frota de Lexus para os deputados é detida por uma sociedade liderada por Cláudio Dias dos Santos, filho do presidente da Assembleia Nacional, Fernando da Piedade Dias dos Santos (Nando), apurou o Correio Angolense.

Informadores disseram que Cláudio Dias dos Santos está associado nessa empresa ao velho vendedor de carros de topo de gama “Ruca” Van-Dúnem, filho do deputado Beto Van-Dúnem, que durante o tempo do partido único e nos anos que se seguiram chefiou a Empresa de Abastecimento Técnico-Material (ABAMAT), que centralizava a comercialização de automóveis, depois de ter sido ministro dos Comercio.

“Ruca” Van-Dúnem tem um vasto histórico de fornecimentos ao Estado e já fez concorrência na oferta de veículos Range Rover à União Comercial de Automóveis -uma detida do Grupo Sogec, do braço empresarial do MPLA -, que é o representante oficial da marca, mas a associação a Cláudio Dias dos Santos é aparentemente um facto recente.

A 17 de Maio, o pai de Cláudio Dias dos Santos ordenou por despacho que o secretário-geral da Assembleia Nacional, Pedro Neri, assine o contrato de compra e venda de viaturas norte-americanas de marca Lexus, modelo LX570, de 2017, para os deputados da IV Legislatura (os que são eleitos Agosto) e, para isso, realizar despesas de 12.934.500.000 kwanzas (78 milhões de dólares).

O valor corresponde à compra de 250 veículos para os deputados (220), a frota e a reserva de frota do presidente da Assembleia Nacional, o que representa um custo de 312 mil dólares por unidade, três vezes mais que os 98 mil dólares a que estão cotados nos Estados Unidos.

Uma vez que são importados para o serviço público e estão isentos de Direitos de Importação, não se sabe que tramas se escondem por detrás do valor estabelecido para a operação.

O presidente da Assembleia Nacional entrou em contradição quando, na quinta-feira, 25, respondeu a indagações do deputado da Unita Adalberto da Costa Júnior, ao afirmar que o despacho, já publicado em Diário da República e, por isso, com curso legal, ainda é reversível.

“Nandó” declarou que a marca estabelecida no despacho é apenas “uma marca de referência”, posto que “ainda não está decidido” que viatura vai ser adquirida e que, por isso, o preço unitário dos automóveis ainda está fora de questão.

A intervenção do presidente da Assembleia Nacional contraria a publicação da ordem da assinatura do contrato publicada em Diário da República e soa um recuo ou ao “aborto” de uma tentativa mal sucedida para tramar.

“Nandó” juntou-se, depois, a declarações já feitas por Pedro Neri, atribuindo a decisão da compra a uma antecipação da preparação das condições para receber os deputados da IV Legislatura.

Uma das reclamações de Adalberto da Costa Júnior contra a importação dos Lexus foi o consumo de combustível, mas o Correio Angolense apurou é a empresa do filho do presidente da Assembleia Nacional que se propõe a prover a assistência técnica e manutenção dos veículos.

Além de prolongar o negócio, essa circunstância pode explicar os preços inflacionados, que se crê servirem para distribuir ganhos e para aquisição de peças e acessórios para o serviço de assistência e manutenção.

Correio Angolense

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