Print this page
Terça, 16 Dezembro 2014 11:35

Autárquicas em Angola cairão "de pára-quedas"?

Angola continua sem data à vista para a realização das primeiras autárquicas, embora o sufrágio esteja previsto na Constituição. O MPLA refere que, agora, o escrutínio cairia "de pára-quedas". A oposição discorda.

Virgílio de Fontes Pereira, o deputado que preside ao Grupo Parlamentar do partido no poder, o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), adiantou que ainda não há uma data para as primeiras autárquicas do país, porque há "problemas que devem ser resolvidos", segundo o Jornal de Angola. O deputado defende, por isso, "uma discussão abrangente, no seio do MPLA".

A oposição discorda. O Bloco Democrático e União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) consideram que o tema deve ser discutido em conjunto com os partidos e a sociedade civil.

Alcides Sakala, porta-voz do movimento liderado por Isaías Samakuva, frisa em declarações à DW África que as eleições autárquicas são um ponto fundamental: "É uma condição essencial para a estabilidade do país", afirma. Na sexta-feira (12.12.14), Sakala remeteu para mais tarde esclarecimentos sobre os próximos passos da UNITA relativamente a esta questão.

2017 é tarde demais, diz BD

De acordo com as declarações de Virgílio de Fontes Pereira à imprensa, Angola não deve acolher eleições autárquicas antes de 2017, ano em que o país vai a eleições gerais.

No entanto, para o Bloco Democrático, partido sem assento parlamentar, 2017 é tarde demais. "É muito tempo. Isso criará desgaste nos cidadãos e é isso que o MPLA quer", diz João Alfredo Baruba, o novo secretário-geral do movimento.

Referendo

Baruba sublinha que o tema das eleições autárquicas deve ser discutido por todos. Por isso, o político sugere a realização de um referendo.

"Angola nunca teve uma experiência sobre autárquicas. Devíamos ter o hábito de diálogo, que o MPLA não tem, e saber ouvir para levar os cidadãos a participar efetivamente", afirma o secretário-geral do Bloco Democrático. "Devia aproveitar-se a oportunidade para o próprio Presidente da República levar a referendo essa situação. Autárquicas: sim ou não? Agora ou depois?"

Autárquicas caem de pára-quedas?

Citado pelo Jornal de Angola, Virgílio de Fontes Pereira, do MPLA, disse que as eleições não podem "cair de pára-quedas", uma vez que o país ainda vive numa situação de pós-guerra.

João Alfredo Baruba refere que essa foi uma "intervenção infeliz", porque este "é um processo de concertação entre os atores políticos e os cidadãos. Não é pára-quedismo nenhum. Se calhar estão habituados a fazer cair coisas e leis de pára-quedas. Mas não é o caso nas autarquias".

Desta forma, o Bloco Democrático promete continuar a pressionar para a realização do referido sufrágio o mais rápido possível.

"Nós vamos continuar a unir todo os partidos políticos, mesmo o próprio MPLA, bem como a sociedade civil organizada e cidadãos angolanos para que haja uma discussão ampla sobre a problemática das autárquicas e assim criarmos um grupo de pressão para que elas sejam realizadas antes mesmo de 2016", diz João Alfredo Baruba.

DW Africa

Rate this item
(0 votes)

Latest from Angola 24 Horas

Template Design © Joomla Templates | GavickPro. All rights reserved.