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Quinta, 06 Novembro 2014 11:36

Relato do membro da Unita sobre atentados contra vida dos cidadãos no Kwanza Sul

Caríssimos Senhores Jornalistas

Minhas Senhoras e

Meus Senhores.

Queremos antes de mais nada agradecer o facto de terem aceitado o convite do Secretariado provincial da UNITA do kwanza-sul, para estarmos aqui, por um imperativo NOBRE que é a defesa da vida humana a todo o custo. No culminar de mais um ano impõe-se necessariamente parar e pensar a vida. A vida é o valor mais sublime de todos os valores e sem a qual não podemos esperar mais nada.

Caros Jornalistas

Minhas Senhoras e,

Meus Senhores!

Volvidos 12 anos de paz, apesar da estabilidade propalada, infelizmente continuamos a assistir uma ardilosa estratégia de eliminação física dos cidadãos que não comunguem com os ideais já enterrados em 1991. Os ideais comunistas, de exclusão social, de impunidade e do crime organizado.

Durante este período não só assistimos as matanças selectivas, mas também foram chegando aos Secretariados da UNITA informações que davam conta da existência de um plano macabro de assassinatos selectivos de dirigentes da UNITA a todos os níveis. A UNITA que sabe que não deve a ninguém não temeu. Não temeu e tem continuado a trabalhar na consciencialização dos angolanos para os tempos de paz e reconciliação nacional, o que implica responsabilidade de cada um e de todos os angolanos na reconstrução do nosso tecido social e humano afectado por longos anos de conflito.

Entretanto, o plano de assassinatos não só persistia, como também indicava haver de facto algo preparado para abater, por meios mais variados, aqueles que aos olhos do regime ditatorial que temos no país, constituem ameaça. Aqueles que por ser da UNITA, e só por isso, são considerados inimigos. Quão pedra no sapato!

Em Luanda, no Huambo, em Benguela, no Uíge, na Huíla e no Namibe em geral e nos Municípios da Kibala, Mussende, Cela, Sumbe, Kassongue para só citar estes, eram constantes e recorrentes tais informações, oriundas de várias fontes que julgam prestar um valioso contributo, alertando a direcção da UNITA do perigo à espreita.

Caros jornalistas

Ilustres convidados!

A fera máquina criminosa prossegue, e a título de prova eis as seguintes violações:

Município do Sumbe

1 - No dia 9 de Janeiro de 2009, no Sumbe, os agentes ao serviço do sultanismo mataram a paulada o oficial à reforma o senhor Coronel, Ribeiro Jonatas Kachuku; foi identificado como autor material do hediondo crime, o senhor mais conhecido por Barata, funcionário da empresa Max, onde presta serviços de condutor.

Município da Kibala

2. - Em agosto de 2009, no Bairro Bango município da Kibala, assassinaram o ex-militar Capitão à reforma Afonso César;

3 - No mesmo ano, na sede municipal da Kibala, assassinaram o oficial à reforma o senhor Alferes, Benjamim Chikuambi;

4 - A senhora Madalena Arminda Arão assassinada em Agosto de 2012;

5 - Afonso Marcolino Nani assassinado em Junho de 2012;

6 - Senhor Evambi, capitão à reforma das FAA, assassinado nos 3 caminhos em Junho de 2014;

Município de Mussende

7 - Dia 6 de Outubro de 2006 assassinato de 8 pessoas que caíram na emboscada orquestrada pelos agentes da Polícia nacional no troço Mukango-Mussende que visava abater os senhores José Mukundo e Severino Joaquim importantes figuras político-partidárias da UNITA no Mussende que felizmente escaparam ilusos desta criptologia;

8 - No dia 5 de Janeiro de 2007 veio a identificar-se como autor moral da tamanha assassina o agente João Falcão Lágrima, tendo afirmado que tinha sido prejudicado na sua promoção por ter falhado atingir mortalmente o senhor José Mukundo;

9 - No dia 1 de Janeiro de 2014, o mesmo agente voltou a ferir a tiro o jovem Bento;

10 - A morte, no dia 2 de Janeiro 2014, de uma adolescente na Comuna de S. lucas pelo chefe do SINSE Fernando Kapenda e de disparos contra as famílias da vítima pelo Agente da Polícia senhor Lágrimas;

Município de Kassongue

11 - Na noite do dia 04 de Março do ano corrente, um grupo de 16 homens do MPLA sob comando do senhor Silvino Jaime comandante da defesa civil destruíram o comité da UNITA do bairro Etangua, tendo resultado o ferimento grave dos senhores Armindo Ukuahamba e Manuel Chivinda ambos secretários do comité e espancamentos de 4 outros de entre a filha de 12 anos de idade do senhor Arão Avelino secretário do referido comité;

12 - No dia 10 de Março de 2014 a matança dos militantes da UNITA senhores Mariano Justino Ndavoka, Matias Malanga e José Nivete e Feridos os senhores Domingas Nakalende e Horácio Kassamba;

13 - Dessa bárbara acção foram identificados os autores materiais os seguintes senhores: João Viegas, Abel Samuel 1º secretário do MPLA no bairro Epanda, Emílio Kupua, Arão Kupua e Faria que integravam o grupo da tristemente ODC e de militantes do MPLA.

Luanda

14 - Muito recentemente em Luanda, no dia 12 de Outubro de 2014, uma das equipas executoras do plano secreto deram outros passos na concretização dos desferimentos de golpes, desta vez, contra a integridade física do Digníssimo Deputado à Assembleia Nacional, Liberty Tchiaka, que só não perdeu a vida porque segundo escreveu Gene Sharp, “nas ditaduras com tantas decisões tomadas por tão poucas pessoas, é possível que surjam erros de justiça, erros políticos e erros de actuação”. Neste caso um erro de actuação dos agentes da Inteligência Militar fez com que o Senhor Deputado Liberty Tchiaka escapasse ileso dessa ignóbil tentativa de assassinato. Graças a bravura dos ocupantes da viatura do Deputado foi possível imobilizar, deter e entregar as autoridades o agente ao serviço da inteligência militar de nome, José Luís Caetano que afirmou cumprir ordens do General Zé Maria.

Com esse envolvimento de altas figuras do regime angolano, conjugando o silêncio eterno de quem devia em nome da paz, da reconciliação nacional, da democracia, vir a público e mandar parar, não nos restam dúvidas que continuamos com comités de especialidades para mortes encomendadas.

Minhas senhoras e

Meus senhores!

O país continua a NÃO oferecer garantias jurisdicionais efectivas de defesa dos direitos fundamentais à vida e à inviolabilidade do domicílio. O balanço de 12 anos de paz se é de 19 mortos por assassinatos e pelo crime organizado, não podemos cruzar as mãos e afirmarmos, de viva voz, que há paz e estabilidade no país.

As agressões ao direito à vida são planeadas e executadas pelos órgãos públicos dependentes do senhor Presidente da República e sem o seu repúdio ou condenação.

Os colaboradores do senhor Presidente da República, que é o Comandante em Chefe das FAA, protegem delinquentes promovendo-os a altas patentes militares ou de outro modo evitando que os mesmos enfrentem a justiça pelos crimes cometidos.

Prezados Jornalistas

Minhas senhores e

Meus senhores!

Em todos factos que apresentamos estão os culpados bem identificados, mas deambulam a vontade, ou são agraciados ou são transferidos, mas nunca detidos e condenados.

Que medidas foram tomadas contra o Delegado do SINSE no São Lucas senhor Fernando Kapenda e do Agente da Polícia Nacional João Falcão Lágrima?

Que medidas foram tomadas, mesmo de devidamente denunciados, os senhores João Viegas, Abel Samuel 1º secretário do MPLA no bairro Epanda, Emílio Kupua, Arão Kupua e Faria autores matérias do assassinato a sangue frio dos 3 militantes da UNITA em Kassongue.

O Governador do Bié, por exemplo, subordinado do senhor Presidente da República, confessou de viva voz ser um dos autores de crimes de homicídio voluntário e premeditado, tal como este termo é definido pelo Código Penal. Confessou também ser autor de actos de delinquência contra a pessoa e a propriedade de cidadãos angolanos, seus administrados.

Oiçamo-lo: Rm in… Rm Out.

Dessa violação a vida humana que ocorreu no município do Kuhemba, na Província do Bié, envolveram-se não só militantes do partido ainda no poder, mas também com o apoio das FAA.

Depois de tal confissão, o senhor Presidente da República mantem-se em silêncio e o referido Governador permanece em funções.

A Casa de Segurança do senhor Presidente da República e os Serviços de Inteligência Militar, órgãos directamente dependentes do senhor Presidente da República, planeiam e executam actos de agressão à vida de titulares de cargos públicos.

Até hoje, apenas os assassinatos de Cassule e Kamulingue foram investigados e alguns dos presumíveis autores foram entregues à justiça, tão só porque os crimes foram denunciados e condenados fortemente pelos partidos políticos, pela sociedade civil e até por agentes da Casa Militar. Os assassinatos políticos registados no Cassongue, no Sumbe, aqui mesmo no Kwanza-sul e participados às autoridades, não foram sequer investigados nem processados os seus autores.

Caros jornalistas

Nos perguntamos: é essa paz e reconciliação Nacional que andamos a propalar em todos cantos do mundo? É essa pátria, onde dirigentes vêm ao público afirmar que para se ser da UNITA e numa localidade como a do BIÉ é preciso comprar primeiro a terra? É essa reconciliação Nacional que se pretende onde uns pensam que são o povo e para serem substituídos é preciso substituir o povo?

O mutismo até aqui mostrado e demonstrado pelo executivo angolano na pessoa de Sua Excelência o Senhor Presidente da República e do MPLA leva-nos acreditar que pela gravidade dos casos, esteja-se a meditar sobre as medidas a tomar. A UNITA considera que tais medidas só pecam pela sonolência que tem dominado os decisores.

Por estes factos torna público aos angolanos e a comunidade internacional, o seguinte:

A UNITA responsabiliza o Executivo angolano pelos crimes e violações aos direitos humanos;

Apela aos angolanos, à sociedade civil, às Igrejas, e aos militantes patriotas do MPLA para os perigos que tais actos representam para a paz, a Democracia, a reconciliação Nacional e para a estabilidade social.

Para nós da UNITA, todos os caminhos já foram ensaiados. O único que nos resta é da democracia e da reconciliação nacional, porque do passado recente culpados somos todos, vítimas e responsáveis também somos todos.

Unita Angola

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