Os parlamentares do MPLA prometeram doar 25 por cento do salário, enquanto os do maior partido na oposição, UNITA, disseram ter decidido doar 50 por cento dos seus vencimentos para o mesmo fim.
Entretanto, analistas em Angola afirmam que a promessa não passou disso e que foi apenas um acto propagandista que visou ludibriar o eleitorado.
No total, a contribuição dos 201 deputados ascenderia 39 milhões de kwanzas, cerca de 60 mil dólares.
Para confirmar as doações, a VOA contactou o porta-voz da UNITA, Marcial Dachala, que negou dar entrevista e remeteu-nos ao presidente da bancada parlamentar, Liberty Chiaka, que, apesar das insistentes chamadas, nunca respondeu.
O mesmo aconteceu com as chamadas efetuadas a Albino Carlos, porta-voz do MPLA, quem no início da campanha havia garantido que os seus deputados já estavam a contribuir.
Nos círculos políticos de Luanda, observadores falam em propaganda.
Para o jornalista Ilídio Manuel, apenas valeu a intenção e não se consegue aferir o cumprimento da promessa.
“Concretamente não se sabe quanto é que o partido x contribuiu, portanto eu acho que eles deviam usar os mesmos canais para anunciarem se efetivamente foi dado o dinheiro, quanto foi dado e a quem foi dado”, desafia Manuel.
O analista político Rui Kandove também entende que a promessa não passou de um ato propagandista que visava ludibriar o eleitorado.
Para Kandove, não existem números nem relatórios que possam garantir a entrega dos valores prometidos.
“Muitas reticências em relação o futuro político do próprio país porque fazer anúncios faraónicos de como os representantes do povo tiram parte do seu salário, com destaque, é claramente uma aproximação propagandista e parece que estamos mais perante um jogo político do que outra coisa”, sustenta Kandove.
Enquanto isso, em Luanda, nas zonas do Talatona e Cacuaco, continuam a chegar relatos de crianças que morrem por falta de alimentação. VOA