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Terça, 09 Junho 2020 12:16

Trocas de governadores no Huambo preocupam oposição

A angolana Lotti Nolika é a terceira governadora da província do Huambo em menos de quatro anos. A oposição contesta as constantes mudanças por considerar que não contribuem para a estabilidade governativa.

A nova governadora da província do Huambo, em Angola, volta para uma casa que bem conhece. Lotti Nolika já exerceu funções no executivo provincial como administradora municipal, diretora provincial da Educação e vice-governadora para a Área Social. Antes da sua nomeação como governadora, era membro do Conselho da República, órgão de consulta do Presidente da República.

Lotti Nolika é a escolhida por João Lourenço para dirigir os destinos da província do Huambo, rica em recursos naturais. Os cidadãos esperam que trabalhe para melhorar a condição dos habitantes da urbe, apostando nas áreas económicas e sociais.

Nolika é a terceira governadora da província em menos de quatro anos. A oposição contesta as constantes mudanças.

Eduardo Ndumba, deputado da União Nacional para a Libertação Total de Angola (UNITA), eleito pelo ciclo provincial do Huambo, entende que as constantes mudanças na hierarquia governativa da província não contribuem para a implementação dos planos de governação.

"Não haverá estabilidade sempre que observamos mutações permanentes. Ou seja, alterações ou mudanças de um governador para outro, porque precisamos que os planos governativos sejam sequenciados. Ou seja, temos que especializar os nossos governadores para que se adaptem trabalhando com os seus", analisa Ndumba.

Quem também não vê com bons olhos as constantes mudanças é Arão Abel, secretário-executivo provincial da Convergência Ampla de Salvação de Angola - Coligação Eleitoral (CASA-CE) no Huambo, que tem 12 assentos no Parlamento.

"O Huambo, muito antes destes quatro anos, tinha um desenvolvimento visível. Havia programas que visavam ao desenvolvimento da cidade e das pessoas. Mas a dada altura, alguns passos que davam neste sentido viram-se parados", sublinha.

Cumprimento obrigatório de mandatos

O Partido de Renovação Social (PRS) também mostrou-se agastado com aquilo a que chama de "dança das cadeiras". António Soliya Solende é secretário do PRS no Huambo e defende que haja cumprimento de mandatos e substituição apenas em casos excecionais.

"Essas mudanças, essas danças de cadeiras, que são caraterísticas do Presidente João Lourenço, vão retardar um pouquinho o seu programa de desenvolvimento, as suas promessas eleitorais. E, depois, vão retardar o próprio país, porque as pessoas não conseguem executar aquilo que são os planos de governo de imediato", critica.

Questionado quanto às áreas prioritárias em que Lotti Nolita deve concentrar esforços durante o seu mandato, Eduardo Ndumba, da UNITA, diz que não acredita, no entanto, em mudanças de paradigma na governação da província. Ainda assim, deixou alguns conselhos à nova governadora.

"Precisamos de olhar para o campo para beneficiarmos a cidade. Isto significa que temos de ligar as vias rodoviárias com urgência, do campo para a cidade, para facilitar o escoamento de bens de primeira necessidade", aponta.

O deputado da UNITA atenta ainda que é preciso olhar pela juventude: "A delinquência juvenil tem lugar, o desemprego é exponencial", diz.

Ceticismo latente

Em relação às expectativas da governação de Lotti Nolika, o secretário provincial do PRS, António Soliya Solende, é cético.

"O princípio é que árvore má não dá bons frutos. Porque do governo do MPLA [Movimento Popular de Libertação de Angola, o partido no poder], nós não conhecemos muitas pessoas com realizações certas", justifica.

"Estamos céticos, porque quando ela ocupou os cargos anteriores, quase que não vimos bons frutos", acrescenta.

Durante a toma de posse, Lotti Nolika elegeu como prioridades a reabilitação das vias terciárias e a melhoria das condições sociais da população. Mas os partidos políticos esperam igualmente que a nova governadora dedique tempo à governação e que evite incompatibilidades, como o cargo de primeira-secretária do partido MPLA no Huambo. DW Africa

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