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Sábado, 09 Mai 2020 12:01

Verdadeira luta contra a corrupção iria destruir Estado angolano - Chivukuvuku

O político angolano e líder do projeto PRA-JA Servir Angola, Abel Chivukuvuku considera que se fosse feita uma verdadeira luta anti-corrupção em Angola "o Estado acabava" e advogou o "pragmatismo".

Em entrevista a Lusa, questionado sobre a bandeira anticorrupção do Presidente da República João Lourenço e se esta visa alvos seletivos em Angola, como têm vindo a defender vários analistas e setores da sociedade civil e da política, Abel Chivukuvuku apelou à firmeza e ao pragmatismo.

"Todos sabemos que a corrupção, os desvios, foram quase uma questão cultural generalizada e institucionalizada e se houver vontade de fazer uma verdadeira luta contra isso, a máquina do Estado acaba. Terá de haver nova gente", sugere.

E deixou no ar a pergunta: "será que do ponto de vista da estabilidade o país consegue aguentar esses rombos ou precisamos de pragmatismo, moderação e firmeza?".

Escusando-se a comentar a prestação do Presidente que "será avaliada pelos angolanos em 2022", ano de eleições gerais, disse ser "um facto que, em 2018, o país estava apaixonado pelo cidadão João Lourenço, porque se revia na luta contra o abuso de poder e o saque generalizado e institucionalizado", mas duvida que a paixão se mantenha.

"Tenho dúvidas se hoje o país ainda tem essa paixão", destacou.

"Acho que os cidadão têm razão em questionar [se a luta anticorrupção é seletiva] e as pessoas de bem têm razão em tentar ajudar o Presidente da República", sublinhando, apontando, no entanto, o caráter "sistémico" da corrupção que implicaria uma combinação de firmeza e pragmatismo.

"Se significar seletividade, já não é legal nem legítima", declarou.

Abel Chivukuvuku pôs também em dúvida as convicções marxistas-leninistas do MPLA, o partido no poder em Angola há 40 anos, considerando que este apenas fez uma metamorfose.

"Tenho dúvida se existiram verdadeiras convicções marxistas leninistas. Os próprios que diziam que tinha de haver uma sociedade igualitária e nivelada pela pobreza de todos viraram os bilionários deste país, à custa do saque do erário publico", criticou.

Lamentou também que Angola mantenha uma Constituição "totalmente centralizadora" e a "partidarização excessiva do Estado onde todos, desde o titular do poder executivo aos administradores dos 264 municípios, são do MPLA.

"O país não é o MPLA e todos tem a legitimidade e direito de participar na vida do país, não é possível travar sempre", o surgimento de novos partidos, disse Chivukuvuku, que ainda não conseguiu legalizar o seu novo projeto político Partido do Renascimento Angolano - Juntos por Angola (PRA-JA) Servir Angola.

"O importante é que o angolano eleitor seja o último avaliador do mérito dos partidos", destacou o político, ex-presidente da Convergência Ampla de Salvação de Angola - Coligação Eleitoral (CASA-CE), da qual foi afastado no ano passado, e ex-dirigente da UNITA, o maior partido da oposição angolana, que deixou, em 2012, para fundar a CASA-CE.

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