O antigo diretor da agência federal dos EUA para ajuda externa Millennium Challenge Corporation (MCC) Malik Chaka falava, na segunda-feira, em Washington, numa palestra organizada pelo Instituto de Política Mundial sobre corrupção e democracia em Angola, e durante a qual levantou a hipótese de sanções por parte dos EUA a indivíduos angolanos.
“Espero que o Congresso norte-americano e as respetivas comissões organizem interrogatórios e audiências, porque estas informações têm de ser espalhadas e difundidas cada vez mais, para se tornarem um tema aqui também”, disse Chaka, antigo membro da subcomissão para África na Câmara dos Representantes dos EUA.
“A questão é o que irá fazer o departamento de Justiça para auxiliar os angolanos a encontrar mais informação”, disse, sublinhando tratar-se de uma “questão crítica e importante”.
Jornalista em Angola durante várias décadas e produtor de conteúdos e ‘newsletters’ sobre o país africano, Malik Chaka considerou as hipóteses de a administração norte-americana impor sanções a pessoas “ligadas ao Governo angolano”.
“Com base nas informações desta investigação, parece-me que há indivíduos ligados ao Governo angolano que deviam ser consideradas ‘persona non grata’ nos Estados Unidos e serem proibidas de entrar, como, por exemplo, Isabel dos Santos”, afirmou, sem especificar mais nomes.
“Os dirigentes são muito rápidos a imporem sanções nos dias de hoje. Vão existir sanções dos EUA que resultem dos ‘Luanda Leaks’”, questionou Malik Chaka, perante um público composto por representantes de organizações, académicos e funcionários federais.
Chaka também mostrou interesse no impacto em Angola da investigação do Consórcio Internacional de Jornalistas, dizendo que poderá vir a ter “impacto nas eleições autárquicas e nas próximas eleições presidenciais”.
O antigo funcionário federal disse acreditar que o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) tem uma decisão a tomar na forma como reage e trabalha com estes documentos analisados pelo Consórcio Internacional de Jornalistas, que constituem “provas” de “coisas que já se pensavam sobre a corrupção em Angola”.
“Será que vão usar estes documentos para fazer uma análise profunda” é uma das questões que “a sociedade civil vai levantar”, disse Malik Chaka.
Para o antigo responsável da agência federal de ajuda externa, os EUA podem contribuir com “partilha de capacidades e sistemas” num dos três países africanos de “relações especiais” com Washington, além da África do Sul e Nigéria.
Outros departamentos do Governo norte-americano poderão intervir “com assistência técnica nos processos legais”, como, por exemplo, o departamento das Finanças.