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Segunda, 23 Dezembro 2019 00:36

Esperança de vida dos angolanos aumentou mais 15 anos, diz relatório do PNUD

Desde 1990, a esperança de vida em Angola aumentou 15,5 anos, para atingir 60,8 anos, em média, revela o Relatório de Desenvolvimento Humano de 2019, lançado, terça-feira, na Colômbia, pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).

O Relatório revela também que a população angolana tem, em média, 11,8 anos esperados de escolaridade e 5,1 anos médios de escolaridade.

O Rendimento Nacional Bruto (RNB), per capita de Angola, é estimado em 5555 USD em paridade com o poder de compra.Destaca-se em Angola, o lançamento de novos dados sobre o desenvolvimento feito pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), depois da finalização do Relatório de Desenvolvimento Humano de 2019, a apresentação do Relatório sobre a Pobreza Multidimensional dos Municípios de Angola e o lançamento do Relatório Final do Inquérito de Despesas, Receitas e Emprego (IDREA 2018-2019).

O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de Angola é de 0,574 -o que coloca o país na categoria de desenvolvimento humano médio - posicionando-o em 149º dos 189 países e territórios considerados no referido documento.

O valor do IDH de Angola está abaixo da média de 0,634 para os países do grupo de desenvolvimento humano médio.

No entanto, quando se desconta ao IDH de Angola o valor da desigualdade, o mesmo cai de 0,574 para 0,392: uma perda de 31,8 por cento devido à desigualdade na distribuição dos índices da dimensão do IDH.

O RDH de 2019 inclui também o Índice de Desenvolvimento de Género, o qual mostra que o valor do IDH feminino para Angola é de 0,546, em contraste com 0,605 para os homens.

O Índice de Desenvolvimento Humano serve também como uma medida para avaliar o progresso a longo prazo das três dimensões básicas do desenvolvimento humano: uma vida longa e saudável, acesso ao conhecimento e padrões de vida decente.

País está no grupo de desenvolvimento humano médio

Angola, Cabo Verde, Camarões, Congo, Guiné Equatorial, eSwatini, Ghana, Quénia, Namíbia, São Tomé e Príncipe, Zâmbia e Zimbabwe - fazem parte da lista de 12 países africanos que integram o grupo de desenvolvimento humano médio.

O relatório destaca que pela primeira vez este ano, um país africano - Seychelles – integra o grupo de desenvolvimento humano alto. Outros países também estão a subir na mesma direcção. Quatro países - Botswana, Gabão, Ilhas Maurícias e África do Sul - estão agora no grupo de alto desenvolvimento humano. Os países africanos progrediram no desenvolvimento humano, melhorando sobretudo em termos de educação primária e educação em geral. Contudo, uma nova geração de desigualdades está a emergir e pode ameaçar os progressos obtidos e futuros, em particular do desenvolvimento humano dos grupos mais vulneráveis da sociedade.

Por exemplo, novas desigualdades estão a tomar força a nível mundial em termos de educação terciária, de impactos da crise climática e dos efeitos das transformações tecnológicas. O RDH de 2019 revela que a desigualdade permanece muito alta na maioria dos países africanos.

O RDH de 2019 revela que África tem feito progressos significativos em termos de desenvolvimento humano. Por exemplo, desde 1990 a esperança de vida tem aumentado mais de 11 anos em média na região.

Igualmente, é nesta região que se regista mais perdas no valor do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) 2019, quando se consideram os dados do Índice de Desenvolvimento Humano Ajustado à Desigualdade de 2019, que mostra a distribuição desigual nas dimensões de educação, saúde e padrões de vida.

A África do Sul experimenta a maior taxa de desigualdade de renda do mundo. Mais de metade da renda do país é detida pelos 10 por cento mais ricos. No entanto, ao mesmo tempo, existem contra-tendências encorajadoras. O Burkina Faso teve a maior diminuição da região na desigualdade de renda em 40 por cento, cerca de duas vezes mais rápido que a média.

A desigualdade de renda também diminuiu em eSwatini, Etiópia, Gâmbia, Guiné, Lesotho, Mali e Namíbia.

O Relatório evidencia o desafio duplo para as nações africanas que devem garantir que os que estão mais para trás conseguem progredir e ter o essencial e, simultaneamente, assegurar que os outros consigam acompanhar as novas exigências do mundo.

“À medida que o mundo muda, o mesmo acontece com as desigualdades importantes”, diz Pedro Conceição, director da equipa do Relatório de Desenvolvimento Humano do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).

Persistem desigualdades nas dimensões chave do desenvolvimento

Apesar dos progressos substanciais feitos em dimensões como educação, saúde e padrões de vida, as necessidades básicas de muitas pessoas no mundo continuam sem respostas. Ainda persistem grandes desigualdades nas dimensões chave do desenvolvimento humano.

Nota-se avanços significativos nas capacidades básicas; contudo uma nova geração de desigualdades – está se desfraldando, em torno da educação, da tecnologia e das alterações climáticas–duas mudanças sísmicas que, sem controle, podem desencadear uma 'nova grande divergência' na sociedade não vista desde a Revolução Industrial. O documento foi divulgado, sob o título “Além do rendimento, além das médias e além de hoje: Desigualdades deDesenvolvimento Humano no Século XXI”. “A desigualdade não é apenas o quanto alguém ganha em comparação com o vizinho”.

Trata-se da distribuição desigual de riqueza e poder”, afirma o administrador do PNUD, Achim Steiner.

“O Relatório de Desenvolvimento Humano revela como as desigualdades sistémicas prejudicam profundamente a nossa sociedade e porquê.

Esta é a nova face da desigualdade”, continuou o administrador do PNUD, “mas há soluções”. O RDH de 2019 analisa a desigualdade em três etapas: além da renda, além das médias e além de hoje. Mas o problema da desigualdade não está além das soluções, afirma, propondo diversas opções de políticas para resolvê-los.

O Relatório mostra que é possível abordar as desigualdades no desenvolvimento humano no século XXI através da combinação de políticas orientadas não só a reduzir as desigualdades nas capacidades básicas ainda existentes e redistribuir o rendimento, mas também abordar as novas gerações de desigualdades emergentes, incluindo o empoderamento económico, político e social.

O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) 2019 e o seu “índice-irmão”, o Índice de Desenvolvimento Humano Ajustado à Desigualdade 2019, estabelecem que a distribuição desigual na educação, saúde e padrões de vida obstruiu o progresso dos países.

O relatório, portanto, recomenda políticas que considerem a renda, mas que também possam ir além dela, incluindo, entre outros, investimentos na primeira infância e ao longo da vida das pessoas, quando elas estão inseridas no mercado de trabalho e depois. O RDH de 2019 aponta também a necessidade de adoptar uma abordagem multidimensional sobre a pobreza – indo além da dimensão monetária – bem como a promoção de políticas para atender às necessidades das pessoas que são deixadas para trás – como as pessoas com deficiência – e na promoção da igualdade e do empoderamento de género.

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