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Domingo, 22 Dezembro 2019 11:52

Consultora Control Risks avisa que ritmo das reformas está a abrandar em Angola

A consultora Control Risks alertou hoje para o abrandamento do ritmo das reformas em Angola e considerou que existe uma "desinquietação crescente sobre a percecionada caça às bruxas" contra a família do ex-Presidente angolano José Eduardo dos Santos.

"Há desafios significativos e o ritmo das reformas abrandou", escreve o analista Barnaby Fletcher numa nota sobre a evolução económica e política do segundo maior produtor de petróleo da África subsaariana.

Na nota, enviada aos clientes e a que a Lusa teve acesso, Fletcher argumenta que "existe uma desinquietação crescente sobre a percecionada caça às bruxas contra a família dos Santos" e alerta que "se [o Presidente] João Lourenço não garantir uma recuperação económica rapidamente, a opinião, quer dos eleitores, quer dentro do Movimento Popular de Libertação de Angola [MPLA, no poder], vai virar-se contra ele, descarrilando a agenda reformista e potencialmente arriscando uma instabilidade política".

A análise de Fletcher surge num contexto em que Angola deverá ainda enfrentar uma recessão este ano e regressar ao crescimento, embora pequeno, em 2020.

Ainda assim, "a Control Risks mantém-se positiva sobre a evolução de Angola a longo prazo", já que "as reformas do Governo são sensatas e os investidores estão a mostrar um interesse crescente".

Não existem concorrentes à autoridade do Presidente, afirma, alertando, no entanto, que "esta perspetiva otimista de evolução não pode ser garantida, e os desenvolvimentos em 2020 serão críticos para determinar a evolução do país".

Desde a tomada de posse, em setembro de 2017, "a dimensão das ambições do Presidente João Lourenço foi notável", escreve Fletcher, apontando a liberalização cambial, as investigações a "figuras anteriormente consideradas como intocáveis" e as alterações estruturais que estão "a desafiar interesses instalados e introduzindo alguma transparência em setores anteriormente opacos como o petróleo e gás".

No entanto, conclui, o ritmo das reformas está a abrandar e algumas não saíram ainda do papel, como os planos de privatização de quase duas centenas de empresas públicas, "num contexto de falta de capacidade administrativa e de oposição por figuras influentes que encaram as empresas públicas como um veículo para redes de clientelismo e de manutenção da influência política".

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