Quinta, 28 de Março de 2024
Follow Us

Quarta, 13 Novembro 2019 15:56

Samakuva ataca Eduardo dos Santos e fala em fim de ciclo para MPLA

O presidente cessante da UNITA, Isaías Samakuva, disse hoje que o MPLA, partido que governa Angola há quatro décadas, está em "fim de ciclo" num discurso marcado por duras críticas ao ex-Presidente José Eduardo dos Santos.

Falando na abertura do XIII Congresso Ordinário da UNITA, o principal partido da oposição angolana, Isaías Samakuva salientou que os angolanos estão "cansados de sofrer" e "saturados de promessas".

O ainda líder da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), exortou o Presidente da República, João Lourenço, a continuar "a agenda de mudança" da UNITA, que tomou como sua, e atacou "o arquiteto da corrupção que foi forçado a deixar o poder", aludindo ao antecessor na presidência do país, José Eduardo dos Santos.

"Há sabotagem às iniciativas do Presidente da República, porque não há patriotismo nem coesão" no MPLA, lamentou.

"O País não anda, os preços sobem todos os dias, os trabalhadores estão a ser despedidos todos os dias, o Estado não consegue assegurar sem rupturas o essencial da prestação de serviços públicos e dos serviços sociais", acrescentou.

"O país já não poderá aguentar esta situação por mais tempo, porque faliu", denunciou o dirigente do partido do "Galo Negro", destacando que a UNITA está mais perto do poder.

Para Samakuva, ao que tudo indica, o novo Presidente da Republica também não terá recebido explicações detalhadas sobre a situação financeira do País. "Hoje o País esta falido. Falido financeiramente e falido moralmente", acrescentou.

Isaías Samakuva sublinhou também que "os cofres ficaram vazios" depois da saída do "arquiteto da corrupção", questionando o paradeiro dos mais de 130 milhões de dólares (118 milhões de euros) que representam o "valor do diferencial positivo do preço do petróleo que havia ficado por lei sob sua guarda".

O presidente da UNITA destacou que "Angola não recebeu nenhuma explicação" e mesmo "o novo titular do poder executivo [João Lourenço] também não terá recebido explicações detalhadas sobre a situação financeira real do país".

"De facto, com esta situação, Angola chegou, assim, ao fim de um ciclo, o ciclo do MPLA. O País está preparado para entrar num novo ciclo, o ciclo da UNITA, que é o ciclo da consolidação da democracia e do Estado de direito para fazer renascer novas gerações", acrescento.

E acrescentou: "A nossa luta política prolongada, com a nossa política de engolir os sapos da intolerância, os sapos da exclusão e os sapos da fraude, produziu frutos: o povo perdeu o medo, as verdades vieram a lume, o exercício do poder absoluto corrompeu os titulares do poder de forma absoluta e o arquiteto da corrupção foi forçado a deixar o poder".

Para Samakuva, neste contexto, aumentam as responsabilidades da UNITA enquanto contrapoder condenada a ser o poder.

Assistiram a cerimónia de abertura, representantes do MPLA, da FNLA, da CASA-CE e do Partido Socialista Português.

Estão na corrida para a sucessão de Isaías Samakuva o vice-presidente do partido, Raúl Danda, o secretário para as Relações Internacionais, Alcides Sakala, o antigo secretário-geral, Abílio Kamalata Numa, o deputado José Pedro Katchiungo e o presidente da bancada parlamentar, Adalberto da Costa Júnior.

Os mil 150 delegados, alguns dos quais provenientes da diáspora, vão também aprovar um conjunto de teses e programas sobre a vida política, económica e social do país, bem como documentos ligados à organização e funcionamento do seu partido.

A estratégia para as eleições autárquicas, previstas para 2020, e para as eleições gerais de 2022 merecerá igualmente a aprovação do conclave.

Rate this item
(0 votes)