Sexta, 29 de Março de 2024
Follow Us

Segunda, 01 Julho 2019 21:08

Angola já pagou 60% da dívida de U$204 milhões a Cuba e pagará a restante até dezembro

Angola já pagou 60% dos 204 milhões de dólares (180 milhões de euros) da dívida a Cuba e vai assegurar o pagamento da verba em falta até dezembro, disse hoje, em Havana, fonte do Ministério das Finanças angolano.

Segundo a fonte, citada pelo Jornal de Angola, a maior parte da dívida está relacionada com serviços que especialistas cubanos prestam ou prestaram no domínio da saúde e na formação de quadros, situação que, confrontado, o chefe da diplomacia angolano sublinhou que a questão "já não é um assunto em discussão".

"A dívida angolana não é um assunto litigioso. É algo que está a ser tratado de forma normal", assegurou Manuel Augusto, que acompanha o Presidente angolano, João Lourenço, na primeira visita oficial como chefe de Estado a Cuba, iniciada hoje e que termina terça-feira.

"Não é apenas uma visita de Estado, é também uma visita especial e singular", referiu o ministro das Relações Exteriores de Angola, sublinhando que as relações entre os dois países sairão "mais reforçadas" e "vão refletir as mudanças que ocorrem nos dois países".

Angola, disse, pretende ter cadeias de produção de medicamentos essenciais e a cooperação com Cuba neste domínio pode ser fundamental.

"Há um potencial a ser explorado e que vai transportar a nossa relação com Cuba além daquilo que até ao momento tem sido tradicional", referiu.

Manuel Augusto indicou que serão assinados alguns instrumentos jurídicos para conformar os já existentes, tendo destacado os setores da Saúde, Educação e Ensino, embora seja vontade de Luanda estabelecer uma cooperação nas áreas de investigação científica e da pequena e média indústria.

Presidente da republica defende incremento da cooperação científica com Cuba

O Presidente angolano, João Lourenço, defendeu hoje, em Havana, o aprofundamento da cooperação entre as instituições académicas e científicas de Angola e Cuba, a fim de permitir uma melhor inserção competitiva dos dois países na economia internacional.

Citado pelo Jornal de Angola, João Lourenço, que iniciou hoje uma visita de Estado de dois dias a Cuba, falava numa "aula magna" realizada na centenária Universidade de Havana (fundada a 05 de janeiro de 1728), defendeu que o aprofundamento da cooperação no setor tem um "papel decisivo" na promoção do diálogo com o setor produtivo e pode assegurar uma maior oferta de empregos.

Segundo o Presidente angolano, o futuro das relações de Angola com Cuba passa pelo incremento da mobilidade de académicos e investigadores, realizando projetos conjuntos, orientados para a resolução dos problemas das populações e das empresas, tendo em vista à promoção do emprego.

Angola, prosseguiu, está a dedicar atenção especial à formação e ao desenvolvimento da investigação aplicada às áreas da saúde, agricultura, pesca, indústria, petróleo, gás, recursos naturais, ambiente, energia, comunicações, tecnologias de informação e turismo, setores que considerou "cruciais" para a diversificação da economia.

Entre os desafios do país, João Lourenço sublinhou a necessidade de reforçar a experiência cubana na melhoria da qualidade do sistema de ensino em Angola e na formação de professores qualificados, benefícios que "já são visíveis nas dezenas de milhar de quadros angolanos formados em vários domínios".

Segundo João Lourenço, Cuba é o país que mais se empenha na formação e qualificação de quadros angolanos e lembrou a ajuda do Estado do Caribe para a defesa da soberania e integridade territorial de Angola, da independência da Namíbia e para abolição do sistema de segregação racial na África do Sul.

Manifestou também "admiração" pelos "níveis altíssimos de qualidade, internacionalmente reconhecida", nos domínios da educação, saúde e investigação científica alcançados por Cuba, apesar do embargo económico imposto pelos Estados Unidos, que considerou "injusto e desumano".

Em resposta a uma questão colocada por uma estudante cubana, João Lourenço defendeu o levantamento "incondicional" do embargo económico imposto pelos EUA.

No primeiro dia da visita, João Lourenço rendeu também homenagem ao primeiro Presidente de Angola, António Agostinho Neto (1975/79), com a deposição de uma coroa de fores no busto erguido em sua memória.

Numa mensagem, as autoridades cubanas disseram lembrar Agostinho Neto como "poeta" e "médico dos pobres", que lutou para a libertação do seu povo do jugo colonial português.

No Parque dos Próceres Africanos, no município de Playa, o busto de Agostinho Neto está entre Marien Ngouabi, da República do Congo, e de Eduardo Chivambo Mondlane, o fundador da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo).

No parque reconhecem-se também as efígies de Oliver Tambo, do Congresso Nacional Africano (ANC), Kwame Nkruma, do Gana, e Amílcar Cabral, da Guiné-Bissau e Cabo Verde, bem como os de Sekou Touré, da Guiné-Conacri, Patrice Emery Lumumba, da República Democrática do Congo, Abdelkader El Djazaire, da Argélia, Gamel Abdel Nasser, do Egito, e Seretse Khama, do Botsuana.

O Presidente angolano deslocou-se ainda ao Cemitério de Colón, onde rendeu homenagem aos combatentes internacionalistas cubanos.

Na ocasião, João Lourenço reafirmou a "gratidão" do povo angolano aos cubanos, "que sacrificaram as suas vidas na defesa da soberania angolana e da libertação da África Austral do regime segregacionista do "apartheid" então vigente na África do Sul.

No recinto, que, sendo um dos mais importantes cemitérios do mundo, tornou-se um lugar de romaria para cidadãos cubanos e turistas de várias nacionalidades, estão sepultados e expostas fotos de cubanos tombados em vários países, a maioria deles, em Angola.

Durante a estada em Havana, João Lourenço tem previstos encontros ao mais alto nível, nomeadamente com o homólogo cubano, Miguel Díaz-Canel, bem como a assinatura de vários instrumentos de cooperação ligados aos setores da educação e ensino superior, desenvolvimento dos recursos humanos, saúde, assistência e proteção social, habitação e cultura.

Terça-feira, o estadista angolano visita a Zona Especial Portuária de Desenvolvimento de Mariel, em Havana, e terá um encontro com bolseiros angolanos.

Rate this item
(0 votes)