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Quinta, 22 Novembro 2018 19:17

"Parece-me que se está a criar um novo "grupo de bajuladores" do novo Presidente"

O economista Alves da Rocha revelou, em entrevista à imprensa portuguesa, que "hesita" em considerar que o Presidente da República, João Lourenço, pode inaugurar um novo ciclo político em Angola, porque o "MPLA é uma máquina trituradora de vontades de mudanças e de ajustamentos".

Em entrevista ao diário português Público, a pretexto da visita de Estado que o Presidente da República iniciou hoje, 22, em Portugal, Alves da Rocha mostrou-se reticente em relação ao alcance transformador da liderança de João Lourenço.

"Eu ainda faço parte de um grupo de angolanos que hesitam em considerar que o Presidente João Lourenço pode, na verdade, inaugurar um novo ciclo político. Não por ele - cuja vontade em o fazer parece-me genuína - mas pelo MPLA, que é uma máquina trituradora de vontades de mudanças e de ajustamentos", considerou o também director do CEIC - Centro de Estudos e Investigação Científica da Universidade Católica.

O investigador sénior do CEIC nota igualmente que embora João Lourenço tenha mudado "algumas das figuras mais proeminentes da direcção de José Eduardo dos Santos", existe um novo grupo a pedir intervenção.

"Parece-me que se está a criar um novo "grupo de bajuladores" do novo Presidente e só espero que João Lourenço - com a sua reconhecida capacidade política de leitura dos problemas - os identifique e os coloque no devido lugar", apontou Alves da Rocha.

Debruçando-se sobre a visita de João Lourenço a Portugal, o economista revelou ter "expectativas de baixa intensidade", sublinhando que, no seu entender, "Portugal dificilmente voltará a ser um protagonista importante em Angola". Afinal, nota o investigador, "há países muitos interessados em aprofundar a cooperação económica e financeira coim Angola e que dispõem de mais recursos".

O director do CEIC assinalou ainda que a parceria angolana com a China, Rússia, EUA, França, Alemanha e Espanha, em "domínios de intervenção e de trabalho de enorme relevância", ameaçam "tornar a cooperação com Portugal marginal". NJ

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