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Quarta, 21 Novembro 2018 20:22

Movimento independentista de Cabinda teme "mais silêncio" de Lisboa

O movimento independentista de Cabinda afirmou hoje esperar que a visita de Estado que o Presidente de Angola efetua de quinta-feira a sábado a Portugal "não contribua para o silêncio" de Lisboa sobre aquela província angolana.

Num comunicado enviado à agência Lusa, em Luanda, o secretário para a Informação e Comunicação e porta-voz da Frente de Libertação do Estado de Cabinda-Forças Armadas de Cabinda (FLEC-FAC), Jean Claude Nzita, refere esperar ainda que a visita de João Lourenço "não seja mais uma oportunidade para reafirmar a cumplicidade e condescendência do governo português na sufocação da situação" no território.

"Sendo ainda Cabinda um território lusófono, a Direção Político-Militar da FLEC-FAC aproveita a presença do Presidente angolano, João Lourenço, em Lisboa, para o questionar, em português, se está recetivo à organização de um referendo para a autodeterminação do povo de Cabinda e também para dialogar diretamente com a FLEC-FAC na busca de soluções para o fim do conflito em Cabinda", lê-se na nota.

Por outro lado, o movimento secessionista pergunta também ao chefe de Estado angolano se o programa anticorrupção em curso no país "abrange também os líderes e famílias do denominado Fórum Cabindês para o Diálogo, suportado pelo Governo angolano".

"Mais uma vez, a Direção Político-Militar da FLEC-FAC manifesta-se disponível para abrir um canal sério de diálogo com Angola que dignifique e honre o povo de Cabinda, sem que a FLEC-FAC seja forçada a passar pelo inapto Fórum Cabindês para o Diálogo presidido pelo deputado do MPLA [Movimento Popular de Libertação de Angola, no poder desde 1975] António Bento Bembe", escreve Nzita.

"O povo de Cabinda exigiu constantemente uma identidade nacional baseada em requisitos institucionais, legais e políticos específicos. Todos os povos têm o direito de decidir o seu futuro. Como em qualquer outro lugar do mundo, é uma questão de aplicar o direito internacional, o direito dos povos à autodeterminação", termina a nota.

A FLEC, através do seu "braço armado", as FAC, luta pela independência do território alegando que o enclave era um protetorado português, tal como ficou estabelecido no Tratado de Simulambuco, assinado em 1885, e não parte integrante do território angolano.

Criada em 1963, a organização independentista dividiu-se e multiplicou-se em diferentes fações, efémeras, com a FLEC-FAC a manter-se como o único movimento que alega manter uma "resistência armada" contra a administração de Luanda.

Emmanuel Nzita é o atual presidente da FLEC/FAC e sucedeu a Nzita Tiago, líder histórico do movimento independentista Cabinda, que morreu a 03 de junho de 2016, aos 88 anos.

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