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Quinta, 23 Agosto 2018 21:26

João Lourenço lamenta que Isabel dos Santos "desencoraje o investimento" no seu país.

O presidente de Angola, João Lourenço, lamentou esta quinta-feira que Isabel dos Santos "desencoraje investimento para o seu próprio país", respondendo desta forma às críticas da empresária feitas em Junho.

"Eu não queria entrar em mesquinhices deste tipo para uma cidadã nacional que desencoraja o investimento para o seu próprio país. É o único comentário que tenho a fazer", disse o presidente de Angola aos jornalistas, comentando as palavras escritas por Isabel dos Santos na rede social Twitter.

A empresária angolana criticou, durante a visita de João Lourenço à Bélgica, no passado mês de Junho, a falta de atractividade externa de Angola, pela dificuldade em repatriar dividendos.

Numa mensagem colocada nas redes sociais, a filha do ex-presidente angolano, José Eduardo dos Santos, exonerada em Novembro, por João Lourenço, do cargo de presidente do conselho de administração da petrolífera estatal Sonangol, questionava, sem nunca se referir à visita do chefe de Estado à Europa, da atractividade do país, do ponto de vista dos investidores estrangeiros.

"Qual o investidor que vai entrar se não dão autorização aos actuais investidores estrangeiros para levarem os lucros em dólares", apontava Isabel dos Santos, considerada a mulher mais rica de África, referindo-se às dificuldades que as empresas e investidores enfrentam, nos últimos anos, para repatriar lucros e dividendos, devido à escassez de divisas em Angola.

Pedido de assistência financeira de Angola ao FMI é diferente do português

O Presidente de Angola, João Lourenço, considerou hoje que os programas do FMI “não são todos iguais”, realçando que o pedido de financiamento angolano não tem a gravidade do português.

No final da visita oficial à Alemanha, João Lourenço revelou que Angola vai beneficiar do financiamento do Fundo Monetário Internacional “em condições melhores que o crédito de outros bancos, bancos comerciais”.

“Vamos ganhar com isso, não temos receio, sabemos que quando se fala de FMI têm-se a ideia de que é um bicho papão de que é preciso ter cuidado. Depende. Os programas do FMI não são todos iguais. Não estamos a falar de um resgate como o que aconteceu noutros países europeus, como Portugal ou a Grécia. Não é disso que se trata, é um outro tipo de ajuda financeira, que não tem a gravidade que tem um programa de resgate”, esclareceu o chefe de Estado angolano aos jornalistas.

O Presidente angolano vai reunir-se com o FMI em outubro.

João Lourenço espera “consolidar este casamento entre esta nova Angola e o FMI”, e acrescenta que espera receber a presidente do Fundo Monetário Internacional em Luanda “no próximo mês de dezembro”.

O chefe de Estado de Angola disse no parlamento europeu, no passado mês de julho, que o país estava numa cruzada contra a corrupção e João Lourenço acredita que os primeiros resultados “já se começaram a sentir”.

“Pelo facto de a comunidade internacional ter constatado já que o que nós dissemos é para levar a sério, não é brincadeira nenhuma, começámos a receber os primeiros sinais: conseguimos a emissão de 'eurobonds' e, mais recentemente, o acordo de financiamento do FMI. Isto só acontece quando há o reconhecimento de que há um progresso real, um conjunto de medidas, não apenas da corrupção, mas outras medidas, que levam essas instituições internacionais a acreditar em Angola”, adiantou João Lourenço.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) confirmou na terça-feira ter recebido um pedido do Governo de Angola para o início de discussões de um programa económico ao abrigo do Programa de Financiamento Ampliado (Extended Fund Facility - EFF).

A medida, cujas negociações começarão em outubro próximo em Luanda, no quadro de nova missão, visa o apoio do FMI às políticas e reformas económicas definidas no Programa de Estabilização Macroeconómica (PEM) e no Plano de Desenvolvimento Nacional (PDN) de 2018 a 2022.

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