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Quinta, 07 Junho 2018 19:37

Governo diz que Angola deve 3 bilhões US$ a Israel, embaixador israelita desmente

A UNITA volta a apelar à necessidade da criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito à dívida pública depois dos valores tornados públicos pelo Governo, que colocam Israel como o segundo credor de Angola, com uma dívida de 3 bilhões de dólares, e de esses valores terem sido desmentidos pelo embaixador israelita 

 UNITA reforça apelo a auditoria à dívida pública

O valor da dívida a Israel foi avançado na informação disponibilizada aos investidores internacionais em Maio, com o Executivo liderado por João Lourenço a reconhecer que o Governo de Israel, através da Companhia de Seguros de Risco de Comércio Exterior de Israel (ASHRA), tem assegurado alguns dos fornecedores daquele país a projectos nacionais, o que coloca Israel como o segundo maior credor de Angola, logo atrás da China.

A Lusa escreve que "este seguro envolve nomeadamente riscos políticos, permitindo assim que os fornecedores israelitas solicitem financiamento para as exportações para Angola, junto de bancos comerciais".

No entanto, em entrevista à Lusa, o embaixador de Israel em Angola, Oren Rozenblat, diz-se surpreendido por estes números.

"Eu desconheço. Só sei de 250 milhões de dólares que o Estado de Israel deu para Angola, especialmente na área da agricultura. Sobre outros números, eu não sei. Não é dívida para com o Estado de Israel, com certeza", afirmou.

O diplomata, que na mesma entrevista considera que Angola e Israel são "países amigos", com um caminho de cooperação pela frente, "especialmente na área da agricultura", refere que Israel quer ajudar, "dar dinheiro, especialmente na área da agricultura. Para nós é o futuro da cooperação entre os dois países".

Adalberto da Costa Júnior, em declarações ao Novo Jornal Online, disse ter também ficado surpreendido com os valores avançados pelo Governo, defendendo, mais uma vez, uma auditoria à dívida pública angolana, que, segundo o líder parlamentar da UNITA, está "altamente inflacionada, não correspondendo à realidade, o que vem provar que a auditoria é a única forma eficaz de combate às irregularidades".

"Uma auditoria provocaria a redução da dívida de forma significativa. Tornaria o seu pagamento exequível e não castigaria os contribuintes. Essa questão pode também ser utilizada como um verdadeiro teste ao discurso oficial de combate à impunidade e à corrupção, e ao discurso do Presidente tem de corresponder a respectiva prática, quando não, é mero marketing político", diz o deputado.

O exemplo do Equador

De lembrar que Adalberto da Costa Júnior já tinha sublinhado, em Janeiro, que aquilo que a UNITA propõe não é fruto do acaso, lembrando que há um caso de estudo a nível internacional, o Equador, onde essa auditoria obteve resultados positivos.

"Numa auditoria à dívida detectaram inúmeras irregularidades e ilegalidades que permitiram uma redução de cerca de 60% do valor anteriormente declarado, permitindo que o país direcionasse valores para os sectores social e produtivo, tendo triplicado, nos anos seguintes, com ganhos imensos para as suas populações", descreveu. NJ

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