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Segunda, 10 Agosto 2020 12:38

Artur Queirós um barbudo dúbio contador de histórias encomendadas

No livro “27 de Maio de 1977” que Artur Queirós publicou em 2017, numa edição (mais uma) da Fundação Dr. António Agostinho Neto (FAAN), está escrito pelo autor o seguinte na página 74: “Neto não o disse nunca em público, mas é importante referir que nos primórdios do fraccionismo protagonizado por Monstro Imortal, Nito Alves e José Van-Duném, ele propôs ao Bureau Político do MPLA do MPLA que fosse nomeado um grupo de trabalho para investigar a existência de conspiradores no seio do partido. Aprovada a proposta, indicou JES para a presidir a Comissão.

Não consegui apurar se além de JES, outros membros do bureau político do MPLA participaram nos trabalhos.” Para alguém que agora, num passe de mágica virou “historiador”, ou melhor quer ser “historiador”, não ter, quarenta anos depois do gigantesco massacre conseguido apurar este facto com tantas fontes disponíveis, é, no mínimo, um sinal de profunda e insanável incompetência.

Para ficarmos apenas pela ponta mais visível do enorme de iceberg que é este sinistro personagem que nem a terra onde nasceu consegue assumir na sua campanha para provar que é muito mais angolano do que os 30 milhões que por cá vivem.

Na verdade em relação a este pormenor o “historiador” não conseguiu apurar nada de jeito porque só ouviu, ou melhor, só quis ouvir uma fonte que por sinal é uma das partes do conflito. É claro que neste e noutros casos conexos, AQ não passa de um contador de estórias encomendadas. Estando a milhares de quilómetros de distância de Angola por altura dos acontecimentos,

Artur Queirós nunca viu nada, nunca testemunhou nada, só ouviu dizer, só leu depois. Mas como sabemos que ele já leu muita coisa sobre o 27 de Maio, para além da Declaração do BP do MPLA de 17 de Junho de 1977 que é a sua bíblia preferida nesta história, gostaríamos de lhe “recordar” que antes do que se passou naquele fatídico dia, muita gente já sabia em Luanda o que ele até hoje mais de 40 anos depois ainda não conseguiu apurar. Muita gente já sabia que não foi de Agostinho Neto que partiu a ideia/iniciativa de se criar a tal Comissão presidida por José Eduardo dos Santos (JES) .

E sabia-o porque leu na altura as 13/14 Teses que Nito Alves escreveu em sua defesa e fez a entrega ao próprio JES em Fevereiro de 77. Está lá escrito o seguinte: “No 3º Plenário, perante a avalanche de “acusadores”, a agressividade dos mesmos e a falsidade das acusações o camarada José Van-Dúnen propôs a constituição de uma Comissão de Inquérito do Comité Central para que de uma vez por todas se pudesse ver quem falava a verdade.

Nessa mesma Reunião Plenária do Comité Central eu subscrevi essa proposta em ordem que se pusesse a claro a falsidade das acusações e se passasse à questão de saber quem, como, porquê e para quê montara e dirigira todo o processo.” Nito Alves nunca chegou a ser ouvido pela Comissão JES apesar de todos os esforços que fez nesse sentido.

Um historiador de facto e de jure que é Jean- Michel Mabeko-Tali não teve qualquer dificuldade em apurar este e outros factos. Em nenhum momento Jean Michel refere que a iniciativa partiu de Agostinho Neto. Limitou-se a adiantar que “perante os desmentidos do grupo incriminado, o Comité Central decidiu formar uma comissão de inquérito, cuja presidência foi confiada a José Eduardo dos Santos, membro do Bureau Político” Michel escreveu ainda a propósito o seguinte: “De qualquer modo, Nito Alves não teve possibilidade de expor a sua longa defesa. O plenário do Comité Central de 20 de Maio foi breve, condicionado desde logo pelos resultados a que chegara a comissão de inquérito”. (em actualização)

Por Joaquim da Silva Kassula

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