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Quarta, 20 Novembro 2019 00:47

Que o verdadeiro debate democrático comece!

A eleição de Adalberto Da Costa Junior como líder do partido da oposição é um momento decisivo na política angolana. Obriga seu principal adversário a se adaptar a essa nova realidade, apesar de si mesmo, e a optar por um discurso político consequente ao risco de sofrer derrotas amargas nas próximas eleições.

Com as redes sociais e o contexto internacional ajudando, é difícil imaginar a fraude. Há algum tempo, assistimos ao despertar de povos sem precedente. Uma forma de contágio é observada em vários países.

É preciso reconhecer que uma lição sobre a verdadeira democracia foi entregue ao povo angolano e ao mundo.

Esta é uma ruptura radical com o passado de várias maneiras. O MPLA aceitou a idéia de aderir à UNITA o rótulo de uma organização belicosa. O partido dos camaradas esperava esse cenário?

O novo presidente não está diretamente ligado à guerra. Escusado será dizer que o argumento favorecido pelo partido no poder se torna obsoleto.

A UNITA acaba de demonstrar que está longe de ser Tribalistas e racista, um espinho em seus sapatos.

Diante dessa nova situação, o MPLA deve se esforçar para desenvolver um discurso político responsável e se concentrar na competência. Saia da linguagem da madeira e do dogmatismo. A parte tem o dever de mudar seu discurso. Chegou a hora do discurso controverso dar lugar ao discurso analítico, o que requer uma análise séria de todas as áreas. É necessário o estabelecimento de comissões técnicas compostas por especialistas, independentemente de suas convicções políticas.

Após o colapso do Muro de Berlim em 1989 e o rebentamento da URSS, os partidos comunistas europeus que optaram por não se adaptar acabaram perdendo o eleitorado ou até desaparecendo.

Atualmente, em termos de imagem, o MPLA continua a dar a impressão de ser um partido arcaico e dogmático tingido de arrogância. Ninguém detém o monopólio do conhecimento. Ninguém é superior a ninguém se diz.

Para vencer um jogo de futebol, o treinador tem interesse em selecionar jogadores de qualidade capazes de praticar um jogo consequente.

As apostas são tão altas que é desejável que o verdadeiro debate democrático aconteça em Angola. Há tempo para tudo: chegou a hora de abandonar as caricaturas e a referência à guerra para não mencionar os muitos males que afligem o país. Na era da internet e das redes sociais, essa estratégia discursiva não funciona mais.

O povo angolano se orgulha de um debate democrático que favorece o presente e o futuro, destacando todos os obstáculos que impedem o bem-estar do povo e o desenvolvimento do país.

A abertura de uma nova página da vida política será benéfica para o país: a bola está nos dois campos.

Uma palavra, olá!

Por Pody Mingiedi

Politólogo, Observatório e Análises da vida política angolana.

Genebra, Suíça

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