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Domingo, 20 Outubro 2019 11:21

As seis mentiras que armadilharam o discurso de estado da nação do presidente João Lourenço

O discurso de Estado da Nação anunciado pela Sua Excelência Senhor Presidente General João Lourenço ficou minado com uma série de dados não reais sobre o actual quadro que o País enfrenta, dentre as variadas afirmações que não condizem a verdade da Nação passamos à descrever seis:

1 - Mediateca do Bié foi inaugurada:

Depois de João Lourenço ter afirmado que Mediateca do Bié foi inaugurada e tantas outras afirmações que não dizem respeito à Angola em que todos nós vivemos dia pós dias, as reclamações não deixaram as redes sociais em paz. Os internautas furiosos apontavam que o discurso de Estado da Nação não fazia menção a Angola onde todos nós vivemos. Na verdade, a Mediateca da província do Bié não está concluída e não foi inaugurada. O Excelentíssimo Senhor Presidente General João Lourenço terá constatado “in locus” de que a informação segundo a qual a “Mediateca do Bié foi inaugurada é falsa”, não é o único caso falso que faz menção ao discurso de “Estado da Nação”, existem outros casos que também fazem menção à dados falsos que foram anunciados no discurso de Estado da nação lido pelo então Excelentíssimo Senhor Presidente da República General João Lourenço.

2 - Há liberdade de expressão e nunca mais ninguém morreu ou foi ameaçado por criticar o estado:

Não é verdade que existe liberdade plena de expressão em Angola. Há pessoas a ameaçarem quem criticar o estado de coisas liderada por João Lourenço. Muitos dos quais ameaçam matar os críticos ou quem se manifestar de forma oposta ao rumo que o País toma. Os jovens que se manifestaram no Moxico quando o Presidente da República foi executar uma viagem de serviço foram sequestrados e levados ao Lucussi sob ordem do então Governador Mandumbo. Os jovens que estavam para se manifestar no dia 15 de Outubro foram amargamente torturados pela polícia nacional em Luanda. O jovem dono da página Sofredor Inconformado ex – funcionário do BPC, cujo nome real é Budinho foi morto por uma droga cardiotóxica que foi colocada por indivíduos não identificados no teclado do seu computador no BPC. Trata – se de um jovem activista social, que criticava o Estado angolano numa página intitulada “Sofredor Inconformado,” e desde logo, perdeu a sua valorosa vida por defender a causa do povo angolano, enquanto isso, o Presidente da República terá afirmado que nunca mais alguém foi morto ou ameaçado por criticar o Estado angolano. João Hungulo foi ameaçado de morte por defender o Excelentíssimo Senhor ex – Presidente da República Eng. José Eduardo dos Santos. Pedro Muenho dono da página “Lil Paste” foi ameaçado de morte e sequestro variadas vezes, com tentativas de encerramento da sua página, e tantas outras barbaridades cometidas pelo actual Governo de João Lourenço que não apenas reprime a liberdade de expressão como também aniquila qualquer crítico. Desde logo, não é verdade quando o Presidente da República afirma não haver perseguição, e ameaças de morte aos críticos do seu regime. Até então não se diz nada sobre a ex – Ministra da Acção Social e Promoção da Mulher que foi morte baleada. O General Kundi Paihama foi dado como morto nas redes sociais, desde logo, se é de facto uma calúnia porque o Estado angolano não sabe desmentir essa calúnia. Enquanto isso, João Lourenço afirma que há liberdade de expressão e nunca mais ninguém morreu ou foi ameaçado por criticar o estado. A situação da ex – Ministra da Acção Social? A situação do antigo ministro da Defesa e ex-governador da província do Cunene, Kundi Paihama dado como morto nas redes sociais? Porque o estado angolano não sabe desmentir tal realidade?

3 - Obras da Escola Helder Neto já estão concluídas

Não é verdade quando se afirma que as obras de escola Helder Neto no Namibe já estão concluídas. Na verdade, as obras estão em andamento e as obras ainda não foram concluídas.

4 - Estamos num bom caminho

O Excelentíssimo Senhor Presidente da República afirmou que estamos num bom caminho, a pergunta que não sabe se calar é a seguinte: um bom caminho implica morte à fome devido a escassez de comida ou de água? Nunca os angolanos morreram de fome ou de seca, excepto o tempo de guerra, desde então, não estamos em bom caminho nenhum, as coisas agravaram – se por completo como estamos num bom caminho? Que bom caminho é esse onde a taxa de desemprego ronda entre 23 à 25%? Que bom caminho é esse onde a inflação aumenta dia pós dias? Que bom caminho é esse onde as pessoas morrem à fome? Que bom caminho é esse onde o povo vive na pobreza extrema? Angola não está num bom caminho, está num mau caminho caracterizado por um drama social de terror e sofrimento profundo do povo angolano. Soube o descrédito social do MPLA, o MPLA dividiu – se como as ondas do mar se dividem, e assim estamos num bom caminho. Um bom caminho significa ressuscitar o adágio popular do Comissário Panda: “fecha cadeia e abra camama”? Enquanto gatunos de galinha e de botija não têm direito á um julgamento, há corruptos aos montes no governo de João Lourenço que são aplaudidos por fazerem corrupção dia pós dias, acresce – se a grave situação de mentirem ao Presidente da República.

5 - Foi reabilitada a en - 120 no troço Alto Dondo/Wako Kungo

Essa afirmação não condiz com a verdade, segundo fontes oculares no terreno, o troço EN 120 Alto Dondo/Wako Kungo está em construção e está longe de estar acabada. Não foi tão pouco reabilitado, precisa de ser erguido das cinzas. Há que realizar um trabalho intenso para concluir o tal troço que liga Dondo e Wako apontado como acabado no discurso de Estado da Nação. 

6 - O apressado come cru

Sim, é muita verdade de que, o apressado de facto come cru. O adágio popular enunciado pelo Excelentíssimo Senhor ex – Presidente General João Lourenço não se aplica na nossa realidade, nem se quer se aplica na realidade do Governo angolano, João Lourenço está à meio da sua caminhada e nenhum problema nacional foi resolvido. Perguntamos, já que o apressado come cru quando é que a Vossa Excelência irá resolver um único problema que afecta a nação angolana? Entre os problemas nacionais passamos a citar:

  1. a) Crise;
  2. b) Fome e seca;
  3. c) Alto índice de desemprego; ´
  4. d) Crescimento da criminalidade e da prostituição;
  5. e) Crescimento da inflação;
  6. f) Péssima qualidade de vida do povo angolano;
  7. g) Falta de qualidade do ensino;
  8. h) Falta de estradas com qualidade;
  9. i) Falta de água potável em muitas localidade e iluminação, etc, etc…

Ao afirmar que “o apressado come cru”, ele mesmo se terá auto – embuscado, ao dizer que o troço que liga Dondo e Wako foi concluído ao passo que as obras estão longe de acabarem, terá sido apressado, logo comeu cru. O apressado come cru, vai de encontro ao discurso de Estado da Nação que não diz respeito à natureza angolana. O Excelentíssimo Senhor General João Lourenço ao afirmar que o apressado come cru, estava se opor a informação do seu discurso segundo a qual, a mediateca do Bié foi inaugurada, antes pelo contrário, a Mediateca do Bié não foi concluída, logo o apressado come cru. Desde logo, esse adágio não faz referência a situação da vida do povo angolano, hoje.

Na língua nacional “umbundo” existe um adágio popular que diz: “Nda otunga ombongue sokolola epese liatcho,” implicando dizer que se contruires a embala pensa pelos prejuízos, desde logo, quando o Excelentíssimo Senhor Presidente da República terá afirmado no discurso que “Estamos num bom caminho”, muitos de nós nos perguntamos à que caminho o Presidente da República se referia, porque Angola em que todos nós habitamos é um verdadeiro inferno à céu aberto, logo não estamos num bom caminho, no inferno chamado Angola somente existe tormento e ranger de dentes, não existe o muito enaltecido bom caminho tanto exaltado pelo então Presidente da República de Angola General João Lourenço.

A péssima qualidade de vida assassina campea à solta em todos os apogeus da natureza angolana. O povo avista – se à cada dia que se passa com as mais horrendas situações do século, dramas sociais contados em filme de terror acontecem entre nós no meio angolano, enquanto isso, o “apressado come cru”. Angola é o lugar em que não existe direitos humanos, um ladrão que rouba botija ou rebuçados é morto todos os dias pela polícia, enquanto isso corruptos que roubam milhões são aplaudidos, pessoas que mentiram e deram dados falsos ao Presidente da República são aplaudidas. Aliás, o esquadrão de morte da DENIC continua em pé, de pedra e cal, inamovível e sem ferrugem, a matar ladrões de botijas, de galinha e de rebuçados, dias pós dias. Enquanto isso, dizem que Angola quer se tornar num dos países mais emblemáticos em direitos humanos, com violações cíclicas dos Direitos do Homem plasmados na Carta das Nações Unidas. Mesmo que não tenha dado direito ao julgamento célere do ladrão de botijas e de galinha, Angola que ser líder dos Direitos Humanos em África Austral ao passo que os corruptos que roubam milhões e desviam milhares de dólares são aplaudidos todos os dias.

O Presidente da República para evitar a leitura de um discurso de “Estado da Nação” que não reflecte a natureza sofrível angolana deveria passar a deslocar – se em pessoa aos musseques, para deparar – se com a dramática situação de vida que norteia aos nossos dias a vida do povo angolano.

Se realmente Vossa Excelência Senhor General João Lourenço tem lealdade à pátria angolana, tal fenómeno deve ganhar mais notoriedade num discurso de Estado da Nação que reflicta um projecto de sociedade e não um projecto de poder, onde o povo, nem se quer à binóculo se sabe encontrar.

BEM – HAJA!

Por João Henrique Hungulo

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