Quarta, 24 de Abril de 2024
Follow Us

Sexta, 01 Fevereiro 2019 10:46

Por que João Lourenço não publica o seu balanço financeiro do primeiro ano de mandato?

Uma notícia da edição da última sexta-feira, 25, do semanário Novo Jornal dá conta de que “Angola perdeu 5 mil milhões de USD das suas Reservas Internacionais Líquidas desde a chegada de JLo ao poder”.

Por: Carlos Alberto (Cidadão e Jornalista)

Se em um ano de mandato João Lourenço gastou, sem prestar contas a ninguém, 5 mil milhões de dólares das RIL e as nossas Reservas Internacionais Líquidas são de 15 mil milhões de dólares, segundo o último comunicado de José Eduardo dos Santos, não refutado pelo presidente da República, João Lourenço - apenas disse que é preciso não confundir "Reservas Internacionais Líquidas" com "Conta Única do Tesouro, o que confirma o "cofre das RIL" -, significa que em três anos João Lourenço poderá gastar os 15 mil milhões de dólares das Reservas Internacionais Líquidas, a julgar que gasta 5 mil milhões de dólares em cada ano do seu mandato.

Isto significa também que em 2021, um ano antes do fim do seu mandato, João Lourenço terá esvaziado os cofres das Reservas Internacionais Líquidas. Se José Eduardo dos Santos deixou "cofres vazios" (Conta Única do Tesouro), João Lourenço poderá deixar também "cofres vazios" (Reservas Internacionais Líquidas). Podemos ter sempre "cofres vazios" com qualquer presidente. Tudo isto vem justificar a razão de João Lourenço não pretender ser escrutinado pela Assembleia Nacional, pela minha análise, persistindo no bloqueio oficializado pelo Tribunal Constitucional, da governação de JES, o que permitiu que houvesse desvios ilícitos de fundos públicos, sem o nosso controlo público.

Ou seja, hoje estamos atrás do prejuízo porque não fiscalizámos o Executivo de José Eduardo dos Santos. E nada garante que as actuais detenções e prisões vão trazer de volta aos cofres do Estado o que foi retirado, até porque João Lourenço foi incapaz de dizer quem e quanto já voltou ao "nosso" bolso, na última entrevista colectiva. O facto de o Tribunal Constitucional não revogar o acórdão que impede a fiscalização do Executivo por parte da Assembleia Nacional vem por a nu a insistência do MPLA em governar sem ser alvo de escrutínio público. Temos aqui mais um perigo que pode levar Angola a uma situação social pior que a que JES deixou.

É grave que num ano de mandato João Lourenço já tenha gasto 5 mil milhões de dólares das RIL e não precisamos de ser cientistas nem kimbandeiros para perceber que grande parte desse dinheiro foi gasto em viagens para fora do país, cujos balanços de benefícios concretos para o Estado ainda não foram feitos (também). Se por um lado cabe ao Tribunal Constitucional revogar o dito acórdão que impede a fiscalização da gestão do Executivo, por outro, nada impede - em nome da transparência que hasteia, nos seus discursos - que o presidente da República publique o seu balanço do primeiro mandato, enquanto a Assembleia Nacional não se torna "normal", já que quem não deve não teme.

A referida notícia do Novo Jornal devia ser motivo de análise até dos Serviços de Inteligência do país com o sentido de proteger a nação contra um possível descalabro social enquanto João Lourenço não publicar o balanço financeiro do seu primeiro ano de mandato. Nós devíamos aprender com o passado para prever o futuro.

E o pior de tudo isso, para agravar mais a situação difícil que enfrentamos no país, com os preços gerais da economia a subir, sem compensação científica nos nossos salários, é que os órgãos de comunicação social públicos não conseguem desenvolver jornalismo de investigação para escrutinar a gestão dos auxiliares do Titular do Poder Executivo.

Os Serviços de Inteligência e de Segurança e órgãos de defesa nacional devem fazer estas análises para impedir que o futuro do país seja pior para todos nós. É o que acontece em países normais. Por isso é que se chamam "Serviços de Inteligência".

João Lourenço deve ser obrigado a publicar, regularmente, os seus resultados, sem ser preciso aguardar pelo acórdão do Tribunal Constitucional, já que existe uma alegada separação de poderes, para impedir que o que está a acontecer agora com os ex-governantes de José Eduardo dos Santos aconteça com os ex-governantes de João Lourenço e continuemos a cair para o precipício em queda livre.

Rate this item
(0 votes)