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Sábado, 08 Setembro 2018 22:46

O Legado De Um Maquizard

Dr António Agostinho Neto sentiu o primeiro sintoma de bom augúrio para o futuro de Angola, tendo projectado uma fuga de Portugal à Angola, depois de ter sido vítima de perseguições e prisões pela PIDE, organismo português que era o viveiro da repreensão de nacionalistas e perseguição destes.

Por João Henrique Rodilson Hungulo

Em Junho de 1962 por unanimidade do Partido dos camaradas Dr Neto foi eleito presidente do MPLA. Agostinho Neto recebeu na altura um MPLA preso sobre as algemas da divisão partidária interna, fragilizado entre alas que o abarcavam em conflitos, deixaram – no respirar um ar conspurcado pelos conflitos internos cujos interesses eram alheios à unidade do Partido. Dr. Neto recebia um MPLA entregue às mãos do pesar de seus militantes, desde a base ao topo, disseminava – se no seio daquele clube político, vastos valores antinómicos entre os seus simpatizantes, levando – se à fuga de seus co – fundadores, Viriato da Cruz não se atalhou, entregou – se ao abandono, um homem de brilho singular que lhe era distintivo, deixou o partido sobre palhas acesas, entregue – se ao seu rumo, e volveu – se ao GRAE de Holden Roberto, tendo lá ocupado a pasta de Ministro dos Negócios Estrangeiros. Outros tantos como Eduardo Macedo dos Santos, Hugo Azancot de Menezes, Miguéis e Pinto de Andrade, não se reconheceram, saíram à deriva, reféns de um mau tempo de penúrias e objecções que eles próprios amanharam […], o solo do MPLA, que eles mesmos esbravejaram, deixou de ser fecundo, tornando – se impróprio à convivência. Neste clima que ditou os nítidos contornos geográficos d”aquele tempo, de tanta alvoroço e adversidades, vítima de uma era revolucionária, conturbada que precisou mergulhar o Partido nas águas turvas, Dr. Neto era eleito — capitão do navio em soçobro, num mar ardente de revoltas causadas pelas ondas que fazia o navio gritar à socorro, perante o tão alto tom de alvoroço das águas, havia de cumprir a sua missão de devolver calma e paz ao Partido, face às circunstâncias que colocava o Partido cativo duma era brumosa e calamitosa.

Dr. Neto recolheu o partido, às mãos fortes de Lara, manteve esse unido, reunindo consenso de todos, fazendo do MPLA um partido de dimensão nacional e anti - regional, que sentia desagrado às frentes étnicas e tribais que tinham por base a separação entre angolanos, e, não a unidade da nação […]. Dr. Neto chamou para o Partido todos os angolanos desunidos, fazendo do MPLA, um viveiro de todas as vozes angolanas contraditórias, algo que há muito, se via pouco comum nesta agremiação política. No panorama africano, Dr Neto fez face à uma adversidade de carácter diplomático que impunha – se contra a sua marcha enquanto líder do MPLA, neste primas, foi – lhe necessário identificar aqueles que lhe eram afectuosos, e, aos que sentiam alergia com a sua existência no cerne africano como um líder. Todavia, os problemas internos voltadas à distribuição das Regiões Político – Militares e na lealdade dos líderes regionais assumiam um peito de pesado obstáculo para a marcha dos acontecimentos no seio do MPLA.

Face às conturbadas situações que arremessavam - se às garras do Partido, Dr. Neto não se arranjou às costas da inacção, pensou de maneira culta possibilidades que ensaiavam inventar uma saída vitoriosa para a unidade do MPLA:

  1. a) Reorganizar internamente o partido com uma liderança participativa e garantir a lealdade dos líderes jovens locais com a disciplina partidária;
  2. b) Resgatar a autoridade moral do MPLA na política africana à partir do seu prestígio intelectual/ cultural e procurar a integração desta organização política nas arenas principais africanas;

Entre 1960 à 1965 — o continente berço foi atacado por golpes de estado, por todos os lados, como aves de rapinas atacam suas presas, — uma nova ordem africana veio difundir – se à resultar trágico cenário. Cabia ao médico angolano, reorganizar o MPLA face às circunstâncias que comandava o novo curso da história, visando aquilo que fazia eco na nova geografia política do mundo africano. O médico Neto — carregou às costas uma obra de pesada carga, que não lhe dava nem hora alguma para pregar os olhos, teve de dinamizar – se à luz dos novos tempos africanos, reconstruir um MPLA que viesse satisfazer os anseios dos angolanos e da nação angolana, foi o seu grande papel, desde um processo de descolonização, tendo – se levantado como o verdadeiro guia imortal da nação angolana, até, a construção de uma nação livre e emancipado das azedias coloniais.

Em 1962, uma altura em que o MPLA não encontrava espaço no seio da comunidade africana, fale – se à honra da verdade, o MPLA nessa altura, não era de tão alto valor para África entre os ditos defensores dos interesses de África, o médico angolano Dr. Neto, elevou a sua voz, procurou à todo o sacrifício lobrigar um MPLA que fosse reconhecido pelo mundo e pela África daquela época — tendo realizado em Léopoldiville uma conferência em cuja magnitude acordou o ouvido da OUA tendo o acusado de ser o MPLA uma organização política cujo papel era insubstituível no que rufava a inquietante precisão do processo de descolonização de Angola. O Dr. Neto, nessa altura, teve um papel de carácter singular que precisou reconhecer o MPLA pela OUA e pelo mundo, tendo entrado de forma açulada na luta de descolonização de Angola que até 1975 veio torná – la livre de todo processo colonial que o vitimou durante séculos.

O destino traduziu – se padrasto, tendo presenteado à sua caminhada à Deus dará, assim, o Dr. Neto tornou –se vítima de uma doença que lhe sacrificou a vida, tendo acorrido à Moscovo para o acudir à sua saúde malquistada. Tal feito foi intempestivo, e de nada resultou, senão mesmo a sua morte prematura, numa data incógnita, que lançou –se à culminar com a sua data de aniversário, à 10 de Setembro de 1979, diga – se, conta – se aos dedos tal surda coincidência de factos (…), morria naquela época o herói da independência colonial, o homem que lutou de forma incansável para manter Angola livre, um grande nacionalista, um homem líder do anti – fascismo que em 1952 foi preso por ser acusado de ter participado de forma activa no movimento juvenil anti – Salazar, tendo sido preso novamente em 1955 – 1957.

O País foi entregue à solidão, e ficou sem um líder para lhe dar sentido de estado, ficou a tarefa de elevado teor, procurar por haver um homem com peito para abarcar valores que lho permitam dar um sentido equidistante aquele que vinha de Neto, enquanto líder. Numa conferência do Partido – MPLA, que tomara palco em Brazzaville, para pôr fim aos contrastes políticos que o partido vinha arrostando no quadro da discrepância entre os seus coevos — após o 25 de Abril de 1974, — o Eng. José Eduardo dos Santos reaparecia no cimo das atenções, entre os maquisards, o líder da JMPLA, era acenado de ser um homem de confiança singular do Partido, para fins superiores àquela época. As conclusões que se fizeram presentes no primeiro congresso de Dezembro de 1977 do MPLA apelaram à José Eduardo dos Santos — um homem de amplitude e visão no plano nacional, à quem se possa confiar destinos essenciais e superiores à existência unitária do País, como sendo o mais digno, o mais sereno, o mais estratega, o mais visionário, o mais capaz, no qual se encontravam qualidades únicas para responder aos problemas emergentes que faziam face às circunstâncias da época, — assim, logo que se fazia presente a trágica notícia sobre o passamento físico do Dr. Neto, o MPLA não se recusou em encontrar em JES todas as responsabilidades do País e, do seu Partido, realçando a sua trajectória desde a juventude até à fase dos 37 como o ideal à substituir o herói nacional, nascia nesta época: “O legado do maior maquizard da história”. Foi assim que se desenhou a configuração da anatomia política do Eng. José Eduardo dos Santos — Presidente do MPLA e segundo Presidente da República de Angola desde 1979.

O Eng. JES se transformou na única medida para resolver os problemas emergentes e urgentes do País, conjugando – se neste facto a tão útil, — quase diria arrojada — necessidade do País em fortalecer as FAPLAS à partir de reforço de uma diplomacia forte, quer para o internacionalismo, quer para travar a luta contra as invasões da África do Sul e do Zaire, bem como estimular no povo o factor produtivo, tendo tornado o MPLA, em MPLA – PT. Eng. José Eduardo dos Santos, se mostrou como um bem precioso na resolução da guerra fria, que tinha por palco Angola à luz dos interesses das multi-potências bélicas. É lícito dizer que os problemas de Angola, que encontravam – se retidos no olhar sequioso das pluri - potências cósmicas, debatidos num restrito meio de interesses políticos mundiais dos EUA e da URSS, começam nessa época a interessar vivamente as altas mentalidades africanas, logo, Angola aparece como o palco dos interesses de África, donde partiria as grandes conquistas do continente, quer as engendradas pelos EUA/ ou pela URSS.

O eng. José Eduardo dos Santos, nos livrou definitivamente da vontade imperialista russa, e da vontade imperialista americana, que com seus interesses grosseiros e petulantes, e das nebulosas concepções metafísicas, queriam orientar Angola para fins da concepção política que primava por expandir o comunismo, o socialismo, ou mesmo a democracia, porém, tornando – se refém de interesses imperialistas próprios das nações que governam o mundo. O eng. JES aparece como um homem — de tão escassa política e diplomacia, e de tão elevadas faculdades de decisão, de contributo definitivo para o fim da guerra fria em África, que se vê obrigado, para não titubear, a ler a enfadonha época de conturbações beligerantes, que se faziam presentes nas vozes das contradições internacionais, assumindo por solo Angola.

O legado do maior maquizard da história, é um património vivo para toda humanidade, porque neste legado lhe reproduziram a solução de inúmeros interesses internacionais que atravessaram oceanos até atingirem África como meio de conquista de seus fins, através da expansão de regimes que lhes eram intrínsecos.

I. Noção preliminar sobre o ente maquisard de José Eduardo dos Santos

O vocábulo maquisard, etimologicamente advém do francês, é uma palavra composta por aglutinação, entre o prefixo maquis (marcha), mas o sufixo ard (duro, resistente). Originalmente, a palavra veio do tipo de terreno em que os grupos de resistência armada se esconderam, terras altas no sudeste da França cobertas com vegetação arbustiva chamada maquis shrubland.

I.1 Aspectos históricos sobre os maquisards

Os maquisards eram bandos de guerrilheiros angolanos que combateram a resistência colonial portuguesa. Compostos de homens e mulheres, que vergaram – se perante à tão alta necessidade de libertar Angola que encontrava – se cativa, sobre as correntes da soberania imperialista do Estado Novo de Salazar. Para evitar o acto deplorável que encontrava Angola sobre as ondas das míseras épocas coloniais, que a lançavam ao chão como um País do cativeiro que lhe era roubado todos os direitos de liberdade e independência, os maquisards se tornaram como núcleo da liberdade do povo angolano. Dispostos a lutarem com armas nas mãos, a derramarem o seu sangue em prol dos mais elevados interesses da Pátria. É dai que vem a personalidade do Eng. José Eduardo dos Santos – homem mais útil para o encontro das soluções desta problemática erigida pelos maquisards, Dos Santos, se tornou num recurso de irrecusável juízo à necessidade ao encontro dos interesses mais magnos da independência de Angola e da resolução dos conflitos mergulhados sobre o País. 

Antes do início dos maquis angolanos, pequenos grupos de resistência foram criados nas zonas dos subúrbios de Luanda, foram esses grupos à mando do Cónego Apolinário, e, comandados por Neves Bendinha que estiveram em frente das rebeliões criadas e propagadas em Luanda no dia 4 de Fevereiro de 1961, que com catanas, paus e machados derrubaram com coragem e abnegação um governo armado até aos dentes, com a sua tirania fascista e hostil. Os maquis começaram a sua história nos subúrbios de Luanda, depois, foram para os palcos da CEI, CEA, onde através de uma luta clandestina anti – fascista, fizeram recuar o mundo escravo — que tinha por solo de construção continuada — Angola.

O Eng. José Eduardo dos Santos assumiu um papel sublime e histórico como o maior maquisard da história angolana, por ter acorrido ainda cedo à luta clandestina contra o imperialismo colonial, ter dirigido a guerrilha em matas fechadas fazendo recuar o mundo escravo - angolano, Dos Santos, nunca recuou, sempre acolheu com esplêndidos aplausos a vontade de defender a nação até as última gotas do seu sacrifício.

II. Interesses do meio internacional sobre a guerra fria

O século XIX, por exemplo, foi um período em que o liberalismo parecia oferecer as melhores respostas para as questões da riqueza, do emprego e da renda. Não foi acidental que Adam Smith intitulou sua obra “Uma Investigação sobre a Natureza e a Causa da Riqueza das Nações”. A visão contida em sua obra, apesar das variadas interpretações e dos desdobramentos que se seguiram, em sua essência, predominou ao longo de todo o século XIX. A ordem económica internacional, definida pela busca do livre comércio, pela liberdade na movimentação dos recursos financeiros e por um sistema monetário baseado na segurança da libra esterlina e na livre movimentação do ouro, reflectia amplamente essa fé liberal. Aqueles que argumentavam em outra direcção, como Alexander Hamilton, nos Estados Unidos, e Friedrich List, na Alemanha, que diziam que o livre comércio não era uma receita eficaz para todas as nações, permaneceram na penumbra. A ideia de que o comércio se constituía no motor do crescimento era uma percepção generalizada e tão indiscutível a ponto de Alfred Marshall, em seu “Principles of Economics” — [crescimento económico é uma questão afeita ao comércio internacional] (…). Sem ter que sustentar essa afirmação com argumentos de qualquer natureza.

Agora sabemos que as ideias de Hamilton e List, embora em desacordo com a visão predominante, estavam em sintonia com os esforços de industrialização de seus países. Por outro lado, é curioso observar que a Grã-Bretanha, a partir de 1919, vai liderar os esforços de retomada do padrão ouro, muito embora, nas condições da época, essa nação haveria de ser uma das mais prejudicadas com a volta desse sistema. Quer seja pelo facto de reflectir a fé liberal, que renascia vigorosamente no pós-guerra imediato, ou pelo seu facto de ter - se transformado em um símbolo da estabilidade internacional e da supremacia britânica, o facto é que a volta ao padrão ouro passou a ser defendido com entusiasmo apaixonado por estadistas e estudiosos.

No segundo pós-guerra deste século, o quadro das percepções havia - se alterado de modo dramático. A dolorosa experiência da crise dos anos 30 havia mostrado as limitações da ordem liberal, que havia predominado no século XIX. Ao contrário do que havia ocorrido em 1919, na Conferência de Bretton Woods não se pensava em “reconstruir” a ordem económica. Keynes e White tinham pontos de vista diferentes a respeito de como estruturar a nova ordem económica internacional, mas ambos, assim como praticamente todos os demais participantes da Conferência, concordavam em que essa ordem deveria ser substancialmente diferente daquela que havia fracassado nos anos 30. O comércio de commodities deveria ser administrado e as finanças internacionais deveriam ser manejadas pelas autoridades nacionais e agências internacionais que, dessa forma, evitariam as oscilações danosas dos preços nos mercados de commodities e a volatilidade dos capitais, que haviam estado no âmago do processo de desencadeamento da crise dos anos 30.

Os primeiros anos do segundo pós-guerra presenciaram também a emergência de outro elemento condicionante das percepções que iriam influenciar fortemente as relações internacionais: a Guerra Fria. Os argumentos de Keynes, economicamente consistentes, a respeito da falta de liquidez internacional não foram aceites em Bretton Woods, mas foram amplamente atendidos a partir de 1947, depois que as disputas e rivalidades da Guerra Fria foram transformadas em prioridades na agenda internacional por parte dos Estados Unidos. Com efeito, as expressivas somas transferidas para a Europa pelo Plano Marshall praticamente resolveram a carência de liquidez internacional, à sombra de uma doutrina de segurança estratégica internacional voltada para a contenção do avanço soviético.

A rendição incondicional do Japão, assinada a bordo do porta-aviões USS Missouri em 2 de setembro de 1945, punha fim à Segunda Guerra Mundial (1939-1945), encerrando um capítulo do século XX cujas consequências seriam determinantes na configuração da nova ordem mundial em múltiplos aspectos, sobretudo políticos, económicos e ideológicos.

No meio de incertezas e desorganização causadas pela Segunda Guerra Mundial, a nova ordem se ocuparia em resgatar, na essência da extinta Liga das Nações, o ideal de organismos supranacionais que articulassem os interesses entre os protagonistas mundiais. A criação da Organização das Nações Unidas (ONU), aprovada na Conferência de São Francisco (1945), do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial em Bretton Woods (1944) são exemplos do esforço político para institucionalizar os canais de negociação e cooperação entre países, embora a actuação dos principiantes organismos internacionais não convergisse com interesses comuns a todos os representados.

As condições da pós-Segunda Guerra Mundial ilustravam a nova distribuição do poder nas relações internacionais, em virtude dos diferentes graus e formas de envolvimento dos protagonistas naquele conflito. A URSS aperfeiçoou, na época, o desenvolvimento de armas nucleares e possuía o maior exército do mundo, além de anexar vários territórios e ampliar a sua influência no leste europeu. Os Estados Unidos auxiliaram os países envolvidos na Segunda Guerra Mundial a reestruturar-se e ampliaram as suas zonas de influência, fruto da sua estabilidade económica e poderio militar.

Estados Unidos e União Soviética constituíam o primeiro escalão da nova ordem, ainda que a infraestrutura e os profundos efeitos da guerra sobre a demografia e a economia deste último país comprometessem o equilíbrio frente ao rival.

A União Soviética liderava o bloco socialista, exercendo grande influência nos países do Leste Europeu, em algumas nações da Ásia e da África, além de Cuba, na América Central. Já os Estados Unidos destinaram financiamentos à reestruturação de países envolvidos na Segunda Guerra Mundial (Itália, França, Reino Unido, etc.), além de exercerem grande influência no continente americano, na África, na Ásia e Oceânia. Esse jogo geopolítico serviu para demonstrar a supremacia entre as super-potências de ideologia política diferente que interferiu na política de vários países.

II.1.Evidências da guerra fria em favor da versão alternativa À Africa passada por Angola

Neste mar da guerra fria, Angola aparece como solo para intentos russos e americanos à África. Os EUA em intervir em Angola acorreram à África do Sul, Zaire e Zâmbia, tendo estes à seu favor a UNITA. A URSS juntamente com a Cuba lutavam à favor do MPLA. Estava assim erguida raízes bastante profundas sobre a guerra fria em Angola. O conflito entre o MPLA e a UNITA acendeu – se como um carro em combustão inflamada no destino de um acidente aberrante sobre uma rede viária, as super-potências colocavam o corpo de seus interesses atrás dessas organizações políticas. A UNITA do Dr. Jonas Savimbi apertava o gatilho, tendo erguido na Jamba o seu maior bastião militar cujo reforço económico encontrava na África do Sul e em Wanshinghton seu maior relevo de suporte.

Face à tão conturbada situação, o Eng. José Eduardo dos Santos ergueu o seu papel à luz de uma política plasmada na diplomacia pacífica e coerente, que encontrasse no diálogo a saída para a guerra fria que tinha por solo Angola. O seu aspecto pacífico de liderança é visível no que se dá escrito, tendo – se enviado ao então secretário – geral da ONU — Kurt Waldheim, — onde se encontra plasmado o seguinte:

Uma vez mais, a RPA é vítima de ataques militares e violações dos espaços terrestre e aéreos pelas forças militares racistas de Pretória. Estão concentrados nas fronteiras de Angola/ Namíbia mais de 45 mil soldados sul – africanos, enquadrando mercenários e fantoches, cujo objectivo visa ocupar o território soberano de Angola. Trata – se de uma provocação grave, que compromete seriamente a paz na região e segurança internacional. A situação desenha – se perigosa e poderá provocar uma guerra de consequência imprevisível. A RPA, como Estado soberano e membro da ONU, para a defesa da sua soberania e integridade territorial. Assim, peço, à Vossa Excelência, no uso dos poderes que lhe confere esta carta, para se pôr termo aos sucessivos actos de agressão de que é vítima a RPA e se neutralizar a iminente invasão de grande envergadura preparada contra o meu País — Eng. José Eduardo dos Santos, ao 25 de Agosto de 1981.

III. Começo da democracia em Angola

Após a Segunda Guerra Mundial ter - se avistado com o fim, a Europa entrou – se num processo de revolução económica, aludido na reconstrução de todos os seus estratos sociais e económicos, perdidos no passado de uma guerra mundial intensa, desde logo, veio sobre ela a elevação de um progresso de admirável aplauso, no âmbito económico e industrial. Ficaram de fora os países do leste da Europa, neste prisma, as crises de sucessiva prossecução infectaram – lhe o seu corpo, atirando – lhe em bancas rotas. A grave crise na qual o mundo comunista se submergiu, redundou a exaltação de ânimos de medida imensurável — fruto da imposição do sistema socialista que estava em vigor no bloco de países socialistas chefiados pela União Soviética. Todas as formas de manifestações contra o governo e seu regime político, eram retorquidas pelo uso da força, ordenados pelos líderes dos governos dos países em que tais factos ocorriam, inclusive a União Soviética.

No segundo quartel do ano 80, o sentimento de desagrado dos habitantes da União Soviética, colocava - se à degradar a União Soviética, nisso veio à ribalta reformas de necessidade imediata, não obstante, quando os tempos mudam, as vontades também mudam, nisso, resultou uma menor intercalação dos soviéticos sobre a Europa do Leste, desde logo, veio a dissolução da União Soviética como o sal se dissolve sobre a água do rio, os países que lhe faziam corpo, saíram à independência, deixaram a Rússia só, completamente indefesa e fragilizada, os EUA, tornaram – se poderosos face a fragilidade da Rússia, importava dizer, que a guerra fria estava no fim de sua caminhada.

Em Angola ressaltou – se nesta época, a batalha do Kuito Kuanavale, que derrubou o exército que dizia ser invencível de África do Sul, através dessa batalha, desenhada com as prudentes faculdades mentais de Sua Excelência Senhor Eng. José Eduardo dos Santos (o magno motorista dos destinos do País do passado, que deu tudo para o derrube do regime racista do Apartheid) resultou utilidades de interesse esplêndida, nunca antes registada.

Nessa era, a região de África Austral foi violada por intensos conflitos militares. A necessidade de descolonização da região austral do continente Berço, a caída da guerra fria sobre o corpo de África Austral, vieram dar caminho à um processo de conflitos complexos que entre 1970 e 1980, se relevaram em Angola como palco dos seus factos. Todavia, o regime racista de África do Sul, assumiu o comando de inúmeros Países de África Austral, quer desde o ponto de vista político, como desde o ponto de vista estratégico, económico, industrial, de segurança regional, potência regional. A África do Sul era desde então, a Nação mais poderosa de África, abarcando o seu regime à região austral com pretensões de permiti – lo expandir para além da Namíbia e Zimbábue.

Desde logo, a batalha do Cuito Cuanavale assumiu ser a mais importante batalha do último capítulo do século XIX, ocorrida entre 1987 e 1988, tendo desta resultado inúmeros proveitos de natureza regional, geoestratégicos e de segurança regional, cujos frutos vieram ditar os destinos do futuro. Esta batalha contou com a presença das duas maiores potências mundiais, EUA e a URSS, inserindo as ofensivas das dinâmicas da Guerra Fria que tomava por palco África no solo angolano.

O fim desta grande batalha assumiu um papel decisivo para a paz regional em 1988. A partir deste fim da batalha, vieram em pauta novos interesses à serem relevados em África Austral, cujo fim visava a retirada do regime racista do Apartheid de suas tropas de Angola, a ida dos soldados cubanos, o fim do apoio militar norte – americano à UNITA, o fim da segregação racial na África do Sul, a libertação de Nelson Mandela, a retirada de África do Sul do solo namibiano e a independência do Zimbâbue.

O Cuito Cuanavale representou o fim de um processo de natureza histórica que teve seu ponto de partida em 1948, que se revê na implementação do regime de segregação racial sul – africana. Esse período também se constituiu no núcleo dos conflitos vigentes em Angola entre o Governo angolano e as forças rebeldes da UNITA, à luz de interesses geopolíticos internacionais que tinham por actores centrais, os russos e americanos [Guerra Fria], a batalha de Cuito Cuanavale ficou marcada com o fim da guerra fria em África Austral.

Desde então, com a perda do poder russo na hegemonia política internacional, os americanos exaltaram o seu poder sobre África, a fazer fé do espírito americano, fez – se presente o seu regime democrático, eram eles o árbitro em campo no solo angolano, a ditar as regras, os russos ficaram à deriva, reféns do fracasso já não davam motivos de vida, a dissolução do bloco russo, deixou – os sem ânimo, nem moral para continuar à frente do processo político angolano, tendo desde logo, os EUA à impor as suas regras, dado resultado, veio à Angola a democracia em 1991, tendo – se dado o fim de um sistema de partido único, antes presente no País, tudo ficou visado em novas ordens mundiais: “a democracia e a multi-partidarização”.

IV. De uma era nebulosa às grandes concretizações nacionais

Em 1991 se fez constituir para Angola a primeira República, tendo – se desde então, constituído um País democrático, com a vigência de um governo de unidade nacional (GURN). Tendo sido isto, fruto do protocolo de Lusaka [Protocolo de Lusaka foi um tratado de paz angolano que durou cerca de quatro anos e tinha como base a desmobilização das tropas do MPLA/FAA e as tropas da UNITA/FALA. O tratado foi assinado na capital da Zâmbia, Lusaka, no dia 20 de Novembro de 1994, pelo então Ministro das Relações Exteriores do Governo angolano, Venâncio de Moura e o então Secretario Geral da UNITA, Eugénio Ngolo Manuvakola].

O protocolo de Lusaka assumiu um papel essencial no âmbito da correcção das circunstâncias deficitárias plasmadas nos Acordos de Bicesse, e, tendo resultado na constituição do Governo de Unidade Nacional e de Reconciliação Nacional em Angola. O Eng. José Eduardo dos Santos, assumiu nesse processo um papel central, que se inseria num processo de reconstrução de uma Angola visada na unidade de todos os povos deste País, o Eng. José Eduardo dos Santos incluiu todas as forças políticas que tinham assento Parlamentar, tendo desde então à realizar eleições em 29 e 30 de Setembro de 1992.

Angola passou à conhecer as suas primeiras eleições, depois de realizadas, Jonas Savimbi acorreu às armas, tendo revelado – se insatisfeito do processo, onde até a ONU na pessoa da diplomata Dame Margaret Joan Anstee afirmava ser um processo livre e justo. Dr. Savimbi não reteve os ânimos, lançou – se à deriva à recurso do ferro e da pólvora para chegar ao poder à força. Era desde então, destacado o reinício de uma era que viria mergulhar o país num eclipse político. 

Nesta índole, a guerra não tardava por perder o seu rosto, em 2002, Dr. Jonas Savimbi perdeu a sua valorosa vida em combate, como processo que tinha por sujeito actor e culposo à sua própria pessoa. Veio ao País uma paz definitiva, entregue à um País que esperava por ela de joelhos pregados nos chão.

IV. 1. As maiores conquistas de uma angola em paz

Qualquer história feita em Angola que se paute por esquecer o passado desse País, não merece nenhum prestígio de história, nem tão pouco aplauso algum de ser chamado simples conto curioso, porque a história merece trazer o passado em pauta e não o contrário, as marcas da guerra, superam qualquer acto histórico que tenha passado por Angola, desde a era da independência de Angola proclamada à 11 de Novembro de 1975, o maior feito depois da independência até aos nossos dias foi o alcance da paz à 4 de Abril de 2002.

Desde que a paz chegou à Angola, deu – se lugar à reabertura do caminho – de – Ferro de Benguela (CFB), uma via ferroviária de carácter primordial no âmbito do acesso à bens que dizem respeito à sexta básica, e os demais fins económicos.

A paz alçou sobre o solo angolano oportunidades de alargamento económica (…). Com a chegada da paz, fez – se evidenciar no País um crescer sobre inúmeros resultados de teor económico, nos termos da liberdade de mercado, tendo como resultados os seus benefícios sobre os indicadores sociais, na qualidade de assistência à saúde, na educação, na habitação, na redução do desemprego e na formação profissional dos angolanos. Tendo – se registado um amplo esforço revelado na reconstrução do País, na desminagem da nação, bem como na construção de escola, hospitais e novas cidades de raiz.

V. O fim da caminhada do maquisard

O Eng. José Eduardo dos Santos cumpriu o seu papel, firmado na defesa dos mais elevados interesses da nação, sua partida ficou marcada um período de marca inesquecível na memória da história, José Eduardo dos Santos deu o seu melhor quando se entregou a sério. Nacionalista e autêntico patriota da história angolana, JES respondeu ainda jovem ao apelo da terra, aderindo de corpo e alma à luta de libertação, volveu – se contra a guerra fria imposta sob alçada estrangeira, deu fim ao regime do Apartheid, libertou Nelson Mandela e os Países que abarcam a África Austral. José Eduardo dos Santos foi até ao limite, manteve este país unido, deu o peito às balas quando a ameaça de desintegração provocada pela UNITA era inegável, José Eduardo dos Santos represente o protótipo dos maiores interesses da história, sua partida representa o fim de uma era dos maquisards, homens arrojados que se lançaram nas matas em busca da liberdade de Angola face aos interesses coloniais. Sua partida fica marcada com o início de uma outra era. José Eduardo dos Santos deu o seu melhor, somente não reconhece quem por opção tem a sorte de ser cego, José Eduardo dos Santos foi até ao fim, deu tudo que pude dar, consumou as suas energias como líder e patriota, mesmo tendo cometido erros, nunca se pode deixar de exaltar o que ele fez de melhor ara esta África e para o seu próprio País – Angola.

À DEUS GRANDE MAQUISARD E PATRIOTA DA HISTÓRIA ANGOLANA!

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