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Segunda, 20 Mai 2019 10:38

Google suspende suporte do Android aos celulares da Huawei

Com isso, a fabricante perde o acesso às futuras atualizações do sistema operacional e seus futuros celulares podem vir sem os apps oficiais da marca, bem como o acesso à Play Store

Depois de entrar na lista negra de comécio de Donald Trump - uma relação de empresas que não podem comprar tecnologia de empresas americanas sem a aprovação do governo - a Huawei começa a sofrer as consequencias desse duro golpe: o Google cortou a licença do Android para os celulares da marca. Com isso, a fabricante perde o acesso às futuras atualizações do sistema operacional, ficando restrito apenas aos updates do Android Open Source Project (AOSP). As informações são da agência de notícias Reuters.

Ao perder o suporte do Google, os futuros celulares da Huawei podem vir sem os aplicativos oficiais da marca (Gmail, Docs, Duo, Calendar, Fotos, etc), além do acesso ao Google Play Store. Além disso, todo o suporte técnico também seria cortado e os aparelhos da marca ficarão restrito apenas às licenças do AOSP. Isso também significa que a Huawei só poderá enviar atualizações de segurança para o Android assim que elas forem disponibilizadas no AOSP, desde que a empresa use seu próprio sistema de atualização. Ainda não está claro como isso afetará a gama completa de integrações Android das quais a Huawei depende.

Entenda o caso

A Huawei está sob crescente pressão do presidente Donald Trump e do governo dos EUA, que temem que sua infraestrutura de telecomunicações- vendidas a uma série de países mundo afora - possa ser usado pelo governo chinês para espionar as redes 5G norte-americanas. Esses temores já vêm de algum tempo. Por exemplo, em 2018, as agências de inteligência dos EUA alertaram contra o uso de dispositivos Huawei e da ZTE (também chinesa) para fins de espionagem e políticos do país acusaram a fabricante chinesa de ser "efetivamente um braço do governo chinês".

Além disso, no começo de dezembro do ano passado, Meng Wanzhou, vice-presidente do conselho administrativo da Huawei e também presidente financeira da empresa (CFO), foi presa em Vancouver, no Canadá, e aguarda extradição para os Estados Unidos, onde foi acusada de violar sanções ao Irã. Hoje, depois de pagar uma fiança, ela está em liberdade condicional, a espera de julgamento.

A Huawei sustenta que não é possível para o governo chinês usar sua infraestrutura de redes 5G para instalação de backdoors, e continua otimista em relação ao futuro de seus negócios. No entanto, essa suspensão praticada pelo Google representa um grave risco aos seus negócios na área de smartphones, onde a empresa já é a segunda colocada em vendas globais, superando a Apple.

Prevendo que episódios como esse ocorresem, a empresa já tinha um "plano B": ela está desenvolvendo um sistema operacional proprietário, que pode ser usado caso o relacionamento com o Google - e outras empresas norte-americanas - se mantenha suspenso. A existência desta plataforma foi confirmada pelo CEO da Huawei, Richard Yu. Em entrevista ao jornal alemão Welt,em março último, ele afirma: “Nós preparamos nosso próprio sistema operacional. Se por acaso ocorrer uma situação em que não poderemos mais usar esses sistemas [Android e Windows], estaríamos preparados. Esse é o nosso plano B. Mas, é claro, preferimos trabalhar com os ecossistemas do Google e da Microsoft.”

 

Presidente da Huawei diz que resistirá à pressão dos EUA

A empresa chinesa de telefonia Huawei está preparada para resistir à pressão de Washington e reduzirá sua dependência de componentes americanos.

- Estamos nos preparando para isso - disse o presidente e fundador da empresa, Ren Zhengfei, em sua primeira entrevista desde a decisão do presidente Donald Trump de proibir que as empresas dos EUA usem equipamentos de telecomunicações de empresas estrangeiras.

Ren afirmou que a Huawei continuará desenvolvendo seus proprios componentes para reduzir a dependência de fornecedores estrangeiros. A empresa lidera a corrida em tecnologia 5G, mas depende desses fornecedores.

Segundo o jornal japonês The Nikkei, a cada ano são gastos US$ 67 bilhões em componentes, incluindo US$ 11 bi de fornecedores americanos.

Normalmente discreto, Ren Zhengfei, de 74 anos, começou a se manifestar nos últimos meses à medida que a pressão sobre sua companhia aumentava.

O passado militar de Ren e a falta de transparência da Huawei despertaram suspeitas em alguns países de que existem laços entre a empresa e os militares e serviços de inteligência da China.

Por sua vez, as agências governamentais americanas já tinham proibido a compra de equipamentos da Huawei.

- Não temos nada que viole a lei - disse Ren, estimando que as medidas americanas terão um impacto limitado.

De acordo com o The Nikkei, a expectativa é de que o crescimento da Huaiwei arrefeça, mas apenas ligeiramente.

- Não mudaremos nossa gestão porque os EUA estão pedindo, nem aceitaremos vigilância, como fez a ZTE - garantiu Ren, referindo-se a outra companhia chinesa.

Ano passado, a ZTE quase foi à falência quando as companhias americanas foram proibidas de vender componentes vitais. A decisão foi suspensa por Trump em troca de uma multa de US$ 1 bilhão e a supervisão do Departamento de Comércio dos EUA. Olhar digital

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Last modified on Segunda, 20 Mai 2019 10:57